domingo, fevereiro 28, 2010

A Perenidade da Escolha

Imagem daqui
Tudo na vida parece mudar, por vontade nossa, doutrem ou por sortilégio do destino.
Assim podemos apaixonar-nos mais do que uma vez, casar-nos e descasar-nos, podemos alterar o conhecimento que temos do mundo ou das coisas, as amizades, os desejos, os sonhos, o modo de vida, a cara, a identidade, a cor dos olhos, o sexo e as formas de o praticar, a conotação política, a fortuna e o azar. Podemos sofrer ou alegrar-nos. Rir e chorar.
Podemos até mudar de religião, de país e de nacionalidade.
Podemos optar por viver ou deixar de o fazer.
Mas só não podemos, que eu saiba, mudar de clube.
É escolha temporã que perdura por toda a vida. Não há nela lógica, ambição, segundas intenções. Há ligações primárias com a cor das camisolas, com o enquadramento psicológico no momento da escolha. Há certamente influências familiares, de amizade e de companheirismo, mas há sobretudo a sensação de livre escolha, coisa impossível de sentir no resto da vida.
Não nos foi possível escolher o país onde nascemos, a língua que falámos em primeiro lugar, o berço onde desde logo nos deitaram. Muito poucos conseguiram influenciar a escolha da escola que frequentaram ou não, da profissão escolhida, tantas vezes apenas como a saída possível.
Mas raramente encontramos quem diga que é deste clube ou daquele por vontade do pai. Muitas vezes pertencem a clubes que disputam entre si a maioria das escolhas, tipo Benfica e Sporting.
O Clube é o Sol que nos ilumina! Aqui não há vira-casacas!
Diria que a par do genoma que nos define biologicamente, que não é escolha nossa, só o clubismo que nos define como membros dum determinado grupo é igualmente perene e, este, por escolha nossa!

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sábado, fevereiro 20, 2010

Madeira, Meu Amor

Funchal, hoje às 0930

Vídeo daqui

É, muito provavelmente, o tempo que merecemos, aquele que se faz sentir um pouco por todo o mundo.
As preocupações em relação ao ambiente ficaram mais uma vez na gaveta dos estados. Copenhague não conseguiu mais do que Kioto, nem ninguém acreditava que acontecesse doutra forma.
As perturbações meteorológicas têm-se feito sentir através de secas e incêndios devastadores, de chuvadas e inundações medonhas ou ainda por movimentações das placas tectónicas, originando sismos e tsunamis com as consequências que conhecemos.
Os tufões, ciclones, tornados e furacões vão bebendo a água de mares e oceanos, despejando-a de forma tenebrosa e devastadora por onde vão passando e soprando o ódio que transportam sobre tudo e sobre todos.
O degelo glaciário vai alterar de forma determinante as correntes do Atlântico Norte e do Pacífico, provocando mudanças nos climas dos países mais expostos e dos territórios insulares.
A poluição provocada nas últimas décadas foi superior a toda a verificada desde os princípios da Humanidade.
Sabemos da capacidade de regeneração da Natureza, mas é impensável que resista a estas agressões permanentes e cada vez mais violentas que a sociedade de consumo e os estados industrializados lhe impõem.
Ainda não acabámos de lamber as feridas do Haiti e já temos chagas abertas na Madeira.
As proporções e sobretudo as consequências são evidentemente diferentes e, felizmente para a Madeira, as coisas estarão normalizadas em alguns dias ao passo que para o Haiti, anos não serão suficientes.
Mas o mal continua. Fazem-se umas campanhas de solidariedade, explora-se o sentido filantrópico das pessoas apelando à sua participação financeira, arranjam-se umas cantorias e tudo continua na mesma, a ser pago pelos mesmos.
Sabemos hoje que muitas espécies animais e vegetais desapareceram da superfície do globo por alterações climáticas ou do seu habitat. Outras estão em vias de extinção pelas mesmas razões.
Esperemos que consigamos ter a inteligência e ir a tempo de evitar a nossa.
O meu pesar pelo ocorrido e o meu sentido solidário com o povo da Madeira.

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20 Anos de libertação de Nelson Mandela

No passado dia 11, completaram-se 20 anos sobre a libertação de Nelson Mandela. Viva Mandela!

