segunda-feira, junho 16, 2008

O Melro - Parceiro Social


Os velhacos dos melros estão nas suas sete quintas, nesta época. Não lhes falta fruta para debicar, desde as peras de Sto. António que já estão madurinhas, aos morangos, às ameixas que começam a aloirar ou avermelhar, às framboesas bem negrinhas, ou, às minhocas da relva depois de regada.
Uma dieta variada, seguida de verdadeiras sinfonias de trinados e gorjeios e de exercício físico na arte de bem namorar ou de espantar intrusos da sua vida familiar.
Não param de todo desde os primeiros raios de luz matinal, até já necessitarem de mínimos acesos no fim do dia.
Atrevidos embora desconfiados, não resistem a uma boa caçada de minhocas mesmo nas nossas barbas, empinando-se no meio da relva, até encontrarem a sua presa que carregam para o empedrado em volta, onde então se banqueteiam, voltando de imediato à liça.
Se fossem humanos, deveriam pesar mais de cem quilos, face ao seu apetite insaciável.
São comilões e cantores inveterados.
Algures pelas bandas da Moita, parece ter havido já quem conseguisse por a cantar ou a assobiar um destes tenores, um pasodoble, música de eleição dos aficionados daquela localidade ribatejana.
Gostava de ser capaz de lhes ensinar uma musiquinha alentejana, para ver se os adormecia e deixavam de ser tão concorrenciais nas colheitas de Verão.

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1 Comments:

Blogger platero said...

boa prosa, patrão

parabens

18/6/08 16:50  

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