sexta-feira, maio 30, 2008

À espera...de Godot!

No meio da crise, aí está mais uma vez o futebol a dar uma ajudinha aos políticos, fazendo esquecer as agruras por que vamos passando, de vitória em vitória até à derrota final.
A pior coisa que pode acontecer a um político é perder a credibilidade. A pior coisa que pode acontecer a um país é ter que continuar com esse político, por falta de alternativas credíveis. Isto é: os políticos e a política estão de rastos e o país de pantanas.
Julgo que nesta altura já ninguém consegue acreditar em coisa alguma. É um desespero e um desnorte totais.
O que restava do tecido empresarial está a esboroar-se. Até o monstro sagrado do Belmiro parece estar à beira da hecatombe. Dos outros já nem fala a história.
Os candidatos à liderança do maior partido da oposição, pelo menos até ver, dividem-se em relação à forma de intervir na questão levantada com os preços do petróleo.
Um, é de opinião que se devem baixar os impostos que sobre ele incidem, compensando de alguma forma as manobras especulativas, outro opõe-se frontalmente a este tipo de intervenção e o terceiro, mais bem posicionado para assumir a liderança, deixa a sua opinião para mais tarde, isto é, não se quer comprometer com coisa alguma. Será desta opinião e da contrária se necessário for.
Boas perspectivas, como oposição! Para isso, julgo que não valia a pena terem mudado de liderança.
Durante quanto tempo mais, vai o país estar à espera? E à espera de quem? Do quê? De Godot! Do nada!

Etiquetas:

terça-feira, maio 27, 2008

O Recado

Quando era miúdo lembro-me de ir “fazer recados” à minha mãe, como era uso dizer-se aqui por estas bandas onde vim ao mundo. Às vezes também eram designados de mandados.
Fazer um mandado seria, por exemplo, ir comprar um pão à padaria ou levar um recado a alguém conhecido.
Normalmente, eram os miúdos os protagonistas de levar recados ou fazer mandados.
Parece que, hoje em dia, as coisas estão mudadas e são os mais velhos a levar recados ou fazer chegar recados aos mais novos.
Mário Soares largou as pantufas e dirigiu alguns recados à governação socialista deste país atormentado.
Como diria um emigrante, “en vacances”, é necessário ”fazer atenção” à pobreza crescente, ao agravamento das desigualdades sociais e ao descontentamento extravasado das classes médias.
Mário Soares parecia também preocupado com a eventual subida dos partidos de esquerda, o PC e o BE. Julgo que para um homem de esquerda deveria estar mais preocupado com os partidos de direita, mas ele lá saberá.
Não poderia ter havido melhor porta-voz da resposta governamental. Para um Mário só outro Mário. Claro que eram bem vindas as recomendações soaristas mas o governo não estava a dormir e à espera de ser avisado.
Pois é uma pena que o governo não esteja a dormir, porque os estragos seriam naturalmente menores.
Há alguns anos atrás, numa visita ao Rio de Janeiro a bordo dum navio da Armada, ouvia-se dizer que o Brasil crescia de noite, enquanto os políticos dormiam.
Neste país, parece que as únicas coisas que crescem, mesmo quando os políticos dormem, são o desemprego, a criminalidade, e o descontentamento.

Etiquetas:

domingo, maio 25, 2008

O Gangóleo


Eu costumava dizer que, para mim, os combustíveis nunca aumentavam de preço. Metia sempre 2000$00.
Só que com dez euros, hoje, pouco mais dou do que a volta ao quarteirão.
É para andar a pé! Faz bem à saúde! Só que não estou a ver muito bem o que acontecerá aos empresários a terem que pagar os combustíveis aos preços correntes?! Que saúde será a deles dentro em pouco tempo? Se já não estavam bem, como ficarão?
Pior do que isso, acho que a crise que daqui vai resultar apresenta contornos muito estranhos e em tudo semelhantes às que antecederam graves conturbações sociais no mundo, a que só a guerra pôs fim.
Se pensarmos um pouco, entende-se de alguma forma o que está a acontecer. Os países produtores de petróleo têm sido permanentemente atingidos por guerras fratricidas ou impostas do exterior, que os mantêm num estado de permanente insegurança e desassossego.
Dir-se-ia que aquilo que poderia e deveria ser um bem que a todos beneficiaria, acaba sendo como o sal de Sodoma e Gomorra, que a todos lançará nas chamas purificadoras.
Assim sendo, parece que arrastar os causadores e fazedores de guerras nesse lume infernal, acaba por ter o aroma de vitória e de vingança, para quem não tem nada a perder e poderá ter tudo a ganhar.
Há algum tempo manifestei aqui a estranheza de que a zona onde nasceram três das principais religiões da Humanidade nunca tenha tido sossego, sendo palco de instabilidade permanente ao longo de toda a sua História. Umas vezes por isto, outras por aquilo!
Faz-nos pensar que Deus talvez também tenha acções nas gasolineiras.

