domingo, maio 31, 2009

A Onda dos Chats

Primeiro os Blogues, os My Space, depois os Hi5 e agora os FaceBook. Não sei se há mais algum site deste género na Net mas estou em crer que se não há, irá haver rapidamente.
Os primeiros mais dados à escrita, à partilha de ideias e de talentos, porque não? Os outros à troca de fotos, de contactos, à partilha de memórias comuns.
Este último, um sucesso! Uma ocupação de gente importante sem nada de mais útil para fazer!
De qualquer forma, um local de encontro muito usado e que tem servido para juntar gente separada geograficamente mas unida por recordações, por saudade, por desejo de convívio.
Alguns destes locais na Net unem discursos actuais com imagens velhas e discursos velhos com imagens actuais.
Todos estes locais relembram a necessidade das pessoas falarem umas com as outras, tantas vezes esquecida nas relações familiares, laborais e até lúdicas.
As conversas de café, os convívios de bisca lambida ou de bridge, os sussurros de almofada, praticamente não existem, sendo substituídos por telenovelas, pelo ginásio e por escapadelas que mal dão para tirar a roupa e tomar banho.
O convívio virtual tem vindo a substituir o real com a vantagem de disfarçar rugas, de ganhar tempo nas respostas, de fabricar emoções e sobretudo evitar o sobressalto da perda.
Ganham-se amigos virtuais na razão directa dos reais que se perdem.
Os tímidos tornam-se atrevidos e os atrevidos têm margem de manobra para actuar.
Os Chats tornaram-se, pois, os únicos espaços de partilha para muita gente que não tem tempo, jeito nem gosto por fazer amigos reais, que chorem ou riam com as suas amarguras ou alegrias.
Aqui, tudo é faz-de-conta! A sério!

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sábado, maio 30, 2009

Ginjinha....com elas!

Este ano, foi para mim o ano mais gratificante em termos de produção frutífera.
Pela primeira vez, uma das frutas que mais aprecio, a cereja, deu para me deleitar a comer nelas e, ainda deu para distribuir pelos colaboradores e amigos, numa produção global que deve ter rondado os vinte quilos.
Isto tudo além duma cerejeira que deixei propositadamente desprotegida de rede para alimentar um bando de melros salafrários que me não dão descanso ao pomar.
Já pensei em usar dos meios cinegéticos para lhe pôr cobro, mas depois não sou capaz. Faltar-me-iam as suas cantorias de sol rasante – nascimento e ocaso – para meu conforto e encanto.
Além das cerejas, também as nêsperas ou magnórios, para os ouvidos sensíveis do pessoal do Norte, saíram de boa qualidade e paladar, furtando-se uma das nespereiras a uma programada poda pela raiz, como diz o meu amigo Graça.
As framboesas começaram também a produzir em força e qualidade, como já vem acontecendo há alguns anos.
As perspectivas do resto das fruteiras não são nada más, apresentando-se as pereiras e macieiras com os frutos grados e aparentemente sãos e as videiras a limpar bem.
Resta esperar que os figos não sejam dizimados pelos desalmados estorninhos que nem os costumam deixar amadurecer na árvore.
Estes pássaros, fazem-me lembrar algumas pessoas que debicam onde podem e onde não devem com a única diferença de que estas não deixam rasto ou, quando eventualmente o deixam, outras se encarregam de apagar.

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domingo, maio 24, 2009

“Adelante Rocinante”

O discurso político aí está! Com insultos pessoais, com verborreia própria duma escola de Espinho!
Sobre a Europa, quase nada! Mais parece um torneio de abertura para preparação dos grandes embates das Autárquicas e Legislativas, essas sim, as competições da Taça e da Liga.
Joga-se agora mais pelos extremos, incluindo a linguagem, abrindo espaço para uma táctica mais centro campista nos embates determinantes.
Aproveita-se para se mostrar ligações internas ou externas e o poder das claques. Os sorrisos escarninhos, as falas exaltadas, os olhares felinos com que se trocam invectivas, não abonam praticantes nem treinadores.
Seria esperável que uma democracia de mais de trinta e cinco anos tivesse mais para oferecer que discursos repetitivos, agarrados a palavras de ordem já gastas pelo correr dos anos, afastados dos seus objectivos formativos e informativos, capazes de ajudar a um voto mais objectivo e consciente dos eleitores.
O partido do governo parece apostado em seguir as pegadas do seu congénere espanhol, detentor da bota de ouro da crise que vivemos. Até se obriga a “hablar" a língua de Cervantes.
A sua principal oponente não dispõe de imagem televisiva nem facilidade discursiva capazes de estabelecer qualquer diferença para melhor.
Restam os eternos subalternos em busca duma réstia de esperança nestes jogos de voto útil.

