terça-feira, maio 27, 2008

O Recado

Quando era miúdo lembro-me de ir “fazer recados” à minha mãe, como era uso dizer-se aqui por estas bandas onde vim ao mundo. Às vezes também eram designados de mandados.
Fazer um mandado seria, por exemplo, ir comprar um pão à padaria ou levar um recado a alguém conhecido.
Normalmente, eram os miúdos os protagonistas de levar recados ou fazer mandados.
Parece que, hoje em dia, as coisas estão mudadas e são os mais velhos a levar recados ou fazer chegar recados aos mais novos.
Mário Soares largou as pantufas e dirigiu alguns recados à governação socialista deste país atormentado.
Como diria um emigrante, “en vacances”, é necessário ”fazer atenção” à pobreza crescente, ao agravamento das desigualdades sociais e ao descontentamento extravasado das classes médias.
Mário Soares parecia também preocupado com a eventual subida dos partidos de esquerda, o PC e o BE. Julgo que para um homem de esquerda deveria estar mais preocupado com os partidos de direita, mas ele lá saberá.
Não poderia ter havido melhor porta-voz da resposta governamental. Para um Mário só outro Mário. Claro que eram bem vindas as recomendações soaristas mas o governo não estava a dormir e à espera de ser avisado.
Pois é uma pena que o governo não esteja a dormir, porque os estragos seriam naturalmente menores.
Há alguns anos atrás, numa visita ao Rio de Janeiro a bordo dum navio da Armada, ouvia-se dizer que o Brasil crescia de noite, enquanto os políticos dormiam.
Neste país, parece que as únicas coisas que crescem, mesmo quando os políticos dormem, são o desemprego, a criminalidade, e o descontentamento.

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