Etiquetas:

sexta-feira, maio 23, 2008

A Fundação


No âmbito do curso de Agro Bio que frequento, fomos visitar a designada Fundação, que corresponde à Fundação Eugénio de Almeida e que inaugurou, há dias, com a presença do Chefe do Estado, a sua magnificamente gigante e inovadora adega, preparada para poder receber e transformar qualquer coisa como dois milhões de quilogramas de uva.
Mas mais do que apenas uma adega fenomenal, é o facto de a Fundação ter transformado um espaço envelhecido e decrépito, constituído por barracões sem qualquer préstimo, num espaço aprazível com arruamentos, parques e edifícios de traça sóbria e funcional, de pórticos com cantarias de granito e áreas de trabalho amplas, incluindo cais de cargas e descargas. Nas traseiras, a nave imensa da adega, com as suas linhas de produção, armazenamento, engarrafamento e controlo de produção, incluindo laboratório apetrechado com as últimas novidades da tecnologia enológica.
Em frente, estende-se parte dos vinhedos, dividido em talhões de acordo com as variedades e castas em produção, que mais parece um jardim ordenado duma qualquer mansão.
Mais além, uma zona de exploração pecuária, que as condições meteo não permitiram apreciar de perto, onde se recriam e engordam reses para abate.
Foi-nos dada uma visão panorâmica das actividades da Casa, em briefing muito bem conseguido e conduzido por dois jovens colaboradores. As tecnologias das telecomunicações e a informática ao serviço das actividades produtivas e de controlo das operações de campo, que permitem acompanhar e desencadear a distância acções de rega e adubação e verificar em tempo real a existência de avarias ou alteração dos parâmetros pré-estabelecidos, minimizando perdas em tempo e custos de produção.
As técnicas produtivas de protecção integrada ocupam já cerca de 85% das áreas ocupadas com culturas arvenses de sementeira directa e intervenção correctora apenas se necessária, com agentes químicos menos agressivos para o ambiente.
Postos meteorológicos instalados em locais estratégicos permitem dosear as quantidades de água de rega sem desperdícios e de acordo com as necessidades culturais e a humidade dos solos à superfície e a várias profundidades.
O olival é explorado em sistema tradicional para a variedade de azeitona galega e em sistema subterrâneo de regadio “gota a gota” para as outras variedades.
As linhas, tanto do olival como da vinha, são tratadas contra os infestantes com química adequada e os espaços entre elas, relvados pelo corte da erva com equipamento próprio, que espalha os produtos desse corte que se compostam com o tempo e enriquecem a protecção vegetal dos solos, permitindo a deslocação sem atascanços sobre eles de equipamento pesado, mesmo em condições meteo complicadas.
Na vertente pecuária, foram indicados alguns números e técnicas de produção que já levaram o nome da Fundação a pódios de fóruns internacionais, com cavalos lusitanos e reses xarolesas.
Produzem também reses de raças alentejana e cruzada com xarolesa, borregos da raça “merino branco” e porcos de raça alentejana.
Todo o processo produtivo é acompanhado por empresa externa à própria Fundação e às associações de produtores a que está ligada, garantindo, dessa forma, independência dos resultados da apreciação, que servem para o orientar no sentido da qualidade exigida.
Não sendo a Fundação uma empresa que persiga lucros como fim único, necessita destes para dar sequência aos seus programas de apoio a instituições de solidariedade social e participar em projectos conjuntos de investigação, com a Universidade de Évora ou com outras entidades públicas e privadas em sistema de parcerias.
O pessoal do “terreno”, tanto da parte vitivinícola como de adega, encarregou-se de nos mostrar ou explanar em mais pormenor os processos e práticas de produção da vinha e do vinho, que suscitaram dos atentos visitantes perguntas a que não podia faltar o interesse pessoal, ou não se tratasse de produto tanto do seu agrado – o Vinho.
Resumindo a visita, diria que terá sido das melhores safras deste curso e constituiu, sem dúvida, um ponto alto do mesmo.
É pena que o sistema empresarial português não permita mais “fundações”.

