quinta-feira, setembro 24, 2009

Riso Amarelo

É entendível a aversão que, duma forma geral, os políticos têm pelos militares.
É que os militares, e também dum modo geral, regem a sua actividade e a sua vida por princípios e os políticos por fins, ficando pelo meio um longo caminho que os primeiros percorrem e os segundos saltam.
Os militares acabam por gastar-se no percurso raramente atingindo os seus fins, enquanto que os políticos se renovam em cada pulo que dão, mesmo com alguns trambolhões pelo meio que em pouco ou nada os afecta.
O clubismo político faz cair barreiras esquecendo asneiras e promessas não cumpridas, enquanto os militares são acusados de espírito corporativo sempre que saem dos quartéis para defender os seus legítimos interesses e até censurados pelos seus pares.
Gostaria de saber o que seria deste país se aos políticos fossem cortados metade, dos designados privilégios, que aos militares foram retirados sem delongas, desde que ofereceram de bandeja aos políticos e ao país uma democracia sem reticências.
É curioso e ao mesmo tempo humilhante que numa campanha onde se deveriam discutir as formas de, organizadamente, levar o país a sair do buraco em que o meteram, os políticos não tragam à baila mais do que claques e palavras de ordem, além de insultos e as mentiras do costume.
É desprestigiante que os políticos se exponham a ser alvo da chacota pública num programa televisivo que corajosamente os achincalha, e que só lhes consegue arrancar sorrisos amarelos e evasivas mais ou menos jocosas.
Confesso que não estou a ver nenhum militar capaz de se sujeitar a uma situação dessas, ainda que com isso garantisse algumas das poucas regalias de que ainda desfruta.
Rir é uma coisa! Rirem-se de nós e com razão, é outra muito diferente!
Eu rio-me para não chorar!

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