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quinta-feira, maio 21, 2009

O Veículo do Futuro

Não defendo a professora! Não defendo a aparente postura da professora!
Não defendo as professoras, nem os professores! Pela postura que permitem aos alunos nas suas aulas!
Uma coisa leva à outra e talvez a professora se tenha deixado levar pelo clima gerado à sua volta, que também é culpa dela.
As escolas são locais de ensino-aprendizagem, onde é pressuposto os professores ensinarem e os alunos aprenderem. Não o inverso!
Se os alunos não aprenderem mais do que aspectos técnicos e científicos, o que se pode esperar da sua contribuição tão necessária ao desenvolvimento do País, nos aspectos sociais, culturais, humanos? Duma forma condensada aos aspectos de relações interpessoais que são aquelas que mais irão usar ao longo da vida?
Como é possível a construção dum país mais justo, mais fraterno, mais solidário se esses valores não começarem a ser cultivados deste tenra idade nas escolas?
Que interessa manter alunos até ao 12º ano nas escolas, nestas condições?
Não meus amigos educadores, pais, e todos os outros intervenientes no processo ensino-aprendizagem. Se quisermos que os nossos filhos não andem a perder tempo nas escolas, vamos todos dar-nos as mãos e inverter todo este processo de dissolução de valores básicos numa sociedade que se deseja e quer justa.
Vamos estatuir os direitos e deveres dos professores e alunos no que concerne ao seu relacionamento dentro e fora das escolas.
Duma vez por todas, façamos com que este caso desta professora sirva para mais alguma coisa do que arranjar um bode expiatório para todo um sistema pervertido que faz das escolas local de aprendizagem criminal para os alunos e de expiação e penitência para os professores.
Façamos das escolas uma catedral da fé nos valores democráticos duma sociedade livre, mas cumpridora dos seus deveres e obrigações.
Não deixemos que se cave um fosso intransponível entre escola pública e privada, baseado na forma como estes valores são geridos.
Só as classes sociais mais desfavorecidas terão a ganhar com isso, já que dificilmente terão oportunidade de acesso ao ensino privado neste país.
Isto é imperioso! Muito mais do que um novo aeroporto ou dum TGV. A nossa ligação ao mundo que nos rodeia será muito mais rápida e segura se todos tomarmos este veículo lento mas que teremos a certeza de chegar um dia ao ponto desejado – o nosso orgulho de país desenvolvido e educado.

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quinta-feira, maio 14, 2009

S.to António de Bissau

Hoje, ao ver o programa sobre a guerra colonial, na RTP1, pareceu-me ter entrado na máquina do tempo.
Chegou-me o cheiro pútrido da mata sombria e húmida, que abafava o ruído dos nossos passos. Chegou até mim o silêncio dos momentos de grande tensão que antecediam o matraquear das armas. Senti o suor correr-me por dentro da alma encalorada e esbaforida.
Mas senti também que fomos todos um pouco enganados. Nós, porque fizemos uma guerra que não queríamos com resultados negativos. Eles, que fizeram a guerra que quiseram, mas não lucraram com a vitória. No final todos perderam. Todos perdemos.
No tempo do Spínola na Guiné, os guinéus gozaram dum estatuto que nunca haviam tido nem nunca mais tiveram. Foi-lhes reconhecida uma cidadania que nós, militares, não conhecemos ainda hoje.
As populações sob a nossa vigilância e protecção, de alguma forma, gozavam duma prosperidade e apoio sanitário que nunca haviam tido. Houve evacuações para Bissau de parturientes, por helicóptero, coisa que nós hoje ainda não temos por cá.
Os médicos e enfermeiros das unidades militares fizeram maravilhas na prevenção e combate das doenças endémicas conseguindo praticamente erradicar a doença do sono e controlar o paludismo.
Bastava aos africanos não gostarem duma qualquer medida que muitas vezes os militares eram obrigados a tomar para sua própria segurança ou protecção, para logo se ouvir dizer por parte dos "homens grandes" que iam "fazer queixa no Spínola".
Adivinhava-se que o PAIGC iria reagir de forma violenta à tentativa quase conseguida de separar as populações primeiro e os próprios combatentes depois, da sua estrutura de comando, integrando-os no sistema de defesa colonial.
Estes projectos do Spínola não eram apadrinhados na totalidade por Lisboa. Ele próprio remava contra a maré.
Spínola acabou por ser não só o Governador e Comandante-Chefe da Guiné como uma espécie de Santo Padroeiro.
Por brincadeira mais do que por racismo corria uma piada em Bissau sobre ele, que rezava assim:

Santo António de Bissau
És de todos o mais casmurro
Do preto queres fazer branco
E do branco fazer burro

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segunda-feira, maio 11, 2009

Flecha do Divor

Olá!
Já me esquecia de que tenho um blogue que já ninguém visita porque se acabaram as razões para o fazer, da mesma forma que me tem faltado vontade para escrever.
Por variadas razões. Porque tenho andado às voltas com um siso incluso que extraí ou com a falta dele, porque tudo o que me rodeia me não inspira pelo vazio que lhe encontro, porque nem sempre as coisas saem a contento. Porque… o Benfica só me dá alegrias.
Voltei-me para o Flecha, um cachorrito setter inglês que adquiri e que me tem enchido os dias com a sua traquinice, a sua sofreguidão tornada gastroenterite com internamento e soro.
O nome foi-me sugerido pelo meu neto Francisco, depois de alguma relutância em o aceitar, porque não é muito sonante para chamamento e treino, além de que seria mais bem aplicado numa cachorra – a Flecha e não o Flecha.
Mas nomes são nomes e a ele tanto se lhe dá ter nome feminino ou masculino. Coisas dos homens, não dos animais.
Mas o Flecha tem outro defeito além da garganeirice já demonstrada. Tem a ponta do rabito roída pelos seus irmãos ou irmãs. Provavelmente por inveja. Só pode ter sido. Ele é lindo e a inveja e o ciúme não perdoam, mesmo no reino dos canídeos.
Espero bem que o tempo lhe reponha a beleza duma cauda bem farfalhuda, como manda o figurino, que lhe sirva para além do pavonear–se, de que já dá mostras, enxotar as moscas que o aflijam.
Hoje em dia, com a porcaria que por aí anda, moscas não devem faltar. A nós, também nos daria jeito uma cauda para as sacudir e um bom desodorizante para lhe evitar o cheiro.

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