quarta-feira, dezembro 31, 2008

Holocausto ou Otsuacoloh

Contra uma fisga…mísseis marchar, marchar!
O novo interlúdio de “Um Violino no Telhado”.

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terça-feira, dezembro 30, 2008

No Reino da Conquilha!

Não sei quem está certo nem tão pouco isso interessa. Será o Presidente ou a Assembleia e o Governo?
Uma coisa é certa. Perdeu a democracia pela guerrilha institucional, perdeu o Presidente porque veio falar duas vezes sobre este assunto e nunca o ouvi falar especialmente sobre a crise e os apoios concedidos à banca privada em detrimento das pequenas e médias empresas e dos trabalhadores que ficaram no desemprego ou com salários em atraso.
Não há braço de ferro diz o governo, há crispação institucional diz o presidente.
Em que ficamos? Com quem ficamos? Como ficamos?
Como se diz aqui no Alentejo, de costas “voltas”(leia-se vôltas) a uns e outros, de costas “voltas” para tudo o que cheire a política e a políticos, o que só lhes dá vantagem, já que a maioria dos que poderiam fazer mudar as coisas, está cada vez mais desinteressada de todo este processo eleitoral que já se vai jogando, de forma mais ou menos suja, com uns meses de antecedência.
Ainda não faz muito tempo, foi o Manuel, agora terá sido o Aníbal. O primeiro apelou à esquerda, o segundo vem tentar arregimentar a direita. Curiosamente todos, aparentemente, contra o PS e o Governo.
Será que sim?
Também interessa pouco, isso!
O que interessa é que quem se vai lixando é sempre o mexilhão ou a conquilha, para não cair num cliché!

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domingo, dezembro 28, 2008

Espero...

Espero bem. Espero bem que o que vejo agora na TV, não seja o que mais temo, não por mim que já estou na recta final, mas por aqueles que ainda têm uma esperança de futuro.
Espero bem, que neste dealbar dum novo ano, com mudanças anunciadas na orientação da política externa americana, não estejamos a assistir a um “pressing” dos “patrões da guerra”, via Israel, para retomar a corrida armamentista, reactivando a indústria de guerra norte americana e assim tentar reabilitar a sua débil economia.
Espero bem que não tenham sido em vão os votos dos americanos nas últimas eleições presidenciais, que essencialmente repudiaram a política de agressão e de mentira da actual liderança do país, que conduziu a este caos em todo o mundo.
Espero bem que seja apenas imaginação minha e nada mais.

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sábado, dezembro 27, 2008

Companheiros de jornada

Começa a não ser vulgar partilhar com a mesma pessoa uma tão longa e às vezes atribulada jornada – 44 anos.
É obra, carago!
Só por si, já merecia um apontamento, como efeméride. Mas significa para mim muito mais do que isso.
Significa, não saber muito bem onde um começa e o outro acaba. Como um dia ouvi dizer a propósito de outra realidade – um ter dores de cabeça e o outro tomar as aspirinas.
Significa, ser capaz de se empolgar na acção ainda que com pontos de vista diferentes, se estiver em causa a defesa de valores comuns importantes – a família como um todo, ainda que num pretérito imperfeito composto ou num futuro condicional.
A história constrói-se todos os dias na esperança de que algum dia seja contada. A vida em comum também espera que alguém se lembre um dia de a contar com o orgulho de quem a conheceu por dentro ou somente dela ouviu falar.
Não serve de exemplo para ninguém, porque as vidas são construídas e vividas por pessoas todas diferentes, com percursos cada vez mais imprevisíveis, com escolhos maiores e menos assinalados, com horizontes mais nublados, com ventos de borrasca em cada bordo.
Viver é já de si uma aventura. Arrastar nela outra pessoa é arriscar a dobrar.
Só perto do termo da viagem se dá apreço às dificuldades vencidas, se faz balanço dos estragos causados e se agradece o facto de termos vivido o suficiente para nos regozijarmos com a partilha, nos orgulharmos de termos resistido às várias tormentas, enfrentando agora o rescaldo com a serenidade do dever cumprido.
Obrigado a ti e à vida!

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quarta-feira, dezembro 24, 2008

Bolinando...à boleia

Do Blog (h)ortografias do meu amigo António Saias, não resisto a transcrever a sua mensagem natalícia, que subscrevo e endosso.

QUE O MENINO Jesus te ponha
Pelo Natal no sapatinho
Uma arroba de vergonha
De sem-ela um alqueirinho

Paz alegria saúde
Tudo muito arrumadinho
De honestidade um almude
De malícia um pucarinho

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quarta-feira, dezembro 17, 2008

Oh!Oh!Oh!

Para quem não gosta especialmente desta quadra, gasto dinheiro a mais. É estranha a forma como as pessoas se deixam levar, mesmo em tempo de crise, por estas balelas das prendas natalícias.
De facto, comemorar o Natal deveria ter pouco com receber e muito mais com o dar. E dar sobretudo aquilo que nos é mais caro - a solidariedade.
Mas já que poupamos nela, gostamos de nos alambazar com as outras – as tais que nos fazem sair dos orçamentos e do siso.
Os centros comerciais regurgitam de gente como bazares persas. Só lhes falta o regatear dos preços, que aqui não existe por falta de tempo.
É uma correria desatada. Uns sobem enquanto outros descem, num empate grotesco que gera equilíbrios desejados. Se todos subissem ou todos descessem adivinhem a confusão.
Faz lembrar uma montanha russa, mas também aí lhe faltam os gritinhos de excitação ou de medo mal disfarçado.
Gente carregada de embrulhos, que não está feliz. Pelo menos não há risos ou um sorriso que seja. Só esgares de cansaço e de sacrifício. Por causa da carteira ou dos sapatos apertados. Também do trabalho extra não remunerado, já que a maioria chega dos empregos a correr, faz dois corredores de lojas em meia hora, come uma sopa lavada, faz mais dois corredores e regressa ao emprego.
A música irritante do White Christmas ou do Jingle Bells, repetida em cada esquina, em cada loja, em cada embrulho.
Uf! Que grande invenção esta do Natal do velho barbudo!

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segunda-feira, dezembro 15, 2008

Esquerdo, direito, um, dois...


Com o rufar dos tambores, há que acertar o passo.
Nestas coisas de passo certo, existem sempre os que não atinam.
Lembro-me do instrutor de infantaria perder a cabeça com o Quintino, porque não conseguia nunca manter o passo certo com o dos camaradas ou balançar os braços alternadamente com o movimento das pernas. Dislexia diziam uns, falta de coordenação motora outros, indisciplina interior digo eu.
O que quer que seja, nasce connosco e muito dificilmente conseguimos ultrapassar a não ser à custa dum esforço enorme que nem todos estão dispostos a despender.
Por outro lado, a dislexia política é bastante frequente, mas não apresenta sempre a mesma sintomatologia. Há quem não saiba muito bem qual a sua mão direita e quem não distinga o braço esquerdo do extremo esquerdo.
Mas existem aqueles que, como o Quintino, não conseguem alinhar só por alinhar, manter uma cadência ordenada por tambor ou por voz autoritária de comando.
Quantas vezes o Quintino virava à esquerda quando a voz de direita volver se fazia ecoar?!
Também é verdade que às vezes acertava. Mas era preciso um esforço enorme e uma atenção que nem sempre estava disposto a dedicar ao acto.
Voltando à política, não me parece que a divisória e a distinção devam ser feitas pelo modo como se alinham no hemiciclo da Assembleia, mas pela maneira como defendem os interesses e os valores dos que os elegem e de quem devem ser representantes.
Assim, aqueles que mentem com todos os dentes que têm na boca, que impõem o rufar dos tambores da disciplina partidária, esquecendo compromissos assumidos, que fazem do poder uma promiscuidade de interesses económicos e políticos, esses não têm nome nem se situam à direita ou à esquerda, mas por baixo da ética, para não falar já dos que transpõem o patamar da legalidade.
Do meu ponto de vista, criar um novo partido só para ganhar o poder ou para roubar o poder a quem o detém, é quase tão mau como o que hoje temos.
Entendo que a luta deve ser levada a cabo dentro dos partidos existentes, tentando expurgar deles o que não presta e desacredita a classe política e põe seriamente em risco a democracia parlamentar, abrindo portas a aventuras desesperadas de gente cada vez mais desesperada.
A crise em Portugal não é passageira, porque não é conjuntural. A crise em Portugal é estrutural porque resulta incapacidade para nos organizarmos mental e politicamente em termos honestos, traçando linhas claras de orientação e reformulação de processos, de definição explícita das metas a atingir e de tudo fazer para que as mesmas sejam atingidas em tempo oportuno e sem desvios significativos.
Enquanto a Política for considerada como no tempo de Bordalo Pinheiro, não existem esquerdas nem direitas que lhe valham.

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sábado, dezembro 13, 2008

O Cantinho dos Artistas

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sexta-feira, dezembro 12, 2008

Cravos Desbotados


Hoje recebi, por mail, um vídeo de um inquérito de rua sobre a história mais recente deste país.
Senti-me corar dos pés à cabeça com vergonha da quase totalidade das respostas a perguntas sobre factos e entidades.
Atingimos um ponto de analfabetismo histórico e político nunca antes imaginado. É de facto uma tristeza convivermos com esta falta de memória colectiva. E é preocupante em termos de futuro na medida em que demonstra a falta de interesse por aquilo que nos ergue como povo e como nação há já quase um milénio.
É quase insultuoso para as famílias daqueles que pagaram com a vida a resistência à ditadura salazarista, ouvirem algumas das respostas.
Defendo de há muito que as escolas de hoje, em oposição a alguns opinadores saudosistas, são melhores por razões de ordem vária: os alunos estão na escola com prazer, os professores estão mais bem apetrechados tecnicamente para ensinar, os conteúdos programáticos não apelam tanto à memória, existe uma diversidade de meios de apoio tecnológico ao ensino que o torna mais apelativo e a aprendizagem mais amigável.
Mas não lhes perdoo falhas desta natureza. Que não enquadrem historicamente os alunos e futuros cidadãos deste país. Que os não façam amar este país e ter orgulho na partilha dos seus valores como nação. E para isso teriam que ser exaltados os que deram rosto à liberdade que hoje podemos desfrutar e que ainda nos vai permitindo emitir este tipo de opiniões.
Os pilares da democracia deveriam ser a nova tabuada escolar, sabidos na ponta da língua de trás para a frente. Julgo que os professores entendem melhor isso hoje do que nunca.
Exaltem-se os famosos de Quarenta mas que não sejam esquecidos os generosos rebeldes de Setenta e Quatro.

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....eis a questão!

Não gosto de alinhamentos, nem políticos nem outros, que me obriguem a obediências cegas, a trilhos batidos, a regras de ocasião, a balir ou a uivar por apito.
Parece uma incongruência para quem foi militar, mas não é. De facto, as regras ou regulamentos militares não são de ocasião e são para cumprir por todos. Assentam em princípios e não são só meios para alcançar determinados fins. Regem toda a vida dos militares e não somente os aspectos ligados ao seu desempenho profissional. São uma teia que os liga e amarra a conceitos interiorizados de lealdade, camaradagem, justiça e estoicismo que pode mesmo levar ao sacrifício da própria vida.
Todos os alinhamentos que se estabeleçam que não visem criar laços deste tipo, estão votados à rotura ou a manterem-se sob coacção.
Um poder estabelecido, numa democracia parlamentar, que não consegue dialogar quando necessário, que não tem a noção do limite da força a utilizar, mesmo se legitimado por uma maioria absoluta, acaba por defraudar os valores morais,sociais e políticos, de que está investido, e abre a porta a tendências autoritaristas.
Liga-se a televisão e em todos os canais, nos noticiários ou programas de informação, está generalizada a contestação às medidas do governo, sejam elas de que natureza forem.
Porquê, perguntar-se-á. Resposta simples – falta de credibilidade do poder executivo. Apanhado numa série de incoerências e contradições, tem dificuldade em conseguir passar a mensagem. Resta-lhe impor a vontade, uma vez que desfruta de maioria absoluta no Parlamento.
Custa acreditar que o suporte parlamentar do partido do governo sancione sistematicamente medidas que se contrapõem, à partida, à doutrina política do próprio partido, transformando-o ideologicamente numa manta de retalhos, sem jeito nem medida.
Pode governar-se sem apoio do eleitorado, mas não se pode governar contra o eleitorado.
As coisas complicam-se quando às dificuldades estruturais se juntam as dificuldades conjunturais.
É bom que, quem tem por obrigação governar-nos bem, não descure a tarefa e trate de o fazer enquanto pode e os eleitores deixarem.

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terça-feira, dezembro 09, 2008

Vaga Lume


Até há muito pouco tempo só me preocupava com as condições atmosféricas na medida em que elas me impunham uma determinada forma de vestir, me incomodavam ou me apraziam.
Hoje, tenho delas uma visão um pouco diferente que me faz sorrir ou acentuar as rugas da testa, que assenta na forma como vou organizar o”meu dia de trabalho”, ou de como o tempo que vai fazendo influencia de modo favorável ou não as minhas expectativas de “produção” – horto frutícolas e de jardinagem.
Sei hoje que, com a ventania que está, seria um óptimo dia de pombos nos locais onde se encontrarem e houver possibilidade de os caçar. Sei também que este vento retira a humidade que os últimos dias colocaram no solo e que, a continuar assim, me vai impor uma rega a curto prazo no jardim e no nabal. Também, provavelmente, estas rabanadas de vento são capazes de partir ou esgalhar algumas árvores de enfeite, como o pinheiro nórdico e a jovem falsa pimenteira.
Tudo isto, no entanto, vai enchendo o meu dia a dia, na contemplação das coisas simples e boas que a Natureza e a Vida nos vão oferecendo. Um luxo nos tempos que correm. Sobretudo porque, para a maioria das pessoas, eles correm depressa demais, não lhes dando tempo a contemplações que são apanágio exclusivo dos afortunados ou daqueles que nada fazem.
Puro engano!
Se deitarmos um olhar inquiridor sobre aquilo que nos rodeia, iremos certamente encontrar alguma coisa boa, que nos escapa se o não fizermos.
Mesmo na noite mais escura há que procurar um pirilampo que nos alegre e apazigue, sob risco de não mais vermos o nascer do sol que nos alumie e aqueça.

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segunda-feira, dezembro 08, 2008

12.000 Refregas

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sábado, dezembro 06, 2008

Natal de Paixão

A quadra que se avizinha ou que se vive já, está ela também em crise.
Celebrar o nascimento de Cristo, deixou de ser uma festa intimista e familiar, para se tornar um palco de vaidades, feira de ilusões, festa de desperdícios.
Os valores ora exaltados são a cobiça, a inveja, o despesismo, a vacuidade feita oferta em embrulhos reluzentes, desprovidos de conteúdo humano e solidário.
Em nome da crise produzimos mais e maior crise com despedimentos diários, com redução de efectivos ou de laboração, que mais não significam do que Natais estragados, adiados ou nunca mais festejados.
Em vez de Natal de paz fraterna, teremos certamente Natal de lutas: contra o autismo autoritário, contra o socialismo de cátedra, contra a falta de solidariedade social e humana.
O Menino Jesus substituído pelo avô cantigas do Pai Natal, deixou de ser ingénuo e puro para se tornar velho e manhoso.
Deixou de se celebrar a vida para se anunciar a morte. Se o nascimento merece arauto, já a morte sugere carpideiras.
Parece-me que calendário litúrgico se avançou no tempo e trocou o Natal pela Quaresma.

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quarta-feira, dezembro 03, 2008

O Nome das Coisas

Nas minhas novas lides de burguês proletarizado por necessidade de ir ocupando e rentabilizando o meu tempo livre de reformado, deparei-me com a necessidade de usar uma chave de caixa ou de tubo – uns dizem duma maneira, outros respondem noutra.
Necessitava de separar a coronha da minha espingarda do cano para lhe trocar duas anilhas que permitem dar inclinação apropriada à arma, por ocasião do apontar a mesma.
Coisas de engenheiros e de ergonomistas para a gente continuar a falhar os tiros, atirando as culpas para a espingarda.
Ao tentar usar a chave 12/13, verifiquei que era muito curta, não permitindo a sua utilização, dentro da coronha, sem uma extensão.
Falei nisso aos meus amigos entendidos e disseram-me que havia uma geringonça própria à venda nas casas da especialidade.
Na primeira oportunidade, entrei numa loja, minha conhecida dos meus tempos de menino e moço, agora alterada profundamente e transformada num espaço próprio dos tempos que correm, com exposição de ferramentas e equipamentos, em que os pregos e os parafusos são apresentados em grandes tulhas transparentes, mais para enfeitar do que para serem objectos de venda.
Lá expliquei a um empregado novito o que me levava ali e o moço perguntou-me se queria um encavador de 5/8 ou 7/8 de polegada?
Fiquei apreensivo, porque a conversa não me estava a agradar muito ou eu não estava de todo a perceber o que o eficaz vendedor me propunha! Encavador de não sei quantos oitavos de polegada?
Em vista da minha indecisão o rapaz dirigiu-se a uma estante e retirou a tão desejada extensão por mim pretendida, que dá pelo nome de encavador, e lá me explicou que não existe um tamanho único. Que era preciso saber qual o tipo de chave para se poder escolher o dito cujo a condizer e apropriado.
Fez-me lembrar uma estória passada a bordo duma LFG na Guiné comandada por um camarada já falecido.
A lancha tinha a bordo um contratado civil dos Serviços da Marinha naquele território, para servir as refeições aos oficiais do navio e tratar da roupa. O seu nome era João, mas toda a gente o tratava por Joãozinho, porque era pequeno e tinha uma falinha fininha, pelo menos quando falava com o Comandante.
Um dia em que fui a bordo do navio, em Ganturé, o Comandante chamou o Joãozinho e ordenou-lhe que me dissesse qual era a sua categoria profissional, ao que o Joãozinho, mostrando de imediato o seu cartão passado pela entidade patronal, a Marinha, disse com a sua voz fininha: - “Alisador de 1ª”.
Não tenho cura! Isto de nomes não é nem nunca foi de todo a minha especialidade!

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