terça-feira, junho 24, 2008

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segunda-feira, junho 23, 2008

Transportes Públicos de Passageiros

Estive ligado alguns anos aos transportes públicos colectivos de passageiros, onde me foi possibilitado contactar a realidade que ali se vivia.
Houve tempo em que acreditei que os transportes fluviais estavam bem à frente nas preferências do utilizador pela comodidade, pela frequência, pela rapidez e pela segurança. Alguns inquéritos apontavam nesse sentido.
Hoje, as coisas parece terem evoluído de forma diferente e foi com agradável surpresa que constatei a pontualidade, a cadência, o conforto e a segurança da Rede/Expressos, dos comboios suburbanos onde a pontualidade ronda os segundos, onde a comodidade é bastante aceitável e a informação aos passageiros foi tomada a sério, nas plataformas de embarque.
O terminal multimodal de Sete Rios, permite agregar os modos ferroviários – comboios e metropolitano – assim como os rodoviários da Rede/Expressos, estabelecendo entre eles ligações fáceis e extremamente úteis para quem chega à Capital vindo do interior do país ou tão somente das regiões suburbanas.
É bom que Lisboa esteja bem servida de transportes públicos tal como constatei, mas era bom que essa realidade não se ficasse só por ali e se estendesse a todo o país.

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domingo, junho 22, 2008

Os Santos Populares

Uma das características da idade avançada é a possibilidade de fazer mergulhos na memória e análises de déjà vu.
Os santos ditos populares, já não o são. Comer uma sardinha assada é quase uma dádiva divina, dada a escassez e o preço. Balões de S.João só na nossa imaginação, já que só se conseguem encontrar aqueles de plástico com feitios de peixes, cisnes e outros desencantos, cheios a hidrogénio e que fogem da mão das criancinhas, como o diabo da cruz.
Pular a fogueira, só se for da que nos arde na carteira, pois até a que ardia no peito se foi apagando no tempo, estando agora em fase de rescaldo.
Embora nunca tenha sido grande entusiasta de festejos obrigatórios, reconheço que os havia para quem tivesse a disposição e o desejo.
Hoje cheira tudo um pouco a enlatado, incluindo a Feira dita de S.João, mas que na verdade serve para festejar o S.Pedro, feriado municipal do Concelho de Évora.
Nesta altura, vinha o pessoal dos campos à cidade com a sua melhor roupa domingueira ou a estrear, as meninas sempre sob o olhar protector da mãe-galinha, os rapazes entregues a si mesmos num banho de cidade, que só se repetiria muito provavelmente no ano seguinte ou quando viessem às sortes.
Feirar, significava ir à feira e fazer umas compritas, poucas e baratas, mas que dessem nas vistas ou fossem úteis.
A malandragem citadina, debaixo dos arcos, metia-se com as raparigas e com as mães com ditos do tipo “Oh Tizinha, quer vender a franganinha?”
A maior parte das vezes era preciso fugir dos guarda-chuvas que também eram usados como arma de arremesso ou como guarda-sóis por esta gente avisada, que apesar de viver a maior da sua vida ao sol, sabia bem o que era sofrer-lhe as consequências, nestas tardes de canícula.
Hoje já não há gente nos campos e a da cidade não tem alma. Vive na torpeza do dia a dia, no desencanto do faz de conta, na imitação dos heróis do pequeno ecran, que lhe entram pela porta dentro sem serem convidados e lhe impõe costumes, gostos e comportamentos estranhos.
A inocência perdida, não impõe a perda da dignidade e essa, apesar do esforço de destruição que sobre ela se exerce, julgo que ainda se mantém, não digo incólume ou impoluta, mas a nível aceitável, como referência que ainda o é desta gente que teima em querer festejar os já cansados e gastos santos populares.

S.António já se mandou
S.João está-se a mandar
S.Pedro já se pirou
Não sei onde os encontrar

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sexta-feira, junho 20, 2008

Quadras p'ra pulares (Como diria o meu amigo Saias)


Sem concurso, mas em desgarrada, aqui vão três quadras da época, fresquinhas, porque sairam mesmo agora do frigorífico.

Meu querido S.João
Sempre agarrado ao cordeiro
Larga lá o bicho da mão
Vem brincar ao João tripeiro

Com alho-porro na mão
Direito ou mesmo torto
Vai brincar meu S.João
P’las ruas do teu Porto

Se lá vires o Pintinho
Dá-lhe um grande bofetão
Nunca mais tem juizinho
Esse tão grande morcão

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quinta-feira, junho 19, 2008

Revolução da Esperança


Há muito que não sentia a política como instrumento de paz e justiça, como grito de liberdade e esperança, como rampa de lançamento de solidariedade e humanismo.
Por ironia do destino, tudo isto me foi servido em salva de prata por quem menos esperaria – Mário Soares.
Uma entrevista na RTP com Hugo Chavez, mandado calar nas chancelarias americanas e europeias, que colocou as suas dúvidas, ansiedades, esperanças e certezas acerca do mundo que todos os dias nos parece mais injusto, inseguro e pobre, com um discurso sereno mas firme, de uma dimensão social e humana espantosa, ecoando como carrasco na nossa consciência pesada, mas também como piedosa desculpa pelo esforço que temos feito em prol da democracia participativa, segundo a sua visão.
Não deve ser fácil ser vizinho do país mais poderoso do mundo e ter que o enfrentar diariamente, em todas as frentes que lhe vão abrindo.
Falou das iniciativas em curso na América Latina para dar resposta à crise energética, com soluções curiosas para os países mais pobres ou com crises económicas mais graves, em que o petróleo e seus derivados é pago total ou parcialmente em géneros, voltando aos primórdios civilizacionais do sistema de trocas. Do Uruguai vêm vacas leiteiras prenhas, da Argentina tractores.
Na criação dum mercado alimentar, o Mercal, que já serve géneros alimentícios a cerca de treze milhões de pessoas a preços 150% abaixo dos preços do mercado livre, com resultados positivos na produção e na satisfação das necessidades básicas alimentares de muita gente.
Rebelou-se contra a crise alimentar fomentada pela corrida aos cereias para produção de biodiesel e etanol. Disse que na Venezuela estão recorrendo à produção de etanol a partir unicamente de cana de açúcar, como aditivo da gasolina, tornando-a menos poluente.
Foi essencialmente uma conversa de esperança, num mundo refém das políticas hegemónicas americanas, que me fez aflorar por mais duma vez as lágrimas aos olhos.
Julgo, que pela primeira vez na minha vida, tenho que agradecer alguma coisa a Mário Soares pela capacidade que tem de ainda me conseguir surpreender, aos oitenta e três anos!

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segunda-feira, junho 16, 2008

O Melro - Parceiro Social


Os velhacos dos melros estão nas suas sete quintas, nesta época. Não lhes falta fruta para debicar, desde as peras de Sto. António que já estão madurinhas, aos morangos, às ameixas que começam a aloirar ou avermelhar, às framboesas bem negrinhas, ou, às minhocas da relva depois de regada.
Uma dieta variada, seguida de verdadeiras sinfonias de trinados e gorjeios e de exercício físico na arte de bem namorar ou de espantar intrusos da sua vida familiar.
Não param de todo desde os primeiros raios de luz matinal, até já necessitarem de mínimos acesos no fim do dia.
Atrevidos embora desconfiados, não resistem a uma boa caçada de minhocas mesmo nas nossas barbas, empinando-se no meio da relva, até encontrarem a sua presa que carregam para o empedrado em volta, onde então se banqueteiam, voltando de imediato à liça.
Se fossem humanos, deveriam pesar mais de cem quilos, face ao seu apetite insaciável.
São comilões e cantores inveterados.
Algures pelas bandas da Moita, parece ter havido já quem conseguisse por a cantar ou a assobiar um destes tenores, um pasodoble, música de eleição dos aficionados daquela localidade ribatejana.
Gostava de ser capaz de lhes ensinar uma musiquinha alentejana, para ver se os adormecia e deixavam de ser tão concorrenciais nas colheitas de Verão.

