domingo, fevereiro 24, 2008

Agricultura e alimentação naturais - O Vento da Esperança - Parte I

Imagem daqui

À semelhança do que acontece na política, quando se quer contrariar uma tendência e não existem forças para o fazer, por interesses estabelecidos, por clubismo ou apoio efectivo da mesma, só há um meio - arranjar um movimento que vá ganhando voz e projecção e tentar levar os mais cépticos a aderir, ganhando energia capaz de destruir convicções estabelecidas.
Foi assim que se criaram movimentos ecologistas contrariando a inércia do “estado de coisas”, visando evitar a destruição sistematizada dos recursos naturais e do ambiente, através da sensibilização, do arregimentar para a luta, primeiro, e da própria luta, depois. Muitos desses movimentos tomaram voz nos parlamentos, transformados em partidos políticos ou neles inseridos.
Foi assim, também, que apareceram movimentos de opinião oponentes à forma como a agricultura estava e está a ser conduzida e que visa apenas a obtenção de resultados imediatos, esquecendo todo o meio envolvente em que a mesma se desenvolve.
Todas as políticas agrárias caminhavam no sentido da redução de custos, inicialmente conseguidos através da dispensa de mão-de-obra, pela mecanização.
À medida que a tecnologia foi evoluindo, as explorações especializaram-se e criaram-se verdadeiros cartéis - do café, do tabaco, do algodão, da cana-de-açúcar, da beterraba açucareira, oleaginosas, cereais, etc.
Foram atribuídas quotas de produção aos países para fruta, produtos hortícolas de regadio e outros.
Foram encorajados os agricultores a abandonarem culturas tradicionais que praticavam nos seus países.
Foram mesmo encorajados através de subsídios para abandonarem de todo a sua actividade.
A fuga dos campos em Portugal, reforçada com a fuga à guerra colonial, criou um vazio nunca mais colmatado.
A pastorícia acabou, a erva e os matos tomaram conta das serranias e dos campos. Os verões mais agrestes aproveitam destas facilidades e transformam paisagens de sonho em infernos dantescos, com os incêndios a grassar e a tomar conta das matas.
As monoculturas repetidas sugam todo o sangue dos solos, forçando fertilizações e tratamentos, promovendo produções artificiais.
Hoje comem-se proteínas, gorduras, sais minerais e vitaminas, salteadas de resíduos químicos com o invólucro de alfaces, cereais, leite e outros produtos de origem animal e vegetal.
Os campos abandonados, os solos erodidos, a Natureza violentada.
Pensou-se que isto não aconteceria nunca, mas está à vista o resultado dessa maquinação tecnológica.

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