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quinta-feira, fevereiro 18, 2010

Pilares da Democracia


A liberdade de expressão é um dos pilares da democracia, embora não seja o único.
Muito nos preocupamos com o que se não diz, mas talvez nos devêssemos preocupar mais com o que dizemos e com a forma que utilizamos para o fazer. A Net tem sido palco de enormes atentados à democracia, por excesso.
Fala-se muito e pouco ou nada se diz de interesse.
A Democracia ainda está a funcionar entre nós. Nem sempre apadrinhada por quem jurou cumprir e fazer cumprir a Constituição, mas defendida por quem se obriga por dever de consciência e necessidade de por ela lutar e a trazer a público todas as tentativas de a amordaçar.
O que admira, no meio disto tudo, é a torpeza de ser vilipendiada por quem mais dela clamou, quando não existia.
Sabendo todos que a Democracia assenta noutros dois pilares absolutamente necessários ao seu equilíbrio e sustentação, que são a Justiça e a Saúde, não se entende que os mesmos tenham vindo a degradar-se duma forma tão desregrada e perigosa e pouco ou nada sobre eles se diga ou questione.
Ao deixar-se entrar nestas áreas os interesses económicos, sabe-se que o seu fim está próximo.
Quando os cuidados de saúde estão a ser desviados da proximidade de quem deles necessita e entregues em termos de qualidade e quantidade à iniciativa privada, tornando-os um negócio da China, está a ser delapidado o erário público que é escasso para todas as outras necessidades prementes e estamos a fazê-los depender de quem tem dinheiro para os pagar.
Quando os interesses dos grandes laboratórios impõem aos serviços de saúde as suas regras e financiam campanhas de desinformação, criando clima de grande instabilidade psicológica, obrigando a vacinações massivas desnecessárias e eventualmente perigosas, mal vai a aplicação de cuidados médicos e dos seus custos.
Quando se permite, sem a mínima justificação, o uso de meios auxiliares de diagnóstico escusados, está-se a contribuir desnecessariamente para o encarecimento das despesas de saúde e a engordar de forma escandalosa os centros privados de diagnóstico.
Quando os serviços de justiça não são céleres na atribuição de culpas e deixam depender as decisões de quem tem maior poder económico para pagar a advogados ou laboratórios investigações técnicas ou científicas, mal vai a aplicação da justiça.
Quando se manuseia a fuga de informações, por forma a fazer pender as decisões dum prévio julgamento público, mal vai a aplicação da justiça.
Quando se protelam diligências por forma a deixar cair no esquecimento ou na figura jurídica de prescrição, processos crime envolvendo figuras proeminentes ou indiciadores de graves manobras político-partidárias, mal vai a aplicação da justiça.
Ainda restam algumas esperanças de que a razoabilidade tome conta dos nossos governantes e governados, fazendo-os recuar na corrida desenfreada para o descalabro político e económico, devolvendo a uns quantos saudosistas, de mão beijada, a pá com que hão-de enterrar a democracia, tão suada de conseguir e de viver.

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terça-feira, fevereiro 16, 2010

Carnaval 2010

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segunda-feira, fevereiro 15, 2010

Carnavalando

Imagem daqui
Carnavalando - Brincando ao Carnaval na República do Gerúndio (parafraseando um magnífico Blogue que desapareceu para desconserto de alentejanos e admiradores, chamado Alentejanando).

Neste contexto diria que:

Portucalando, poderá significar que navegamos por todo o País, ou, eventualmente, tentamos calar-lhe a opinião;
Mascarando, será o acto de vestir uma fantasia a alguém, ou, ir escondendo a realidade com mentirinhas carnavalescas, fora de época;
Presidenciando, referir-se-á ao uso duma caraça ou “cabeçudo” representando o Presidente ou, simplesmente, a falta dela;
Namorando, poderá ser coisando o parceiro, ou, tratando da coisa por interpostas pessoas;
Sambando, dançando com a bateria da Mangueira ou de Vila Isabel, ou ainda em alentejanês profundo, são isso.

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sexta-feira, fevereiro 12, 2010

2010 - Ano de todos os desesperos

Este ano começou mesmo mal.
A crise económica e financeira que já se arrastava, uma gripe anunciada com pompa e circunstância, que pelos vistos não era bem assim (e ainda bem), um governo minoritário sem credibilidade e sem capacidade para nada a não ser sobreviver a qualquer preço, uma catástrofe humanitária maluca no Haiti que, de alguma forma, serviu para desviar as atenções dos problemas internos de quase todos os países.
Um presidente Prémio Nobel da Paz em vias de ter que o meter no saco, o retorno das ameaças terroristas um pouco por todo o lado, a Grécia à beira dum ataque de nervos, o Presidente Italiano agredido, a ETA a assentar arraiais em Portugal.
Por cá, nem se sabe por onde começar. Se pelos escândalos político-jornalísticos, uns atrás dos outros, se pela (In)Justiça que não sabe o que fazer aos inúmeros processos quentes que tem entre mãos com Juízes a terem que vir às televisões justificar-se do que não tem justificação.
A aprovação da Lei do Casamento entre homossexuais e o anunciado congelamento dos salários da Função Pública, não pressagiam nada de bom.
De todo este início de 2010, salvam-se os orgasmos da Clara Pinto Correia e do Benfica, qualquer deles a dizer que, apesar de velhinhos, ainda estão aptos a gastar pelo menos umas gáspeas.

