quinta-feira, fevereiro 18, 2010

Pilares da Democracia


A liberdade de expressão é um dos pilares da democracia, embora não seja o único.
Muito nos preocupamos com o que se não diz, mas talvez nos devêssemos preocupar mais com o que dizemos e com a forma que utilizamos para o fazer. A Net tem sido palco de enormes atentados à democracia, por excesso.
Fala-se muito e pouco ou nada se diz de interesse.
A Democracia ainda está a funcionar entre nós. Nem sempre apadrinhada por quem jurou cumprir e fazer cumprir a Constituição, mas defendida por quem se obriga por dever de consciência e necessidade de por ela lutar e a trazer a público todas as tentativas de a amordaçar.
O que admira, no meio disto tudo, é a torpeza de ser vilipendiada por quem mais dela clamou, quando não existia.
Sabendo todos que a Democracia assenta noutros dois pilares absolutamente necessários ao seu equilíbrio e sustentação, que são a Justiça e a Saúde, não se entende que os mesmos tenham vindo a degradar-se duma forma tão desregrada e perigosa e pouco ou nada sobre eles se diga ou questione.
Ao deixar-se entrar nestas áreas os interesses económicos, sabe-se que o seu fim está próximo.
Quando os cuidados de saúde estão a ser desviados da proximidade de quem deles necessita e entregues em termos de qualidade e quantidade à iniciativa privada, tornando-os um negócio da China, está a ser delapidado o erário público que é escasso para todas as outras necessidades prementes e estamos a fazê-los depender de quem tem dinheiro para os pagar.
Quando os interesses dos grandes laboratórios impõem aos serviços de saúde as suas regras e financiam campanhas de desinformação, criando clima de grande instabilidade psicológica, obrigando a vacinações massivas desnecessárias e eventualmente perigosas, mal vai a aplicação de cuidados médicos e dos seus custos.
Quando se permite, sem a mínima justificação, o uso de meios auxiliares de diagnóstico escusados, está-se a contribuir desnecessariamente para o encarecimento das despesas de saúde e a engordar de forma escandalosa os centros privados de diagnóstico.
Quando os serviços de justiça não são céleres na atribuição de culpas e deixam depender as decisões de quem tem maior poder económico para pagar a advogados ou laboratórios investigações técnicas ou científicas, mal vai a aplicação da justiça.
Quando se manuseia a fuga de informações, por forma a fazer pender as decisões dum prévio julgamento público, mal vai a aplicação da justiça.
Quando se protelam diligências por forma a deixar cair no esquecimento ou na figura jurídica de prescrição, processos crime envolvendo figuras proeminentes ou indiciadores de graves manobras político-partidárias, mal vai a aplicação da justiça.
Ainda restam algumas esperanças de que a razoabilidade tome conta dos nossos governantes e governados, fazendo-os recuar na corrida desenfreada para o descalabro político e económico, devolvendo a uns quantos saudosistas, de mão beijada, a pá com que hão-de enterrar a democracia, tão suada de conseguir e de viver.

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