segunda-feira, março 29, 2010

Quem és tu
Que me empurras quando hesito
Que me agarras quando estou à beira de cair
Que assinalas o trilho quando perdido estou
Que dás força para suportar o peso que carrego
Que fazes rir os meus olhos de água
Que fazes da dor este poema?
Eu?
Eu, sou a vontade indómita de ser!

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sábado, março 20, 2010

Vento de Repriquetes

Bolina vai preparar para navegação com mau tempo, fechando vigias e escotilhas para manter a estanqueidade e flutuabilidade, peando aprestos e outros materiais móveis para garantir a necessária estabilidade e correr com o tempo, largando se necessário âncoras flutuantes.
Com adriças sob volta, prontas a arriar, entrega-se nas mãos de Neptuno, rei e senhor dos mares, esperando não fazer da quilha portaló.
Há que garantir cair fora do semi-círculo perigoso que envolve o núcleo da tempestade em movimento e que um mestre distraído e disléxico definia como sendo
o semi-círculo dentro do qual, os navios que estão fora dele não correm perigo”.
Após a procela, se não muito enxovalhada, Bolina cá estará para navegações mais repousadas à bolina folgada.

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sexta-feira, março 19, 2010

Dia do Pai

Ser Pai, é ser unicamente uma presença. Constante, conspícua, disponível, desejada e requerida.
Saber ouvir mais do que ouvir-se.
Dar mais respostas que formular perguntas.
Apontar mais do que impor.
Olhar para lá do horizonte visível e saber esperar.
Deitar-se na esperança de que não acordará num lar ou num asilo.

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quarta-feira, março 17, 2010

O Sobe e Desce


Não se trata de preços, porque esses não descem nunca. Trata-se do nível de riqueza dos portugueses. Aí, sim! É um verdadeiro sobe e desce. Desce a qualidade de vida e o poder de compra e sobe o endividamento.
Mas atenção que não é para todos! As crises nascem porque são necessárias ao mundo dos negócios. O capital torna-se mais caro e, portanto quem tem que o comprar deixa lá o couro e o cabelo.
O dinheiro que deveria ser um bem social, tornou-se o mais abjecto dos instrumentos de tortura social.
As deduções ao IRS baixaram ou extinguiram-se, logo os impostos subiram. Os salários são congelados, o que significa que o poder de compra desceu. O número de funcionários públicos vai descer, o que significa que o tempo de espera e de resolução dos problemas nas repartições públicas vai subir.
Enquanto as preces se elevam aos Céus, de lá abate-se sobre elas a ira divina.
Todos os dias desce o número de trabalhadores nas empresas e sobe em flecha o número de desempregados que engrossam os encargos sociais com subsídios de emprego e muitas vezes nem isso.
Parece que de facto só os números interessam. As pessoas, não. Essas que se lixem!
Isto dos países serem habitados por pessoas é de facto uma chatice.
Chamem-se os economistas e os financeiros e logo se ouve dizer-lhes que isto só se cura se descerem os salários e subir o desemprego, para que as empresas possam subsistir e engordar, não tendo que aturar as reivindicações dos sindicatos.
Os lisboetas já conhecem este sobe e desce de há muito - junto à estação do Rossio, ou nos elevadores de Santa Justa, da Glória, do Lavra ou da Bica.
Mas qualquer dia, nem para esses sobes e desces há dinheiro que chegue.

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sábado, março 13, 2010

Sonhos estrelados


Estou em crer que todos temos uma estrela dedicada e cintilante que nos enfeita a noite e nos ilumina os sonhos.
Não sei o nome da minha mas vejo-a lá no alto, empoleirada, espreitando-me a cada instante da longa caminhada até ao amanhecer.
Sussurra-me, como o antigo ponto do teatro, dando as entradas, aponta-me as marcações, sugere-me o gesto e a expressão.
Brilha com as minhas alegrias e sucessos, esbate-se-lhe a luz na névoa das minhas preocupações e anseios.
Em cada ocultação sua sinto o frio gélido do nada devassar-me a tranquilidade do sono.
Acordar, é cada vez mais um acto doloroso, sem estrelas e sem sonhos.

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sexta-feira, março 05, 2010

As cores deste Inverno alentejano

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O Cabo das Tormentas

"Eu sou aquele oculto e grande Cabo
A quem chamais vós outros Tormentório,
Que nunca …. "
Lusíadas, Canto V, Est.L

Todos temos o nosso Cabo das Tormentas, que tentamos dobrar com maior ou menor dificuldade.
A bolina cerrada a que me obrigo, neste momento, não sei se dará para o conseguir num só bordo.
Tentarei a manobra de virar em roda se a tanto for obrigado, mas prefiro sempre manter o vento de amura, enfrentando a procela, mesmo que me imponha vários bordos.
Retorno aqui à minha frase de apresentação do blogue – dai-me a rota mais difícil e percorrê-la-ei. Não, agora, com os meus companheiros de bolina, porque é uma rota solitária, sem destino certo e com escolhos.
Navegarei por rectas de direcção e distância, tentando manter proa firme ao Sol Nascente.
Evitarei fundos esparcelados e manter-me-ei atento aos odores do alecrim, dos coentros e da alfazema.
Resistirei à tentação do azeite e do alho e desconhecerei a obstinação do pão de trigo.
Um dia chegarei e beberemos e decilitraremos.
O Cabo das Tormentas é também o da Boa Esperança.

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