segunda-feira, maio 12, 2008

Fado Sentido


As crises costumam trazer gente para os transportes públicos, que se aproveitam da mesma para limpar a ramela acumulada ao longo do tempo, sem grandes esperanças de mudança. Não será sina, mas é certamente sorte macaca.
Pois bem, parece-me, mas posso estar enganado, que desta vez nem os transportes públicos estarão a beneficiar da dita, face àquilo que me foi possível observar numa ida rápida a Lisboa.
Não tive problema de filas para chegar aos barcos da TT nem dificuldade em arranjar lugar no parque. Em Lisboa o Metro, em hora quase de ponta, não obrigava aos empurrões, tão do gosto dos carteiristas e dos “apalpadores de cus”.
Estou em crer que maior parte dos lisboetas está de “férias grandes”.
Será fruto da revolução tecnológica em curso? Serão as “máquinas inteligentes” distribuídas pelo governo que começam a dar o seu contributo decisivo para “aliviar” os transportes públicos, pondo as pessoas a “trabalhar” em casa?
Mas a baixa lisboeta estava cheia de turistas. Grandes, velhos e mal vestidos. À procura dum Verão prometido que não encontraram e tiritando de frio. Falando línguas esquisitas, que bem poderiam ser nórdicas como do leste.
Na Rua Augusta, os eternos índios andinos, tocavam as suas músicas bonitas embora já gastas pelas inúmeras apresentações em público, ali, nas feiras ou nas praias. Não sei se ainda são os mesmos ou se já serão os netos dos que primeiro descobriram esta mina lusitana.
De qualquer forma, apesar de gostar muito do sítio que escolhi para passar a maior parte do meu tempo, é sempre um prazer redescobrir Lisboa, agora com o olhar transtagano mais exigente em termos de procura, vasculhando os recônditos da sua alma ribeirinha, empoleirada sobre o Tejo.
Mais do que ouvi-lo, gosto de lhe sentir o fado!

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