Etiquetas:

terça-feira, maio 20, 2008

LC - Memórias em alta


O convívio que nunca foi conseguido em muitos anos de vida activa e, como tal, ocupada com os afazeres que o serviço impunha, acontece agora, reclamando o tempo perdido.
Mensalmente, como numa contagem em que os anos se reduzissem a meses, com a sofreguidão de repor o tempo que não teve para se ocupar com a amizade alicerçada em dureza, privações, anseios, riscos mas também em alegrias partilhadas e companheirismo fraterno, ele materializa-se em estórias contadas à volta duma mesa e dum qualquer repasto conivente.
É o reatar de conversas interrompidas pela vida. É o retomar duma inocência longínqua e duma reconciliação com as memórias litigantes.
O Alentejo foi testemunha comprometida de mais um destes arrumos mensais.
Desancando uns primores da gastronomia local com prazer e parcimónia no beber, as línguas foram-se soltando em torno das preocupações, dos afazeres e de recordações recalcitrantes.
O enquadramento cénico foi dado pelo salão de festas duma sociedade recreativa local. À heterogeneidade de interesses do grupo sobrepôs-se a homogeneidade da amizade e da camaradagem, como numa fotografia em que a luz a mais apaga os contornos e esbate as diferenças.
A temperança reinou e no abraço de despedida já se anuncia o novo reencontro com a memória colectiva do grupo.
Até já!

Etiquetas:

segunda-feira, maio 19, 2008

Os Jogos da Vida

Imagem daqui
As trapaças e tramóias que a vida impõe, remetem-nos para o desconforto da incompreensão e do desalinho aparente entre o certo e o errado, o bom e o mau, o fácil e o difícil.
A vida obriga-nos permanentemente a escolhas, a maioria delas a terem que ser feitas em tempo oportuno, sem elementos de apreciação suficientes. Os erros por isso aparecem como resultados aceitáveis embora, muitas vezes, de consequências desastrosas.
Os contornos entre o bom e o mau são traçados com canetas de bicos tortos e mal afiados e com tinta cinzenta, confundindo e comprometendo as opções.
As tarefas que se nos põem de fácil maneio, acontecem por vezes de difícil execução, mau grado o traquejo que delas possamos ter.
Talvez por tudo isso haja necessidade de justificar o que não entendemos e se nos escapa, como arte divina ou infernal, desculpando assim a nossa ignorância e falta de atento para o mundano que nos cerca e nos sufoca.
Morrer é um dos aspectos da vida que nos assusta pelo desconhecido, pela impossibilidade de experimentação prévia, pelo desconforto do frio eterno.
Aparece, às vezes, como ponto final abrupto duma vida promissora, termo desejado dum estado de sofrimento continuado ou simplesmente como epílogo duma vida preenchida.
Em qualquer dos casos é o encerramento e arquivo dum dossier repleto de coisas conseguidas, de desejos satisfeitos, de sonhos concretizados, de caminhos percorridos a par de outros tantos por concluir, por arrumar e sobretudo por entender.
Manuel de Oliveira aparece-nos como um caso que foge completamente ao nosso entendimento, quando aos cem anos se impõe, a si mesmo, projectos a realizar nos próximos anos.
É uma espécie de desafio ou, se quisermos, uma forma diferente de jogar estes jogos da vida!

Etiquetas:

quinta-feira, maio 15, 2008

Um gesto em desuso


O e-Mail que suportava esta foto classificava-a como a Melhor Foto do Ano, não sei por quem, nem em que ano.
Pode até haver melhores do ponto de vista técnico e até temático, mas o momento, no caso de não ser montagem, foi extraordinário e a sorte de dispor duma câmara fotográfica para o registar, indescritível.
A acreditar que só nós, humanos, dispomos de alma, não se pode entender o retratado nesta fotografia como um gesto, mas podemos dar-lhe esse significado.
E a ser assim, só um gesto de amor implica tamanha acrobacia e empenhamento. Não costuma ser partilhado por terceiros, mas não podemos esquecer que os grandes amores sempre empolgaram multidões. Atentemos por exemplo nos amores de D.Pedro e Inês de Castro e nas histórias de amor imortalizadas por Shakespeare e por tantos escritores e dramaturgos.
Esta foto aparece, pois, como um doce gesto de ternura e amor que faz subir o sangue à cabeça e derrama os sentimentos sobre o objecto desse amor na forma de uma singela flor.
Saído da pena de Camões não seria mais "gentil",este gesto.

