sexta-feira, fevereiro 29, 2008

Anos Bissextos

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Um dia de quatro em quatro anos.
Para compensar os excessos dos anos orbitais em relação aos anos de calendário gregoriano.
A vida é feita de compensações. De saldos. Nem sempre positivos como os do orçamento, que há que compensar com impostos. Com cortes nas despesas. Com sacrifícios pedidos sempre aos mesmos. Aos que não têm escapatória.
O preço do petróleo não pára de aumentar! Para compensar os preços das coisas deviam baixar, mas aumentam.
O governo criou 90.000 postos de trabalho, segundo as suas contas. Em compensação já se perderam mais do que isso, segundo as contas dos sindicatos.
Os vencimentos dum modo geral não são aumentados mais de 2%. Para compensar, o pão vai aumentar cerca de 50%.
Como não estamos satisfeitos com o governo, vamos poder compensar isso, se quisermos, ao fim de quatro anos.
As compensações políticas como as orbitais, são “bissextas”.

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quarta-feira, fevereiro 27, 2008

A credibilidade e a proximidade das instituições


Diz-se por toda a parte e fala-se nos “media” de que os serviços públicos funcionam mal, de que os interesses dos cidadãos não são acautelados pelas instituições de segurança e solidariedade sociais, etc, etc.
Provavelmente a razão assiste-lhes, mas a maior parte não dá explicações plausíveis e sobretudo não apresenta modelos para comparação e/ou medição das faltas apontadas. Pois bem, por razões de amizade e a solicitação do próprio para que lhe traduzisse um documento, escrito em francês, oriundo duma instituição suiça de segurança social, tomei conhecimento dum assunto ligado a um trabalhador português reformado, que regressou a Portugal depois de mais de 20 anos de trabalho naquele país.
O documento, referia-se a um desconto realizado por esse trabalhador para um organismo privado de previdência social (tipo seguro de trabalho), inicialmente realizado pelo próprio por vontade expressa, mais tarde transformado em desconto obrigatório, pela entidade patronal ou pelo Estado.
Ao reformar-se, ter-lhe-iam sido feitas as contas nos termos legais e fixada a sua pensão que recebe religiosamente, desde que de lá voltou, já passa dos vinte anos também.
Este documento, solicitava informação em relação aos tais descontos, indagando da forma como lhe teria sido feito reembolso deles.
A resposta foi dada há alguns meses, fazendo referência aos descontos obrigatórios recebidos e ao desconhecimento sobre o reembolso dos que teria feito de forma voluntária.
Recebida há dias outra missiva, agora da tal instituição seguradora, a mesma vinha dar conta do saldo actual dos descontos realizados a título voluntário, acrescidos do valor dos juros, entretanto vencidos até finais de 2007, pedindo rectificação no prazo de 30 dias, em caso de discrepância verificada.
Tendo consultado o site da instituição de segurança social suiça, no que se refere a este assunto, pude constatar a existência dum serviço encarregado de verificar entre os serviços do Estado e as instituições privadas, dos saldos conjuntos existentes a favor dos trabalhadores estrangeiros reformados que abandonaram o país, no sentido de serem contactados e de receberem todos os descontos realizados a que tiverem direito.
O site pode ser lido em seis ou sete línguas, entre elas o Português.
Este meu amigo não fazia a mínima ideia de que ainda teria algum dinheiro a receber para além daquele que recebe da pensão.
Nem sequer se deu ao trabalho de fazer contas. Disse que se “eles” afirmam que a quantia a que tem direito é a indicada, de certo estará correcta.
Numa área completamente diferente desta e noutro país, Espanha, passo a relatar situações pessoalmente vividas.
Há dois anos, fui a Mérida com a família e visitámos um dos muitos monumentos de que aquela cidade “extremeña” é bem recheada.
No guichet de atendimento foi-nos perguntada a idade para saber se teríamos desconto. Depois, ao visitarmos o segundo monumento, dirigia-me ao guichet para aquisição de novo bilhete de acesso, quando um funcionário me disse que não era necessário, pois que o bilhete adquirido no monumento anterior servia para todos os monumentos da cidade. Perguntei-lhe como sabia que eu já havia adquirido bilhete respondeu-me que me tinha visto adquiri-lo no primeiro local visitado.
Outra situação vivida tem que ver com a licença de pesca desportiva que, todos os anos, adquiro para pescar em Espanha e Portugal.
Em Portugal, onde pago os meus impostos, pago licença e não é nada pouco. Em Espanha não pago, porque já atingi a idade que me permite ocupar os meus tempos de lazer de forma saudável, como é a pesca.
Julgo que em Portugal saiu recentemente legislação que vai impor a necessidade de carta de pescador para o exercício desta actividade lúdica. Muito provavelmente vão obrigar os jovens como eu também a fazê-lo.
Talvez passe a pescar somente em Espanha.
Maneiras diferentes de entender os problemas sociais.

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segunda-feira, fevereiro 25, 2008

Agricultura e alimentação naturais - O Vento da Esperança - ParteII

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Inspirados e apoiados em alguns princípios teológicos, ligados à simplicidade de vida, a aspectos alimentares e ao tratamento infligido a todos os seres vivos nesta forma de desnaturalização do ambiente, alguns dos movimentos de opinião, fizeram-se eco disso um pouco por todo o mundo, desde os princípios do século passado, com maior ênfase para os finais do mesmo século, por incorporação de conhecimentos tecnológicos de suporte.
A contestação passou então a ser suportada por argumentos técnico-científicos e a impor-se a entidades e instituições, para ser finalmente aceite como alicerce duma nova era. Deste modo, a própria CE não teve outro remédio senão integrar nos seus projectos e orçamentos essa nova realidade.
Assim nasceram as, hoje designadas, agriculturas biológica, ecológica, orgânica e integrada, esta última servindo de ponte entre aquelas e a agricultura industrializada, a combater.
Têm vindo a ganhar adeptos, mas esbarram sempre no problema de dimensão das explorações e na rentabilidade da produção, na existência de mercados e nos mecanismos de distribuição.
O princípio comum a todas é o abandono da utilização de químicos de síntese nas práticas agrícolas.
O entendimento é de que a fertilização dos solos deverá ser adquirida e mantida de forma natural, com a eventual adição de matéria orgânica isenta de resíduos químicos e de que a resistência das plantas às pragas deverá ser conseguida através da robustez das mesmas, conseguida com espécies indígenas, com práticas de cultivo adequadas, excluindo lavouras profundas e com rotatividade de culturas.
Isso, impõe conhecer e respeitar os ciclos de vida de plantas e animais, que obrigatoriamente deverão integrar as explorações. Estimular a biodiversidade da exploração agrícola e do seu meio envolvente, como forma de garantir equilíbrios biológicos, capazes de evitar pragas e doenças.
É ainda objectivo último, senão primeiro, de que este tipo de agricultura deverá garantir aos seus praticantes produções em quantidade suficiente e de qualidade elevada, capazes de lhes garantir satisfação e independência, assim como condições de trabalho seguro e saudável.
Claro que, ligados a estas práticas agrícolas, outros aspectos não menos importantes são perseguidos como objectivos, nomeadamente o uso preferencial de energias renováveis, a não poluição de solos e linhas de água, o uso de matérias de embalagem biodegradáveis e recicláveis, o uso parcimonioso e responsável da água e da vida nela existente, dar aos animais da exploração condições de habitat tão próximas quanto possível das naturais, permitindo-lhes satisfação das necessidades básicas e comportamentos naturais também.
Produzir saudável para comer saudável, poderia ser o slogan publicitário deste tipo de agricultura.
As tecnologias de apoio deste tipo de agricultura são complicadas, impondo agricultores idóneos, com formação adequada e com sensibilidade dirigida para a problemática envolvente, criando um clima de confiança nos clientes, que garanta a sua fidelização.
Para vender este tipo de produto, é preciso comprá-lo primeiro.
Para comer produtos naturais, há que pensar natural, há que viver natural, há que acreditar na Natureza e na sua enormíssima capacidade de regeneração.
Há que pensar também que o nosso conhecimento sobre ela é limitado pelo estado actual da ciência e tecnologia, que podemos estar a subestimá-la ou pelo contrário a sobrestimá-la.
Dum modo ou de outro, se a respeitarmos, não devemos temer pela nossa atitude e, a haver um criador, certamente estaremos mais perto dele e de levar um sorriso às gerações vindouras.

