segunda-feira, fevereiro 23, 2009

Brincando com as "Brincas"


Ontem, levantei um "oratório", para as exéquias do Nabo, em dia de domingo gordo em vez da quarta-feira de cinzas, como ordena a tradição.
Nesse altar de oferendas, uma oração rezava assim:

Entrou em crise o Zé Nabo
Zé Povinho já a tinha
Assim, ao fim e ao cabo,
Ela chegou à Igrejinha


Em pleno domingo gordo
Zé Nabo é enterrado
O Entrudo já está morto
Ainda mal começado

RIP

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sexta-feira, fevereiro 20, 2009

Enterro do Nabo


As tradições carnavalescas variam de país para país e, por vezes, de local para local dentro do mesmo país.
O País do Carnaval, o Brasil, celebra esta efeméride de forma diferenciada, entre o esplendor turístico-emblemático das escolas de samba do Rio e o fulgor genuíno do trio eléctrico, dos blocos e cordões carnavalescos, carregados de cultura centenária e negritude, de Salvador.
No Alentejo, na região de Évora, as brincas carnavalescas rurais assumindo a forma de teatro popular de rua ou as antigas trupes, animavam com a sua música basista produzida por instrumentos artesanais como as roncas, castanholas, gaitas-de-beiços, caixas e pandeiretas, incorporando algumas vezes uma concertina ou um saxofone, dando vida à festa.
Mais tarde e já com fins turístico promocionais apareceram alguns cortejos ou corsos carnavalescos, utilizando veículos enfeitados e alegóricos, com críticas políticas ou alusões a escândalos públicos conhecidos.
Em Ponta Delgada comemora-se ainda a terça-feira de Carnaval com a famosa batalha de limas, que costuma deixar alguns olhos negros pelo caminho e a avenida marginal repleta de cera.
Alguns destes cortejos foram-se perdendo entre o desinteresse e as falências.
O enterro do carnaval é comemorado, também de forma diferente, na quarta-feira de cinzas.
Nesta área geográfica, a nível de aldeia, é-lhe dado o nome de “enterro do nabo”, representado falicamente por um rábano de dimensões exageradamente grandes, “implantado” na braguilha do “defunto carnaval”, à imagem do Homem, esparramado numa carreta funerária.
O cortejo fúnebre, encabeçado pelo “bispo”, ronda a aldeia num percurso de despedida da folia, com paragem obrigatória onde existam altares ou oráculos, devidamente assinalados, com “oferendas divinais”. Aí será rezada uma missa de corpo presente, tantas vezes quantos os altares.
Não seria a primeira vez que os promotores e actores deste cortejo, se perdessem do propósito de enterrar o dito nabo, em seara alheia, quedando-se pelo meio do caminho entre encalhes e bebedeiras.
Este ano, caso insólito nesta aldeia, o enterro do nabo, ou seja do Carnaval, é realizado na data em que seria suposto começar – Domingo Gordo, talvez por causa das vacas magras ou pela simples razão de que não existem grandes motivos para brincar ao carnaval.
Carnaval, que aparece pela primeira vez desde o 25 de Abril de 1974, pintado com a tinta negra de censura.

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terça-feira, fevereiro 17, 2009

Tropelias carnavalescas ou loucuras de primavera antecipada

No beiral do prédio vizinho, há ninhos antigos de andorinha. Nos ninhos, há promiscuidade de pardais e andorinhas recém-chegadas. Uns proclamam abandono, outras reclamam pertença hereditária.
A confusão instalou-se nos ninhos do beiral. Pardais sacaninhas mascarados de andorinha, desfilam neste carnaval do beiral do prédio vizinho.

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quinta-feira, fevereiro 12, 2009

Finalmente o Sol

Imagem daqui

Radioso sobre um céu azul como a alma dum nortenho, reflectindo, nas poças da chuva recente, cambiantes de verde e amarelo, num festival de luz e cor.
Os raios inclinados do Sol têm música saudando a chegada das primeiras andorinhas, têm ritmo e movimento das máquinas sangrando a planura encharcada, no preparo da terra para as culturas de Primavera.
Carraceiros e bibes ondulando por cima dos tractores, enfeitando a faina, na busca de minhocas e outros vermes expostos na arada.
As caras se abrindo como que saídas dum pesadelo de névoas e sombras, de tumbas e círios, do crocitar de corvos e gralhas.
A mão em concha sobreciliar protegendo da crueza da luz o cristalino, buscando horizontes mais largos, a esperança longínqua.
A vida retempera-se da dormência a que foi obrigada e, alheia aos discursos dos políticos, parte em busca duma réstia de futuro.
Hoje, sim! Finalmente o Sol, embora em véspera de sexta-feira, 13.

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quarta-feira, fevereiro 04, 2009

O sol frio banha a charneca verdejante de sombra húmida, pegajosa, caracolenta.
No montado desenha fantasmas no chão, junto das boletas e dos porcos.
Faz de mim um embrulho velho, em papel pardo.
Não me tira da cabeça as nuvens que lá se vêm instalando, à sorrelfa, como lesmas ou carraças agarradiças e nojentas.
E vai continuar, tal qual a crise, a gripe das aves ou a doença das vacas loucas.
Sol frio como o cinismo dos políticos e dos ingleses. Frio, como as achas que não ardem nas lareiras dos pobres, como a solidão dos poetas, como epitáfios.
Sol frio que parece nascer de dentro de nós.

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Chamada Geral do DFE4

- Sargento Torres?
- Presente!

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