segunda-feira, setembro 28, 2009

Vocações e viagens virtuais

Uma das razões principais que me levaram a escolher a Marinha como destino e modo de vida terá sido o facto de desejar conhecer outros lugares e outras gentes.
Pouco tempo decorrido, constatei que para além da África lusófona, poucos mais seriam os destinos a demandar, uma vez que a guerra colonial acabara de estalar.
Foi assim que fiz uma comissão em Moçambique a bordo do Aviso de 1ªClasse Bartolomeu Dias, seguida de outra nos Açores a bordo do Patrulha Fogo.
Quando já tinha desistido de através da Marinha ter o ensejo de poder cumprir os meus anseios e imaginário juvenis, tive o privilégio, um pouco à má fila e por falta de oficiais especializados disponíveis, de substituir o chefe do serviço de comunicações da Sagres, na viagem de cadetes da Escola Naval ao Brasil, integrando uma visita oficial do então Chefe do Governo Marcelo Caetano, em 1969.
Seguiu-se uma comissão de serviço na Guiné como comandante dum destacamento de fuzileiros especiais.
Só mais tarde, depois do 25 de Abril, cumpriria uma comissão de serviço em Macau, como comandante da Polícia Marítima e Fiscal, que me proporcionaria um contacto efectivo e directo com uma das mais antigas culturas do globo.
Alguns anos depois e outra vez a bordo dum navio, desta vez o S.Gabriel, navio-reabastecedor integrando uma força naval que incluía mais duas fragatas, tive a oportunidade de escalar Brest, Portsmouth, Las Palmas e Palma de Maiorca.
Por aqui se quedou o meu conhecimento do mundo através da Marinha.
Hoje é possível, via Internet ou via TV, viajar-se indefinidamente, escolhendo os itinerários a nosso gosto, vendo aquilo que de outra forma os nossos olhos teriam grande dificuldade em descortinar, com guias especializados, sem borrascas nem enjoos.
As facilidades de crédito concedidas pelas agências de viagens também podem colocar-nos em horas nos mais recônditos lugares do mundo.
Por esta razão, já ninguém terá que escolher a Marinha como destinatário de acção de sonhos e anseios.
Bastará para isso apenas uma ligação online e o mundo é quase seu.
Que restará à Marinha fazer para retomar o lugar que tinha no coração dos jovens e que os fazia dar o “passo em frente”?
Estou em crer que não lhe restará alternativa do que tornar-se um jogo de vídeo ou de computador.

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sexta-feira, setembro 25, 2009

Refregas frescas por BB

Invariavelmente, ainda que façamos esforços noutro sentido, acabamos por vir parar à política e sobretudo às politiquices, já que elas ocupam boa parte do tempo de antena das televisões e das rádios, tanto em serviços noticiosos, como nos tempos de propaganda dos partidos, ou ainda pela mão dos analistas e até em programas de entretenimento.
Respira-se política por tudo quanto é sítio e pena é que o façamos só nestas alturas, embora de forma tão fortemente enganadora e perversa, já que todos temos a noção de que nenhum dos programas dos partidos em peleja, será capaz de ser cumprido pela metade do que apregoa, mas como parte integrante do nosso dia-a-dia, de forma activa e participada nos meios em que nos inserimos em trabalho ou socialmente.
É curioso verificar a forma como os discursos vão passando na boca dos responsáveis dos partidos, com tonalidades que reflectem em cada momento a tendência de votação do eleitorado expressa pelas sondagens, passando de vozinhas mansas à quase arrogância e vice-versa.
A candidata do maior partido da oposição terá porventura levado mais beijos e apalpões do que alguma vez pensara na vida, enquanto o candidato da direita será certamente eleito como o melhor comediante da campanha. A esquerda em uníssono quer retirar a maioria absoluta ao partido vencedor seja ele qual for, atrevendo-me a pensar que se não importariam duma mudança de partido no governo, contra o qual estariam mais à vontade para o combate parlamentar e político.
De tudo parece ressaltar a importância que vem ganhando junto do eleitorado o discurso de esquerda protagonizado pelo Bloco, que o vai colocar como contrapeso fundamental para o equilíbrio instável em que a balança do poder irá certamente funcionar.
A acreditar nas sondagens, “jamais” a esquerda terá tido um peso tão determinante nas bancadas de S.Bento.
Por quanto tempo, pergunto eu?