Etiquetas:

quarta-feira, maio 14, 2008

A Super-Moldagem

Imagem daqui


A moldagem pode ser um processo de reprodução de peças ou objectos que lhes garante a mesma forma, através do molde ou forma. Não garante no entanto que o objecto moldado tenha as mesmas características físico-químicas do original, dependendo do material utilizado para lhe dar a forma.
Pode ainda ser uma técnica de enxertia e poda de plantas que reproduz nelas a forma e mesmo a maioria das características da planta de enxerto.
A moldagem quando aplicada à sociedade pode dar como resultado claques do tipo futebolístico ou cliques políticas ou religiosas, reproduzindo comportamentos copiados de figurinos conhecidos ou pré-concebidos.
Em todas estas abordagens existe uma vontade de fazer igual ou tão parecido quanto possível. Padronizar, massificar são consequências de processos deste género.
A clonagem aparece nesta sequência como o fim para que tendem todas as moldagens, tornando a similitude completa, total.
Se a moldagem já levantava alguns problemas quando aplicada aos comportamentos, a clonagem veio levantar outros maiores e mais graves, ao acabar com a individualidade dos seres vivos, pois só a eles se aplica, tornando-os números dum universo monotonamente repetitivo.
Os seres vivos podem agora ser produzidos em linhas de montagem como se de objectos se tratasse.
As expectativas podem ser enormes em termos de qualidade do produto final, se a cópia ou molde for conseguido a partir dum original perfeito, tão mais perfeito quanto a possibilidade, já existente, de manipulação genética.
Mas, e em tudo há sempre um mas, quais serão os critérios de escolha no futuro se os seres vivos forem todos iguais? E os de beleza? E os comportamentais?
Irá haver apenas um clube, um partido, uma religião? Uma só doença? Todos do mesmo sexo? E qual? E os concursos de beleza? E os programas de televisão? E já agora, os vencimentos? Serão todos patrões ou todos empregados?
Ou, existirão linhas de montagem diferentes?

Haverão sempre uns mais iguais do que os outros!

Etiquetas:

segunda-feira, maio 12, 2008

Fado Ouvido

Etiquetas:

Fado Sentido


As crises costumam trazer gente para os transportes públicos, que se aproveitam da mesma para limpar a ramela acumulada ao longo do tempo, sem grandes esperanças de mudança. Não será sina, mas é certamente sorte macaca.
Pois bem, parece-me, mas posso estar enganado, que desta vez nem os transportes públicos estarão a beneficiar da dita, face àquilo que me foi possível observar numa ida rápida a Lisboa.
Não tive problema de filas para chegar aos barcos da TT nem dificuldade em arranjar lugar no parque. Em Lisboa o Metro, em hora quase de ponta, não obrigava aos empurrões, tão do gosto dos carteiristas e dos “apalpadores de cus”.
Estou em crer que maior parte dos lisboetas está de “férias grandes”.
Será fruto da revolução tecnológica em curso? Serão as “máquinas inteligentes” distribuídas pelo governo que começam a dar o seu contributo decisivo para “aliviar” os transportes públicos, pondo as pessoas a “trabalhar” em casa?
Mas a baixa lisboeta estava cheia de turistas. Grandes, velhos e mal vestidos. À procura dum Verão prometido que não encontraram e tiritando de frio. Falando línguas esquisitas, que bem poderiam ser nórdicas como do leste.
Na Rua Augusta, os eternos índios andinos, tocavam as suas músicas bonitas embora já gastas pelas inúmeras apresentações em público, ali, nas feiras ou nas praias. Não sei se ainda são os mesmos ou se já serão os netos dos que primeiro descobriram esta mina lusitana.
De qualquer forma, apesar de gostar muito do sítio que escolhi para passar a maior parte do meu tempo, é sempre um prazer redescobrir Lisboa, agora com o olhar transtagano mais exigente em termos de procura, vasculhando os recônditos da sua alma ribeirinha, empoleirada sobre o Tejo.
Mais do que ouvi-lo, gosto de lhe sentir o fado!

Etiquetas:

quinta-feira, maio 08, 2008

Hoje, há caracóis!


