O Mascarilha
Quem brinca o ano inteiro ao carnaval político tem a obrigação de mostrar a cara no Entrudo.
Mas a mascarada continua. Houve mudança de mascarilhas, mas não da Fantasia. Essa mantém-se. E a Escola também.O porta-bandeira é o mesmo. A bateria está afinada. O tema não muda – Portugal na cauda da Europa.
A Escola faz escola e todos dançam ao ritmo certo.
As vozes desafinadas são caladas pelo rufar da bateria.
As outras escolas ainda são piores. Com música pimba uma, com som de cassete pirata outra, sem qualquer espécie de som nem de ritmo uma terceira. A única que ainda se vai ouvindo só tem, praticamente, porta-bandeira.
A escola mais votada, abre o desfile com um carro alegórico, que pretende demonstrar que as cimenteiras também servem para fazer cimento.
A ala das baianas, parece menos nutrida do que é costume, fruto do emagrecimento forçado a que os seus membros foram sujeitos.
O segundo carro alegórico mostra os esforços dos cientistas, no caso nanotecnologistas, para conseguir descobrir forma de materializar os aumentos dos vencimentos da função pública.
Segue-se a ala dos namorados, completamente despidos de preconceitos e de roupas, mas embrulhados na bandeira da Escola, fazendo malabarismos para dar nas vistas e ganhar um lugar ao sol.
Por fim, o carro mais representativo, artilhado de holofotes que a tudo e todos ilumina, cheio de foliões mascarados de SWATT, armas com sensor de visão nocturna, capacete de viseira holográfica e mastins com coleira de bicos. Gravitando à sua volta, em hologramas, aparecem padarias, cafés, restaurantes chineses, feiras do relógio e de Carcavelos, com muita gente de braços no ar a gritar.
E assim vai esta Escola e este Carnaval.
Valha-nos a 4ªFeira de Cinzas!
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