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Quadra do tempo

Chaparrinho a crescer
Sobreiro a derrear
S.Macário está a ver
S.Francisco a empurrar

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domingo, fevereiro 24, 2008

Agricultura e alimentação naturais - O Vento da Esperança - Parte I

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À semelhança do que acontece na política, quando se quer contrariar uma tendência e não existem forças para o fazer, por interesses estabelecidos, por clubismo ou apoio efectivo da mesma, só há um meio - arranjar um movimento que vá ganhando voz e projecção e tentar levar os mais cépticos a aderir, ganhando energia capaz de destruir convicções estabelecidas.
Foi assim que se criaram movimentos ecologistas contrariando a inércia do “estado de coisas”, visando evitar a destruição sistematizada dos recursos naturais e do ambiente, através da sensibilização, do arregimentar para a luta, primeiro, e da própria luta, depois. Muitos desses movimentos tomaram voz nos parlamentos, transformados em partidos políticos ou neles inseridos.
Foi assim, também, que apareceram movimentos de opinião oponentes à forma como a agricultura estava e está a ser conduzida e que visa apenas a obtenção de resultados imediatos, esquecendo todo o meio envolvente em que a mesma se desenvolve.
Todas as políticas agrárias caminhavam no sentido da redução de custos, inicialmente conseguidos através da dispensa de mão-de-obra, pela mecanização.
À medida que a tecnologia foi evoluindo, as explorações especializaram-se e criaram-se verdadeiros cartéis - do café, do tabaco, do algodão, da cana-de-açúcar, da beterraba açucareira, oleaginosas, cereais, etc.
Foram atribuídas quotas de produção aos países para fruta, produtos hortícolas de regadio e outros.
Foram encorajados os agricultores a abandonarem culturas tradicionais que praticavam nos seus países.
Foram mesmo encorajados através de subsídios para abandonarem de todo a sua actividade.
A fuga dos campos em Portugal, reforçada com a fuga à guerra colonial, criou um vazio nunca mais colmatado.
A pastorícia acabou, a erva e os matos tomaram conta das serranias e dos campos. Os verões mais agrestes aproveitam destas facilidades e transformam paisagens de sonho em infernos dantescos, com os incêndios a grassar e a tomar conta das matas.
As monoculturas repetidas sugam todo o sangue dos solos, forçando fertilizações e tratamentos, promovendo produções artificiais.
Hoje comem-se proteínas, gorduras, sais minerais e vitaminas, salteadas de resíduos químicos com o invólucro de alfaces, cereais, leite e outros produtos de origem animal e vegetal.
Os campos abandonados, os solos erodidos, a Natureza violentada.
Pensou-se que isto não aconteceria nunca, mas está à vista o resultado dessa maquinação tecnológica.

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sábado, fevereiro 23, 2008

O Admirável Mundo Velho

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A produção intensiva de animais para abate ou leite e a agricultura extensiva, são dois pilares da moderna forma de exploração dos recursos agro-pecuários.
Assentes sobre a rentabilidade dos meios de produção, não se contentam com as capacidades naturais dos animais, das plantas e da terra e impõem-lhes ritmos e ciclos de produção, contra natura.
Na produção animal, fazem-se cruzamentos entre raças no sentido de produzir mais leite, mais carne ou mais ovos, conforme o caso, em menos tempo e com menores gastos com a alimentação.
A crueldade pode chegar ao ponto de se fazerem, em animais de produção leiteira, implantes de embriões de animais para produção de carne, em número superior ao normal, tirando partido das duas componentes de produção.
Em relação às plantas, além de se exaurirem os solos dos seus elementos estruturais orgânicos e minerais, pela continuada exploração do mesmo tipo de culturas nos mesmos locais, obrigando a fertilizações cada vez mais exigentes e tratamentos fitossanitários mais complicados, são-lhes impostos muitas vezes ciclos vegetativos diferentes dos naturais, o que agrava ainda mais os parâmetros antes considerados.
A produção animal é acompanhada por tecnologia computorizada de identificação e controlo dos animais, na alimentação e variação de peso, controlo sanitário, produção leiteira com análise do leite incorporada ou produção de ovos e sua calibragem. Desde que nascem até que é atingido o seu desinteresse produtivo, todo o historial dos animais fica registado, para que conste.
Do mesmo modo, a produção agrícola extensiva é assistida por tecnologias variadas que vão da nivelamento dos solos para a lavra e plantio através de laser, ao equipamento para lavra, sementeira ou plantação, ceifa ou apanha, debulha e ensilagem, e aos doseadores de fertilizantes e pesticidas, nestes incluídos os fungicidas, insecticidas e os herbicidas, distribuídos através dos sistemas de rega controlada, por pulverizadores de alta pressão ou pulverização aérea, conforme o tipo de culturas instaladas.
As espécies semeadas ou plantadas ainda podem ter sido seleccionadas ou manipuladas geneticamente com vista a alterar algumas das suas características vegetativas, tornando-as mais produtivas ou resistentes a determinadas doenças ou pragas.
Todas estas tecnologias envolvidas vão encarecendo a produção, esgotando os recursos naturais por lixiviação dos solos, poluindo os lençóis freáticos por infiltração das águas pluviais e criando à volta daquilo que constitui a nossa alimentação, um mundo-de-faz-de-conta, no qual já não distinguimos o que é bom e natural daquilo que é “fabricado e corado artificialmente”.
Enquanto os países industrializados e detentores de tecnologias evoluídas produzem em quantidades que ultrapassam largamente as suas necessidades alimentares, exportando os excedentes, países há que não conseguem produzir as quantidades mínimas para sustentação ou mesmo sobrevivência.
Apesar destas tecnologias diabólicas, ainda se morre à fome neste globo. Apesar dos excedentes alimentares que atenuariam certamente esse sortilégio, continuam a deitar-se fora por expirado o prazo de consumo ou simplesmente para não baixar o preço no consumidor, quantidades enormes de bens alimentares.
Mas, atenção! Não se morre à fome nos países industrializados, mas vai morrer-se por falta de recursos naturais como a água potável, por ingestão de carne proveniente de animais alterados ou infectados com doenças transmissíveis ao homem, por vegetais repletos de resíduos organofosfatados e pesticidas ou simplesmente através do ar que deixará de ser respirável por força dos gases que se lhe vão incorporando minuto a minuto.
Estamos a construir um mundo que não é redondo e a fazer do planeta azul uma coisa cinzenta e feia!

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quinta-feira, fevereiro 21, 2008

A Nau Catrineta


O grande timoneiro largou o leme. Já não podia mais com ele.
Cinquenta anos à bolina cerrada, contra ventos e marés, é obra.
Não, que todos os seus gestos tenham sido politicamente correctos, mas conseguiu manter uma insubordinação extremamente incómoda para os seus vizinhos poderosos, politicamente invertebrados, mas implacáveis nas retaliações.
Herança complicada para o seu sucessor.
Quantas tentativas goradas de assalto, esbarrando sempre na teimosia duma guarnição que soube manter-se unida nos momentos cruciais. Mas as brechas vão abrindo. A pouco e pouco o cavername foi ficando à vista. O costado já não segura a estopa e o alcatrão. Perante tormenta tamanha é coisa de milagre ou Neptuno ter aguentado tanto. Mas as balizas e as longarinas vão cedendo. Para água aberta já não falta tudo. O pessoal sobe às enxárceas e clama por terra firme. Já comeram a bolacha capitão e deitaram sola de molho.
O timoneiro, de lábios gretados de tanto bramar, a tez ressequida por mil ressacas, o braço cansado de tanto orçar, aguarda na paz do seu catre, que o arfar da calema lhe indique logradouro justo e finalmente seguro.
- Iça a flâmula marujo. A comissão foi longa e bem sofrida. Merece bem que a todos se mostre como símbolo de resistência e de esperança num mundo mais justo, mais solidário e, sobretudo, mais tolerante para com a vontade das gentes que o habitam.
- Sobe marujo, sobe ao mastro real!

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quarta-feira, fevereiro 20, 2008

Ventos de Amura


O vento pela amura não se sabe nunca para onde nos leva. Vamos para donde ele sopra. À procura da sua origem, da sua razão de ser. Até que as forças nos faltem ou que o vento se amaine.
Nesta minha orçada de há meia dúzia de anos, tenho navegado por outras águas, eventualmente menos turvas, mas não menos turbulentas.
Quem navega tem sempre como destino a terra. Terra firme. Sem balanço. Com cheiro a lençóis lavados e saudades que esperam.
O encalhe aparece muitas vezes como um acidente de percurso, quando ele próprio se não almeje como tal.
Nas voltas da maré e com o pé sempre molhado, os olhos no horizonte, parti em busca de coisa nenhuma ou de tudo, não sei bem.
Encontrar-me na minha meninice, nas tresloucadas descobertas juvenis, nas insensatas aventuras adolescentes, faz-me ir descortinando que adulto teria querido eu ser. Amante da terra que me viu nascer ou namorado das terras com que sonhava? Tendo optado pela última, não me esqueci da primeira.
Encontro-a como eu, sofrida e envelhecida de morte. À minha espera! À espera que lhe dê a ternura que outros lhe roubaram. Enternecida agora pelos carinhos com que a envolvo, devolvidas que foram as branduras nocturnas, os orvalhos matinais, os despertares harmoniosos dos apaixonados.
O Sol já não aquece tanto, mas o frio também não é o mesmo. Só os rouxinóis continuam a enfeitar-nos as noites com o seu cantar.

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segunda-feira, fevereiro 18, 2008

As Prioridades

Já há alguns anos que uma calamidade parecida com a que ocorreu esta noite na área metropolitana de Lisboa, havia acontecido com resultados muito mais trágicos dos agora verificados.
Por outro lado, todos os anos acontecem inundações, sempre que chove um pouco mais do habitual, nas zonas mais baixas e alagadiças como são os casos de Odivelas, Sacavém, Frielas ou Cruz Quebrada.
Os rios e as ribeiras que lhes passam junto, acabam por extravasar devido, entre outras coisas, à sua falta de limpeza, já constituindo um hábito para as populações residentes.
Os prejuízos acumulados ao longo dos anos dariam, certamente, para já ter resolvido de vez estes problemas que parecem querer eternizar-se, como tudo de mal neste país. As vidas ceifadas por este tipo de eventos, ficam a marcar a inépcia de autarcas, de serviços públicos e de governos em dar solução às carências reais das populações, pelas quais se tornam responsáveis ao serem eleitos ou nomeados para o desempenho dos diversos cargos.
Não chega dizer, como o fazia um responsável autárquico, de que o assunto já havia sido equacionado e abandonado devido ao seu elevado custo.
Não existem fundos estruturais ou lá como se chamam para este tipo de gastos, mas existem com este ou outros nomes, para “megaloprojectos” completamente desinseridos das necessidades básicas dos cidadãos. Para não falar de outros, clamo apenas o TGV e os não sei quantos estádios de futebol construídos para o Euro, alguns dos quais nunca mais tiveram gente para os encher ou, tão somente, para os usar em termos desportivos.
É uma pena que a tanta água hoje chovida não lave a consciência dos responsáveis pelo estabelecimento de metas e prioridades no dispêndio dos dinheiros públicos, a favor dos seus concidadãos, contribuintes e eleitores.

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sábado, fevereiro 16, 2008

No comments at all!


Parece linguagem de político, mas não é!
Tal como eu preconizara, os comentários recentemente inscritos nos meus “posts”, não eram mais do que formas de introduzir “spyware” no computador.
Com muita pena minha, mas tenho que reduzir ao silêncio as pessoas que se davam ao trabalho, primeiro, de ler o que escrevo e, depois, comentar.
A guerra que se trava ao nível dos antivírus e das aplicações de publicidade invasiva, não dá quartel.
Se quiserem fazer os vossos comentários, terão que utilizar agora o endereço electrónico.
Claro que esta medida não evita que tentem introduzir vírus neste computador. Só que terão de fazê-lo doutra forma que os meus “firewall” e antivírus dificultem.
Guerra é guerra, meninos!

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quinta-feira, fevereiro 14, 2008

Namorar...sempre!


É dia dos namorados
P’ra gente se não esquecer
Daqueles beijos roubados
Sufocantes de prazer

Para trás, quando olhamos
Fica um longo caminho
Os beijos que hoje damos
São de amizade e carinho

Prometo hoje,no entanto,
Assim disso me lembre,
Em beijar-te tanto, tanto
Hoje, amanhã e sempre

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quarta-feira, fevereiro 13, 2008

Timor Lorosai

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segunda-feira, fevereiro 11, 2008

Negócios Virtuais

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Neste blogue apareceram agora comentários a postagens, que apelam ou remetem para a visita de “sites”, que mais não são do que locais de propaganda de produtos ou serviços.
Não sei mesmo se ao abrir estes portais, não se estará a abrir a porta a visitantes incómodos ou mesmo indesejáveis, já que é uma forma de contornar os firewalls e os antivírus. Além disso, não se podem ou, pelo menos, eu não sei apagá-los.
A Internet é um meio ideal para toda a espécie de negociatas desde as mais ingénuas e inócuas até às mais rebuscadas e perigosas.
Dos jogos infantis aos jogos de fortuna e azar, dos chats inofensivos àqueles que levam a crimes sexuais.
A Internet tornou-se inclusivamente um veículo de promessas não cumpridas de governos pouco escrupulosos, de práticas caluniosas ocultas no anonimato dos seus autores, de burlas e de roubos.
Já não bastavam os “pop-ups”, a publicidade das aplicações que instalamos. Essas ainda as podíamos evitar, não as permitindo. Agora esta forma bizarra, sem escapatória, de através de comentários fazer publicidade ou introduzir elementos perturbadores do bom funcionamento da máquina, não vou permitir.
Pelo facto de não ter muita gente, usualmente, a fazer comentários àquilo que escrevo, estou sinceramente a ponderar a hipótese de impedir comentários, embora estes sempre façam companhia. Quem escreve, mal ou bem, quer ser lido e os comentários são uma forma de sentir os leitores.
Vou ainda esperar mais algum tempo. Mas se isto se tornar norma, medidas reais para negócios virtuais.

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domingo, fevereiro 10, 2008

Algarve em Fevereiro


Nestes dias de sol pleno, vem-me à memória a luminosidade do Algarve nesta época do ano. A luz inclinada do sol sobre o casario branco, que ilumina mas não aquece.
O azul muito azul das águas do mar lavando as praias doiradas, o verde e amarelo das azedas e o branco e rosa das amendoeiras.
A faina dos barcos no porto, dando vida ao postal ilustrado.
Que bonito é o Algarve neste mês de Fevereiro. Nunca mais o volta a ser durante o resto do ano. Pouca gente. Luz horizontal contrastando, dramatizando.
Gaivotas em contra-luz sobre o cintilar brilhante das águas.
O cheiro a maresia. Cheiro a férias, que a maior das pessoas não pode ter agora.
Que pena!

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sábado, fevereiro 09, 2008

Ao preço a que a "merda" está!...


Como diriam os meus netos, esta cena de agricultor em que me meti, tem as suas “merdas”. E, se se quiser ser um agricultor amigo da Natureza, as coisas complicam-se.
Apostando numa fertilização dos solos mais natural e tradicional, sem entrar em utopias de AB (Agricultura Biológica) ou mesmo de AI (Agricultura Integrada), quero apenas garantir uma menor quantidade de químicos de síntese tanto na fertilização, como na prevenção e combate de pragas das plantas. As doenças, essas piam mais fino e não me arrisco a deixar de introduzir os “fármacos” adequados.
Assim sendo, encomendei uma carrada de estrume de vaca, bem curtido, para o hortejo e laranjal.
Qual não foi o meu espanto quando me aparece um camião com 15 toneladas do dito, que largou na azinhaga, junto ao portão de acesso à horta, ocupando a via.
Mobilizaram-se rapidamente as “forças vivas da terra” na deslocação rápida do estrume para dentro da courela, distribuindo-o logo pelos locais onde irá ser utilizado, usando para o efeito três carrinhos de mão.
A faina começou às 14 horas e terminou cerca das 18, não sem a ajuda duma máquina de braço telescópico e balde de metro cúbico, duma obra próxima, que atirou umas valentes pazadas por cima da rede, aliviando pelo menos em metade a quantidade de estrume a movimentar.
Fazendo as contas ao preço do estrume, mais do seu transporte e ainda do que houve que pagar para o movimentar, cada tonelada ficou ao módico preço de 22 euros, em moeda antiga 4400$00.
A partir de agora, vou pensar duas vezes antes de ir à casa de banho!

