sexta-feira, maio 23, 2008

A Fundação


No âmbito do curso de Agro Bio que frequento, fomos visitar a designada Fundação, que corresponde à Fundação Eugénio de Almeida e que inaugurou, há dias, com a presença do Chefe do Estado, a sua magnificamente gigante e inovadora adega, preparada para poder receber e transformar qualquer coisa como dois milhões de quilogramas de uva.
Mas mais do que apenas uma adega fenomenal, é o facto de a Fundação ter transformado um espaço envelhecido e decrépito, constituído por barracões sem qualquer préstimo, num espaço aprazível com arruamentos, parques e edifícios de traça sóbria e funcional, de pórticos com cantarias de granito e áreas de trabalho amplas, incluindo cais de cargas e descargas. Nas traseiras, a nave imensa da adega, com as suas linhas de produção, armazenamento, engarrafamento e controlo de produção, incluindo laboratório apetrechado com as últimas novidades da tecnologia enológica.
Em frente, estende-se parte dos vinhedos, dividido em talhões de acordo com as variedades e castas em produção, que mais parece um jardim ordenado duma qualquer mansão.
Mais além, uma zona de exploração pecuária, que as condições meteo não permitiram apreciar de perto, onde se recriam e engordam reses para abate.
Foi-nos dada uma visão panorâmica das actividades da Casa, em briefing muito bem conseguido e conduzido por dois jovens colaboradores. As tecnologias das telecomunicações e a informática ao serviço das actividades produtivas e de controlo das operações de campo, que permitem acompanhar e desencadear a distância acções de rega e adubação e verificar em tempo real a existência de avarias ou alteração dos parâmetros pré-estabelecidos, minimizando perdas em tempo e custos de produção.
As técnicas produtivas de protecção integrada ocupam já cerca de 85% das áreas ocupadas com culturas arvenses de sementeira directa e intervenção correctora apenas se necessária, com agentes químicos menos agressivos para o ambiente.
Postos meteorológicos instalados em locais estratégicos permitem dosear as quantidades de água de rega sem desperdícios e de acordo com as necessidades culturais e a humidade dos solos à superfície e a várias profundidades.
O olival é explorado em sistema tradicional para a variedade de azeitona galega e em sistema subterrâneo de regadio “gota a gota” para as outras variedades.
As linhas, tanto do olival como da vinha, são tratadas contra os infestantes com química adequada e os espaços entre elas, relvados pelo corte da erva com equipamento próprio, que espalha os produtos desse corte que se compostam com o tempo e enriquecem a protecção vegetal dos solos, permitindo a deslocação sem atascanços sobre eles de equipamento pesado, mesmo em condições meteo complicadas.
Na vertente pecuária, foram indicados alguns números e técnicas de produção que já levaram o nome da Fundação a pódios de fóruns internacionais, com cavalos lusitanos e reses xarolesas.
Produzem também reses de raças alentejana e cruzada com xarolesa, borregos da raça “merino branco” e porcos de raça alentejana.
Todo o processo produtivo é acompanhado por empresa externa à própria Fundação e às associações de produtores a que está ligada, garantindo, dessa forma, independência dos resultados da apreciação, que servem para o orientar no sentido da qualidade exigida.
Não sendo a Fundação uma empresa que persiga lucros como fim único, necessita destes para dar sequência aos seus programas de apoio a instituições de solidariedade social e participar em projectos conjuntos de investigação, com a Universidade de Évora ou com outras entidades públicas e privadas em sistema de parcerias.
O pessoal do “terreno”, tanto da parte vitivinícola como de adega, encarregou-se de nos mostrar ou explanar em mais pormenor os processos e práticas de produção da vinha e do vinho, que suscitaram dos atentos visitantes perguntas a que não podia faltar o interesse pessoal, ou não se tratasse de produto tanto do seu agrado – o Vinho.
Resumindo a visita, diria que terá sido das melhores safras deste curso e constituiu, sem dúvida, um ponto alto do mesmo.
É pena que o sistema empresarial português não permita mais “fundações”.

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1 Comments:

Blogger platero said...

bom relato da visita. pela minha parte está aprovado - com distinção.

aquilo funciona mesmo muito afinadinho. Assim fosse o país e não andariamos aí a passear o rótulo de lanterna-vermelha da Europa.

bom abraço

26/5/08 10:19  

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