quarta-feira, fevereiro 04, 2009

O sol frio banha a charneca verdejante de sombra húmida, pegajosa, caracolenta.
No montado desenha fantasmas no chão, junto das boletas e dos porcos.
Faz de mim um embrulho velho, em papel pardo.
Não me tira da cabeça as nuvens que lá se vêm instalando, à sorrelfa, como lesmas ou carraças agarradiças e nojentas.
E vai continuar, tal qual a crise, a gripe das aves ou a doença das vacas loucas.
Sol frio como o cinismo dos políticos e dos ingleses. Frio, como as achas que não ardem nas lareiras dos pobres, como a solidão dos poetas, como epitáfios.
Sol frio que parece nascer de dentro de nós.

Etiquetas: