sábado, dezembro 27, 2008

Companheiros de jornada

Começa a não ser vulgar partilhar com a mesma pessoa uma tão longa e às vezes atribulada jornada – 44 anos.
É obra, carago!
Só por si, já merecia um apontamento, como efeméride. Mas significa para mim muito mais do que isso.
Significa, não saber muito bem onde um começa e o outro acaba. Como um dia ouvi dizer a propósito de outra realidade – um ter dores de cabeça e o outro tomar as aspirinas.
Significa, ser capaz de se empolgar na acção ainda que com pontos de vista diferentes, se estiver em causa a defesa de valores comuns importantes – a família como um todo, ainda que num pretérito imperfeito composto ou num futuro condicional.
A história constrói-se todos os dias na esperança de que algum dia seja contada. A vida em comum também espera que alguém se lembre um dia de a contar com o orgulho de quem a conheceu por dentro ou somente dela ouviu falar.
Não serve de exemplo para ninguém, porque as vidas são construídas e vividas por pessoas todas diferentes, com percursos cada vez mais imprevisíveis, com escolhos maiores e menos assinalados, com horizontes mais nublados, com ventos de borrasca em cada bordo.
Viver é já de si uma aventura. Arrastar nela outra pessoa é arriscar a dobrar.
Só perto do termo da viagem se dá apreço às dificuldades vencidas, se faz balanço dos estragos causados e se agradece o facto de termos vivido o suficiente para nos regozijarmos com a partilha, nos orgulharmos de termos resistido às várias tormentas, enfrentando agora o rescaldo com a serenidade do dever cumprido.
Obrigado a ti e à vida!

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2 Comments:

Blogger platero said...

parabens por mais um belíssimo trabalho. Não só literário como sociológico, antropológico

abraço

28/12/08 11:52  
Blogger JR said...

É o tema que atrai!
Abraço

28/12/08 20:16  

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