quarta-feira, janeiro 16, 2008

AB - Agricultura Biológica


Água de abastecimento público imprópria para consumo, no Sardoal.
Um bocadinho do iceberg que nos ensombra e nos empurra definitivamente para outras formas de entender e defender a precariedade de meios naturais disponíveis.
O Homem destruiu mais em meio século, de dito desenvolvimento, do que desde que se ergueu nas patas traseiras para se transformar naquilo que passou a designar-se por “Homo Erectus” e depois “Homo Sapiens”, até meados do século passado.
Com frequência, mais do que desejável, vêm a público notícias relacionadas com desastres ecológicos graves como descargas perigosas nos cursos de água, como derrames de hidrocarbonetos e outros produtos poluentes ou nocivos para a vida animal e vegetal.
A pouco e pouco, vão-se esgotando ou contaminando os recursos de que nos servimos para sobreviver neste planeta, que deveria manter-se azul, mas que se vai tornando cada vez mais cinzento.
A agricultura, é de longe a actividade mais poluente nos termos em que é praticada e para que possa considerar-se rentável pelos produtores.
Já desde o princípio do século passado que vários movimentos de opinião, com vínculos religiosos ou “não desenvolvimentistas”, muito ligados à terra e a tudo aquilo que ela representou ao longo de milénios para o equilíbrio humano, se levantaram contra as novas práticas agrícolas, de cultura intensiva das terras com recurso ao uso de fertilizantes e herbicidas químicos, de síntese, pondo em risco equilíbrios naturais.
Após uma verdadeira cruzada, em que muitos destes movimentos se viram desfeiteados nos seus intuitos por radicalismos de base, foram conseguidos triunfos claros na conquista de vontades e de interesses, conseguindo, em acção agora coordenada, o reconhecimento das suas razões não só morais e de posicionamento perante as agressões ao meio ambiente, mas também da viabilidade técnica e económica da utilização correcta da terra em benefício de toda a humanidade, creditadas em termos científicos.
A designada Agricultura Biológica, ou Orgânica, ou ainda Ecológica, tem hoje apoios da UE e constitui já em países como a Áustria e a Dinamarca, uma percentagem elevada da área usada na agricultura desses países e tem também expressão significativa em muitos outros países europeus, Estados Unidos e Japão.
Nessa agricultura, não há lugar para produtos químicos de síntese, respeitando-se a terra como se de um ser vivo se tratasse, pois ela encerra em si um mundo de variedades de seres vivos, que ajudam na transformação dos elementos orgânicos e minerais necessários às plantas, aos animais que delas se apascentam e ao homem, topo deste ecossistema.
A terra respondeu ao “Homo Sapiens” com o “Humus Sapiens”.
Estará aí, porventura, uma das formas de evitar que aconteçam mais “sardoais” por esse mundo fora e aqui, em Portugal, em especial.

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