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quinta-feira, fevereiro 07, 2008

A Milheirinha

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A Primavera já se anuncia pelas andorinhas, pelos abrolhos nas amendoeiras, cerejeiras e ameixeiras.
Estas temperaturas amenas estão a confundir a Natureza. As tarefas, a que me cometi, de poda do pomar e de tratamento preventivo contra hibernantes, estão terminadas e espero bem que dêem resultado.
As tarefas de jardinagem são poucas por enquanto, apenas apanha de ervas e guerra aos caracóis e lesmas, que já se fazem sentir, sobretudo na horta.
Nestas andanças tenho tido a companhia dum passarito pequeno de peito avermelhado que vai catando os bichinhos que vou descobrindo ao deservar. Chamo-lhe milheirinha, mas bem pode ser um pisco, cachapim ou uma felosa, tanto faz. Gosto do nome de milheirinha.
É um pássaro simpático, não muito comunicativo em termos sonoros mas, ainda assim, fazendo de tempos a tempos uns pequenos gorjeios.
Não sei se tem ninho nas redondezas, mas não me parece. Também não penso que ande emparelhado. A não ser que sejam dois e que se vão revezando na doce tarefa de me acompanhar nos trabalhos.
Ainda me há-de pousar na mão. Não tem medo, nem razões para isso.
Apraz-me a biodiversidade existente.Tenho que arranjar um classificador para plantas e animais e fazer um levantamento.
Na Guiné, o Ricardo, fez uma colecção dos insectos alados que nos sarrazinavam a vida e conseguiu juntar e classificar cerca de trezentos, que guardava religiosamente num móvel com gavetinhas, que mandara fazer. Havia-os de todas espécies e tamanhos. Até de descolagem vertical.
Em boa verdade, dariam uma óptima refeição para a minha companheira milheirinha.
As vantagens, entre outras, de morar perto do campo, de me dedicar a actividades de jardinagem e agrícolas, são também estas de que hoje me dou conta.
Ter um passarinho de papo vermelho ao lado e um tecto de azul celeste por cima.

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quarta-feira, fevereiro 06, 2008

O Enterro do Nabo

Na Igrejinha, enterrou-se o nabo mais cedo, ontem! Porque a rapaziada foliona trabalha hoje.
E o nabo, materializado num enorme rábano implantado na vítima escolhida para este ano, lá andou a cirandar de porta em porta e os participantes destas cerimónias fúnebres gorgolejando alguns néctares que por aqui se produzem com qualidade e abundância e trincando umas rodelas de linguiça, paio ou queijo, para ensopar a dor.
A miudagem aproveitou para se mascarar e ir interiorizando estas tradições muito esquecidas nos tempos que correm, em que a importação dos enlatados brasileiros com sambistas friorentos, conquistou as preferências clubistas destes eventos carnavalescos.
E aqui ficam, para que conste, algumas imagens ingénuas e brejeiras do enterro deste Carnaval 2008, tão cheio de mascaradas e de rábulas muito mais obscenas, protagonizadas por políticos e outras entidades da nossa praça.
Que o nabo os cubra e lhes dê a virtude que lhes tem vindo a faltar!

Um dos altares ao longo do percurso

Pormenor do Altar

O cortejo fúnebre

Missa com o Nabo presente

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terça-feira, fevereiro 05, 2008

Baile Mandado


Bastonário bastonou e ex-bastonário apanhou!
Vá de roda tudo certo, meia volta e cu aberto!
Ah! Marafado! Aperta com eles!
Ex-ministro ficou calado. Consentiu. E não deu nem mais um piu!
Vá de roda!
A justiça embaraçada ficou toda chamuscada. E mais nada!
Aperta-a bem. Dá-lhe com força e vai ao centro.
As virgens ofendidas, saltam e gritam sem parar.
Mete-lhe a mão na goela e vais vê-las a bufar.
Bate as palmas ! À esquerda! À direita!
Agarra-a bem, bastonário, põe-na de pernas para o ar!
Dança, dança bastonário que tens graça a dançar.
Vá de roda, vá atrás, vá à frente!
Ah! Marafado duma figa! Assim mesmo é que é bailar!
Acaba o baile! Vai a gente descansar!