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domingo, junho 15, 2008

I Can Do Better

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Vazio ou Espaço Não

Imagem daqui

São muitas coisas ao mesmo tempo para gerir, que me têm mantido afastado deste espaço: eventos funestos, gripe, obras a que é necessário dar assistência, rotinas jardineiras e hortofrutícolas e por fim os futebóis em que nos vamos deixando ir.
Não é fácil manter este diálogo, ou monólogo não sei bem, com a regularidade que gostaria, com o interesse que desejaria tivesse, com a irreverência a que a mim próprio já me habituei.
Costumava adornar o espaço com animações fotográficas, dar-lhe música ao meu gosto, moderna ou nem tanto, criar-lhe intervalos menos prosaicos com memórias ou rimas gastas pelo tempo.
Não vão as coisas saindo como quero, não me posso dar ao luxo de lucubrações sobre nada ou coisa nenhuma, mas quase acaba sendo o que estou agora fazendo.
Houve alguém que disse que “é preferível dizerem mal de mim do que nada dizerem”. O nada é a ignorância da pessoa ou do que quer que seja.
Mas, para que as pessoas ou as coisas não caiam no esquecimento é preciso que vão aparecendo ou que aconteçam.
Por outro lado, há quem diga que só se aprende a escrever, escrevendo. Ora, o que tem acontecido ultimamente comigo é que tenho a sensação de que, cada vez, escrevo pior. A prosa não me sai fácil e ligeira. Os assuntos não me atraem. Os interesses estão centrados nas preocupações do dia a dia e não me dão espaço de análise que permita, ao menos, dizer mal de alguém ou de alguma coisa.
Hoje vou vingar-me na Selecção! Não porque perdeu, mas porque não fez nada para ganhar!
Está, como eu hoje, vazia!

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quinta-feira, junho 12, 2008

Não vá! Telefone!


Por compromisso havido, tinha que deslocar-me a Lisboa. Uma vez que tinha problemas com o carro, planeei a deslocação de comboio, no Intercidades.
Consultei a Internet e confirmei a saída de Évora às 0644h que parecia perfeito para quem tinha que estar na capital às nove.
Chegado à estação, uns dez minutos antes, sou informado na bilheteira de que não havia Intercidades desde o dia 6 de Junho. Indagado, o funcionário não me soube dar explicação para o facto de o site da internet da CP manter a indicação das carreiras referidas, permitindo até a aquisição de bilhetes por aquela via.
Parece incrível que seja interrompido um serviço destes e não haja aviso adequado junto do público, para não falar já na página oficial da empresa.
Por acaso a coisa remediou-se pois ainda fui a tempo de apanhar o Rede/Expressos das 0700h, que me permitiu chegar a horas a Lisboa.
Com este tipo de serviço quem pode apostar no transporte ferroviário, como solução para o excesso de trânsito rodoviário?
Em grande parte dos países europeus, os transportes suburbanos e mesmo as principais ligações entre cidades estão garantidas por comboios, com horários que servem as necessidades dos clientes e com condições de pontualidade e conforto que os torna não só alternativa como os faz assumir a preferência dos utilizadores.
Se não somos capazes de gerir comboios convencionais, com gastos relativamente pequenos, como iremos rentabilizar o TGV, de custos onerosos na construção de infraestruturas, de operação e manutenção?
Como queremos levar as pessoas a utilizar os transportes públicos se não lhes garantimos frequências e pontualidade, segurança e comodidade?
Como vamos poder acreditar nas empresas que nem se dão ao trabalho de manter os seus clientes informados e que não alteram em tempo oportuno, que em negócios é tempo útil, as informações disponibilizadas pela Internet?
Julgo que cada vez mais teremos de aceitar o slogan– "Não vá!
Telefone! "

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quarta-feira, junho 11, 2008

Doenças à parte, viva a Selecção

Quando entra a moléstia, não há santinhos que nos valham! Além disso, tenho andado bem arredado dessas práticas religiosas, o que faz, com que me encontre fora da graça de Deus.
Começou com uma dormência em dois dedos da mão esquerda, continuou-se com dores nas costas e variações de tensão brutais, com 18/12 no braço esquerdo e 14/10 no direito.
Para compor o ramalhete, estou com uma gripada dos diabos, que de noite não me deixa respirar e de dia entupindo-me as vias respiratórias, não me deixando descansar durante a noite.
Depois de corrigida a tensão por receita médica, começou a doer-me o estômago, a ter os tornozelos ligeiramente inchados.
Apesar de beber água em quantidades industriais, as xixizadas não são propriamente o meu forte.
Não é só tempo que não presta, sou também eu. Eu e a Cesária Évora, que já cancelou a maior parte ou a totalidade dos concertos agendados para este Verão.
Estou a ver que também tenho que cancelar os meus!
Disto tudo, safa-se a Selecção e o Cristiano Ronaldo!
Não há dúvida de que a DECO actuou e de que maneira.
O Nuno afinal foi só fumaça. Desta vez nem acertou na madeira. O Quaresma desenfiou-se com um golo oferecido de bandeja, pelo companheiro.
O rapaz sabe como as coisas funcionam nas UEFAS e lá vai preparando a imagem! É bom que assim seja, apesar dos meus trinta e nove graus, à sombra…

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segunda-feira, junho 09, 2008

Se a Selecção jogar, como eu quero...


Começo a acreditar que temos “Selecção” e que até somos bons.
Também já acredito que o Nuno Gomes não é assim tão mau como no Benfica parece.
Será que o Scolari oferece cargas de porrada aos gajos e que os põe a jogar, quer queiram, quer não? Ali há coisa!
O Cristiano jogou para a equipa, tendo feito umas assistências primorosas e também castigou a madeira. Só fez caretas por três vezes, o que deve ser record nacional absoluto.
Mas a magia apareceu onde eu a adivinhava havia tempo. No Moutinho. De pequena estatura, mas de uma têmpera espantosa e, apesar da tenra idade, um verdadeiro senhor a meio campo e a tratar a redondinha.
Nos portugueses de importação, não é que o podão do Pepe até foi "Pepe Legal"? Quanto ao outro, tenho que me queixar à DECO pois que, ou já está fora de prazo ou tem peso a mais.
De qualquer forma um meio campo de luxo, que não obrigou o Petit a partir nenhuma perna a ninguém e que foi reforçado por outro minorca de grande fibra que, praticamente, a primeira vez que tocou na chicha foi para marcar um golaço.
Desta vez os turcos viram-se gregos connosco.
E com isto até me esqueci do preço do petróleo, da carestia de vida, da greve dos camionistas e da crise que se instalou entre nós faz tempo.

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quinta-feira, junho 05, 2008

A Cor da Rosa

(da Wikipédia) Mimetismo consiste na presença, por parte de determinados organismos denominados mímicos, de características que os confundem com um outro grupo de organismos, os modelos. Essa semelhança pode-se dar principalmente no padrão de coloração, textura, forma do corpo, comportamento e características químicas, e deve conferir ao mímico uma vantagem adaptativa.

Também ali se diz, que não deve ser confundido com camuflagem, que em termos estratégicos pretende impedir a detecção, enquanto o mimetismo, não a impedindo, confunde apenas o organismo-alvo que o toma por outro do qual copiou o modelo.
Alguns organismos usam-na para evitar os predadores, outros para atrair as suas vítimas ou presas.
A coloração é um dos parâmetros físicos mais mimetizados, chegando alguns animais a mudar de cor em função do ambiente envolvente. Para isso, usam células especializadas contendo pigmentos de cores diferentes, que vão contraindo ou dilatando em função da paisagem em que se movem, normalmente de forma lenta.
O camaleão é de todos o mais conhecido. A sua cor muda de acordo com o tipo de fundo no qual se encontra.
Pois é!
Fala-se de cores e, nestas, podemos incluir as políticas! E aí também vai uma grande confusão!
Enquanto alguns se mimetizam de cor-de-rosa, outros há que já vão carregando na cor, aqui e agora.
A propósito de cores, ocorreu-me uma estória que por estas bandas se conta acerca de um conhecido lavrador, de muita terra e manha e poucas letras. Numa feira de gado das redondezas terá dito o tal senhor, enquanto negociava umas bestas, que tinha lá um burro cor-de-rosa que não trocava por muitas das cavalgaduras ali presentes.
Os circundantes logo desdenharam da invectiva, retorquindo que só pintando a alimária isso seria possível. Pois que nada, respondeu o lavrador de pronto, propondo uma aposta aos incrédulos, no valor duns contos de réis. Não lhe faltaram apostantes.
A falácia mostrou-se válida e a aposta ganha, quando o lavrador perguntou candidamente se algum dos presentes nunca tinha visto uma rosa branca.
Nesta vida até os burros mudam de cor, quando Deus quer.
A dúvida que se põe neste momento é, saber se se trata de mimetismo por parte de alguns ou de daltonismo por parte duma grande maioria!

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domingo, junho 01, 2008

Outro Alentejo


Serranias em toda a volta. Sobro e azinho. Adivinha-se o Guadiana lá em baixo. Paisagem agreste mas ainda verde pelas chuvas que ultimamente têm caído e permitido que nos vales se tenha semeado um pouco de girassol e meloal. Mais para a caça do que para colher. As rolas ou atrasaram a sua viagem por falta de ventos de feição ou já não vêm. Aqui e ali saltam os perdigões, já que as fêmeas protegem as ninhadas acabadas de nascer. O gado espalha-se pelas encostas dentro das cercas com portadas de arame que é preciso ir abrindo.
Ouve-se o silêncio cá de cima, onde o conforto da mansão empoleirada no alto do monte, nos permite desfrutar a solidão como coisa nossa, não partilhada.
O Pulo do Lobo fica um pouco mais para jusante, lá onde o Rio, saído das barragens, ainda mantém a sua traça inicial.
As nuvens de grande desenvolvimento vertical dizem-nos que as trovoadas ainda espreitam e que a qualquer momento nos podem lavar a alma das mentiras do dia a dia, do cansaço da representação que, de há muito, temos em cena.
As conversas amenas, na pacatez das amizades partilhadas, fazem regressar aos tempos da adolescência, onde os problemas eram de pronto solucionados pela eficácia do gesto mais do que das palavras.
Hoje, as crateras do tempo no cinzento das têmporas ou nas calvas luzidias, mostram os trajectos percorridos pela genética, com as pinceladas coloridas que lhes vamos emprestando, nas nossas práticas de desgaste rápido – uns tintos, umas fatias de presunto montanheiro de fabrico próprio, umas tiras de queijo de Serpa ou da Serra, uns queijitos de cabra, bem salgadinhos.
Depois uns ovos mexidos com presunto do mesmo, uns pezinhos de coentrada, que estiveram três dias no sal antes de serem cozinhados, umas cabecinhas de borrego assadas no forno, que vão sendo escalpelizadas de forma ordenada e profissional, com as alfaias afiadinhas na pedra de amolar, acompanhadas por um pão saído do forno de lenha de Vale dos Mortos.
Para terminar uma fritada de achigãs, que haviam sido roubados às águas profundas e claras de duas barragens, um pouco antes, depois de bem escamados, cortados em pedaços e envoltos num polme constituído por farinha, poejos picados, sal e sumo de limão.
O tinto fez aquecer as almas que se manifestaram em coros de canto alentejano, enfeitando o silêncio da paisagem envolvente, com os seus dissonantes de sétima acima.
A paz baixou com o sol no horizonte, a azia no estômago e o regresso tardio, mas sereno.

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