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quinta-feira, setembro 24, 2009

Riso Amarelo

É entendível a aversão que, duma forma geral, os políticos têm pelos militares.
É que os militares, e também dum modo geral, regem a sua actividade e a sua vida por princípios e os políticos por fins, ficando pelo meio um longo caminho que os primeiros percorrem e os segundos saltam.
Os militares acabam por gastar-se no percurso raramente atingindo os seus fins, enquanto que os políticos se renovam em cada pulo que dão, mesmo com alguns trambolhões pelo meio que em pouco ou nada os afecta.
O clubismo político faz cair barreiras esquecendo asneiras e promessas não cumpridas, enquanto os militares são acusados de espírito corporativo sempre que saem dos quartéis para defender os seus legítimos interesses e até censurados pelos seus pares.
Gostaria de saber o que seria deste país se aos políticos fossem cortados metade, dos designados privilégios, que aos militares foram retirados sem delongas, desde que ofereceram de bandeja aos políticos e ao país uma democracia sem reticências.
É curioso e ao mesmo tempo humilhante que numa campanha onde se deveriam discutir as formas de, organizadamente, levar o país a sair do buraco em que o meteram, os políticos não tragam à baila mais do que claques e palavras de ordem, além de insultos e as mentiras do costume.
É desprestigiante que os políticos se exponham a ser alvo da chacota pública num programa televisivo que corajosamente os achincalha, e que só lhes consegue arrancar sorrisos amarelos e evasivas mais ou menos jocosas.
Confesso que não estou a ver nenhum militar capaz de se sujeitar a uma situação dessas, ainda que com isso garantisse algumas das poucas regalias de que ainda desfruta.
Rir é uma coisa! Rirem-se de nós e com razão, é outra muito diferente!
Eu rio-me para não chorar!

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segunda-feira, setembro 21, 2009

A Triste Decisão

Não sei o que possa querer, mesmo sem crer!
Gostaria de o adivinhar mesmo por entre mentiras e ocultações!
O amanhã será hoje sem tirar nem pôr porque, decida como decidir, tudo já estará decidido à partida!
O discurso esfarrapado, encapotado ou ardiloso, o sorriso trocista, escarninho ou forçado, a letra da canção armadilhada, as caras lambuzadas por trinta dinheiros, tudo fica perdido pela História, que apenas guardará da efeméride, uma data e um nome.
E o resto, pergunto eu?
A minha decisão para que serve, para quem servirá?
Que decisão será essa, tão importante assim?
É a minha! Aquela que em consciência tomarei como boa! Como a melhor!
Isto, se a chegar a tomar…claro.
É muito triste ter de decidir assim.

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sábado, setembro 19, 2009

O Social, de vez em quando!

Há anos que não ponho uma gravata e há muitos mais que não uso um fato completo.
Vai ser hoje por imposição social dum casamento a que me não consegui esquivar de todo.
Faz-me lembrar quando vesti pela primeira vez a farda de saída de cadete da Escola Naval, o uniforme 3B.
Não sabia o que fazer com as mãos, atento a tudo o que era farda que se aproximava à distância duma continência. Enfim, um desespero!
É assim que me sinto hoje. Fardado. Com o uniforme das circunstâncias a substituir o uniforme das militâncias.
Travestido de Senhor em vez de vestido de reformado sem ambições.
Mas acho que faz bem sentirmo-nos assim, de vez em quando, para variar.
Gravata da moda, unicolor, assim como os vinhos duma só casta. Escolhi a minha cor, a que mais me tem acompanhado a vida inteira – o vermelho.
Simplesmente por ser do Benfica, ainda que me sinta mais perto desta cor por outras razões.
Aí vou eu todo pinoca!
Quem sabe quando me vestirei assim outra vez!
Talvez tenham que ser outros a vestir-me assim com esta farda ou com a outra!
Mas não tenho pressa.

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