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terça-feira, fevereiro 09, 2010

Memórias desenterradas

Évora - Largo de Avis

Fontanário com o Convento Novo como pano de fundo, palco de muitas traquinices da minha infância

Posted by PicasaÉvora - Porta de Avis
Porta de Avis com a Capela da Senhora do Ó por cima, capela esta que só visitei há meia dúzia de anos, embora tenha passado nesta zona toda a minha infância e adolescência

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segunda-feira, fevereiro 08, 2010

É o bicho, é o bicho!

Imagem daqui
A vida tem-me vindo a tapar os ouvidos, fazendo de um bom ouvinte, que era, um mau entendedor das coisas ditas e atirando-me, por vezes, para o recôndito das minhas memórias auditivas como única forma de ouvir, pelo sentido.
Este intróito para dizer que a surdez me vai invadindo com a rapidez das más notícias e o desespero de quem nada ou muito pouco pode fazer.
É uma lei da vida, injusta, porque nos apanha numa altura em que deveríamos ouvir melhor para reforçar as cada vez mais débeis condições de segurança em que somos obrigados a deslocar-nos.
Pois bem!
Hoje de manhã, quando estava a cumprir uma das tarefas diárias de que mais gosto, o dar de comer aos cães e de seguida dar com eles uma passeata pelas redondezas, tarefa essa que decorre a cerca de cinquenta metros de casa, de lá ouvi um grito da minha mulher, audível como se estivesse ao meu lado.
Adivinhem-se os decibéis necessários para o efeito!
Não havia trovoada, não senti nenhum tremor de terra, nada na pacatez desta terra seria capaz de originar tamanha reacção a não ser um incêndio, uma queda desamparada ou um qualquer desabamento inesperado. Estou mesmo em crer que para ter ouvido semelhante grito toda a aldeia o deve ter ouvido.
Larguei de forma desabrida a correr até a casa e de todo descansei quando vi a minha mulher à porta, sem sangue nem aspecto de lhe ter caído a casa em cima, nem de lá se vislumbrando vestígios de fumo que indicasse fogo.
Parei e com a voz entrecortada pela necessidade de meter ar que me faltava nos pulmões, perguntei o que se passava, respondendo-me com um gesto – Olha ali! Um bicho! - tudo isto dito com um ar apavorado e uma voz tremelicante.
Aproximei-me e descortinei então um lagartito, mais morto que vivo, pouco maior do que o símbolo da Lacoste, que se arrastava por entre os vasos da varanda, saído de forma inadvertida do seu refúgio de hibernação.
A minha mulher, estarrecida, apenas conseguia articular as palavras - mata-o!mata-o! Fez-me lembrar uma música que há uns anitos andava na boca de toda a gente e que rezava mais ou menos assim: É o bicho, é o bicho! Vou-te devorar, crocodilo eu sou!
Depois de lhe ter dado uma vassourada atirei-o para o meio da courela do vizinho. Talvez ali possa encontrar o sossego que não conseguiu na Courela das Rosas.
Pode ser também que este grito lancinante da minha mulher me tenha devolvido parte da audição perdida.

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Fado Alegre (ADIAFA)

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quarta-feira, fevereiro 03, 2010

Fado triste - Vitorino & Elba Ramalho

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Politiquices e futebóis

Cada vez que vou ao barbeiro, onde gasto cerca de vinte minutos por mês, tenho sempre a sensação de que não acabou a PIDE porque as conversas de circunstância que ali se desenvolvem, andam sempre à volta do muito bom ou do muito mau que se passou, na política, nos últimos dias.
O tirar nabos da púcara está-lhes na massa do sangue e não perdem oportunidade de saberem o que se passa à sua volta. Provavelmente nem sabem o que fazer com esta informação.
Em alternativa, há as últimas do futebol, no caso, do Benfica, de que aqueles baetas são fanáticos seguidores.
Sabem tudo e têm os remédios fundamentais para que os encarnados ganhem este ano o campeonato, ou a Liga Sagres, ou lá o que é.
Mas há uma tristeza, neles, que é o facto do Sporting não estar na liça. Ganhar um campeonato sem ter como adversário directo aquele clube, não tem o sabor que esperam há já tanto tempo.
Será que não se alterou nada nestes anos todos no que toca aos hábitos e interesses destes profissionais, ou será que nada mudou no género de conversas que os seus clientes lhes impõem?
Será que tudo se resume, nesta vida, a politiquices e futebóis?
Provavelmente é! Pelo menos no meu barbeiro!

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