Hoje há caracóis!
Mas podia haver passarinhos, pernas de rã, miúdos de galinha…
Não é à porta duma tasca ou dum restaurante. E daí, até talvez seja. Só que não se vê! E o que se vê é o edifício magnífico dos BVE. Era mais natural que dissesse que havia ambulâncias disponíveis ou um piquete de serviço ou uma equipa de espeleologia ou de mergulhadores ou de primeiros socorros em Stand-by. Mas não! O que havia, o que há, são caracóis!
Mas ficamos na dúvida se serão caracoletas grelhadas na chapa “con su ranho” ou caracóis, dos pequenos, cozinhados com orégãos, com aquele molhinho bom com que se enchem as cascas vazias e se sorve fazendo uma barulheira do caraças e acompanhado de metades de paposeco torrado com manteiga.
Outra coisa que não esclarece é quanto custa o pratinho, a dúzia, o quarteirão…
O cartaz publicitário também não tinha a designação de origem: de Marrocos, do Algarve ou da Suiça. Da Suiça seriam “escargots” e não caracóis. Provavelmente são alentejanos e apanhados nos rescaldos dos incêndios.
Como há ambulâncias medicalizadas, também poderá havê-las caracolizadas. Isso quererá dizer que se deslocam à velocidade dos caracóis ou que servem estes moluscos gastrópodes, tão ricos em ferro, durante o transporte de doentes?
Presumo que seja mais esta última, inserida numa Política de Saúde mais abrangente que recomenda a ingestão de caracóis, em substituição de carne ou peixe que fazem subir o colesterol e o ácido úrico e defraudam de forma irreparável a bolsa dos portugueses, já de si tão maltratada.
Aceite a recomendação dos BVE e tenha uma saúde de ferro.
Hoje houve caracóis!

Etiquetas:

quarta-feira, maio 07, 2008

O País dos Suspensórios


Dizia um professor dos meus primórdios que as palavras são os suspensórios das ideias. Não havendo palavras adequadas, as ideias ficam coxas, marrecas, quebradas.
Pior do que isso, porém, é não haver ideias, pois não há palavras que nos valham.
Neste momento, julgo que os políticos já gastaram os arranjos possíveis de palavras para sustentar as mesmas ideias fedorentas com que tentam convencer-nos da necessidade destes sacrifícios a que nos sujeitam, há que tempos.
O matraquear permanente sobre o tema a propósito de tudo e de nada, especialmente nada, é confrangedor.
Não me lembro deste país sem estar em crise e de não nos serem pedidos sacrifícios. Primeiro por causa da guerra que acabara, depois por causa da guerra que começara, a seguir por causa da herança deixada, depois da globalidade e dependência da nossa economia, por causa da crise energética e crise do dólar. Por…eu sei lá que artimanhas, tão gastas quanto as palavras que as sustentam.
Se algum dia houver quem tenha a ideia inovadora de nos fazer crer que já ultrapassámos as dificuldades e somos iguais aos outros e a nós mesmos, penso que estaremos muito perto da demência colectiva e do nosso fim como nação.
O nosso genoma não consente tamanha manipulação. Nascemos para não ter mais ideias e apenas palavrear sobre as poucas que nos foram transmitidas geneticamente.
Um país e um povo de suspensórios!

Etiquetas:

segunda-feira, maio 05, 2008

Das duas, três

- Ou há crise a nível mundial e é uma gaita, pois vamos ter que esperar algum tempo até que ela passe!
- Ou há crise só cá no burgo e não faz mal porque já estamos habituados!
- Ou, e isso é que é uma merda, existe apenas uma pseudo-crise, alimentada por especuladores, branqueadores de acções políticas negras, cinzentas ou mesmo cor-de-rosa, porque essas nunca sabemos como começam, quando acabam e o que nos espera a seguir!

Etiquetas:

domingo, maio 04, 2008

O Preço do Dinheiro


Julgo que se enganam aqueles que pensam que o aumento do custo dos cereais terá como pano de fundo e responsáveis primeiros a China e a Índia, economias emergentes que se transformaram de consumidores modestos em consumidores imoderados deste tipo de alimentos.
Diria que terão passado, a haver alguma alteração comportamental em relação ao seu tipo de alimentação, de consumidores compelidos a consumidores moderados do arroz, base estrutural e ancestral da sua alimentação, por inclusão de outro tipo de alimentos na sua dieta.
A eventual inclusão de carne, proveniente de animais alimentados com rações pode ter aumentado o consumo de alguns cereais, bem como o consumo de bebidas maltadas, tanto do agrado do novo-riquismo.
Tudo isto, porém, não parece suficiente para justificar a falta que se vem sentindo nos mercados deste tipo de produtos e consequente aumento de preços, parecendo mais obra de especuladores e de alquimia política, substituindo o ouro negro pelos cereais travestidos de biodiesel ou biomassa.
As manobras que estão por trás disto, terão muito que ver com a busca de soluções alternativas à crise energética e à baixa do dólar americano, procurando novas paridades menos afectadas pela ira islâmica, não se importando de, com isso, condenarem à fome milhões de pessoas em todo o mundo dependentes totalmente dos cereais para sobreviver. Não me admiraria ver a paridade do dólar ser procurada em futuro próximo, através da cotação da água na bolsa de valores ou mercadorias.

Acautele-se, pois, a calote polar.

Etiquetas: