sexta-feira, dezembro 12, 2008

....eis a questão!

Não gosto de alinhamentos, nem políticos nem outros, que me obriguem a obediências cegas, a trilhos batidos, a regras de ocasião, a balir ou a uivar por apito.
Parece uma incongruência para quem foi militar, mas não é. De facto, as regras ou regulamentos militares não são de ocasião e são para cumprir por todos. Assentam em princípios e não são só meios para alcançar determinados fins. Regem toda a vida dos militares e não somente os aspectos ligados ao seu desempenho profissional. São uma teia que os liga e amarra a conceitos interiorizados de lealdade, camaradagem, justiça e estoicismo que pode mesmo levar ao sacrifício da própria vida.
Todos os alinhamentos que se estabeleçam que não visem criar laços deste tipo, estão votados à rotura ou a manterem-se sob coacção.
Um poder estabelecido, numa democracia parlamentar, que não consegue dialogar quando necessário, que não tem a noção do limite da força a utilizar, mesmo se legitimado por uma maioria absoluta, acaba por defraudar os valores morais,sociais e políticos, de que está investido, e abre a porta a tendências autoritaristas.
Liga-se a televisão e em todos os canais, nos noticiários ou programas de informação, está generalizada a contestação às medidas do governo, sejam elas de que natureza forem.
Porquê, perguntar-se-á. Resposta simples – falta de credibilidade do poder executivo. Apanhado numa série de incoerências e contradições, tem dificuldade em conseguir passar a mensagem. Resta-lhe impor a vontade, uma vez que desfruta de maioria absoluta no Parlamento.
Custa acreditar que o suporte parlamentar do partido do governo sancione sistematicamente medidas que se contrapõem, à partida, à doutrina política do próprio partido, transformando-o ideologicamente numa manta de retalhos, sem jeito nem medida.
Pode governar-se sem apoio do eleitorado, mas não se pode governar contra o eleitorado.
As coisas complicam-se quando às dificuldades estruturais se juntam as dificuldades conjunturais.
É bom que, quem tem por obrigação governar-nos bem, não descure a tarefa e trate de o fazer enquanto pode e os eleitores deixarem.

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