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sábado, fevereiro 02, 2008

Carnavalizando

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Este ano, o Carnaval
Não tem graça nem pilhéria
Porque levam tudo a mal
Como fosse coisa séria

Uma casinha eu fiz
Muitas casinhas fizeste
Não fiz mais, porque não quis
Tu sim, porque quiseste

Na arena eu ouvi
Assobios e apupos
Foi então que percebi
Qu’eram melros e mais cucos

P’ra brincar ao Carnaval
Com o nosso amigo Zé
Não se pode dizer mal
Fica fulo e bate o pé

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A Teia

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Embora corra actualmente uma versão diferente daquela porque Judas foi “tristemente” celebrizado, o que é facto é que para os católicos terá começado ali aquilo que hoje pode ser entendido como corrupção.
A venda de Jesus por trinta dinheiros aos seus inimigos, não é mais do que a receita que ainda hoje colhe para se atingir determinados fins.
Muitas vezes o vil metal é substituído por honrarias, por acordos de interesses mútuos, mas sempre por valores que o alvo a corromper aspira, deseja, ambiciona. É ao fim e ao cabo a sábia exploração das fraquezas humanas, como pagamento de contrapartidas financeiras, económicas, políticas ou amorosas.
Não admira, portanto, que quem se encontre em posição de poder decidir sobre aspectos importantes da vida das pessoas se veja assediado, tentado, obrigado a ceder nos seus princípios, nas suas obrigações, nos seus credos, nas suas responsabilidades, para responder a essas solicitações, provavelmente irrecusáveis nalguns casos.
Obviamente que os sistemas organizacionais da vida em sociedade ajudam muitas vezes. Um sistema burocratizado promove esse tipo de atitude, com vista a encurtar caminhos. Um sistema de acesso fácil aos serviços e ao crédito, não os promove, mas dificilmente os detecta, quando ocorrem.
Corriam os finais dos anos setenta, em Hong Kong, capital universal do liberalismo económico, quando foi designado para exercer o cargo de Alta Autoridade Contra a Corrupção, um General do Exército Britânico, soldado de muitas guerras e personalidade de verticalidade assegurada.
Mal foi conhecida a sua nomeação para o cargo recém-criado, começaram as deserções nas hostes públicas e empresas.
De repente, dezenas de funcionários da administração central e local, desapareceram sem deixar outro rasto que não fossem suspeitas, posteriormente confirmadas, de negociatas mais ou menos obscuras e complicadas.
Nas colónias, a justiça britânica impunha, a quem fosse acusado, a obrigação de fazer prova da sua inocência.
A TV tinha spots publicitários apelando à denúncia de factos que pudessem significar recebimento de dinheiros ou favores de qualquer espécie em troca de serviços prestados ou negócios ilícitos.
Durante alguns meses Hong Kong dever-se-á ter tornado num território incorruptível. As polícias apresentaram mais serviço do que na anterior década.
Foi realizada uma queima de heroína apreendida que teve uma protecção policial nunca vista, já que as quantidades eram assustadoramente elevadas.
Ainda não tinha decorrido um ano sobre a nomeação da AACC, quando o general foi acusado de receber favores em troca de arquivamento de processos, havendo sido mandado regressar a casa.
A partir daí, nunca mais este cargo foi preenchido.
Tudo isto para dizer que existe sempre um preço capaz de comprar as vontades, seja de quem for. Ninguém se consegue colocar à margem deste processo. A única coisa que pode acontecer, e muitas vezes acontece, é não haver ninguém capaz de pagar o preço necessário ou encontrar a forma de pagamento adequada.
Cristo correu com os vendilhões do templo, mas parece ter sucumbido aos encantos de Maria Madalena.

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