terça-feira, janeiro 29, 2008

Estórias de Caça e Caçadores (2)


A noite caía sobre a várzea. O sol, há pouco escondido por trás dos choupos sem folhas, emprestava-lhes formas de almas penadas envoltas pelas chamas do inferno.
Sobre os tanques de restolho do arroz, uma neblina azulada começava a erguer-se, reforçando o quadro fantasmagórico.
No horizonte, viam-se de vez quando, cordões compridos de carraceiros procurando abrigo nocturno.
Os patos com quem tinha encontro marcado, demoravam a chegar. Tinha escolhido um dos tanques de arroz onde vira algumas penas deixadas na noite anterior por uns quantos nubentes.
A dado momento, não muito longe do local em que me encontrava, vejo aparecer um casal de patos reais, altos ainda, em missão de reconhecimento.
Com o chamariz começo a fazer-lhes o apelo de escolherem o meu tanque para a aterragem. Eles, pareceram ter entendido a mensagem fazendo um círculo sobre a posição em que me encontrava. Encolhi-me o mais que pode de encontro ao “ourique” do tanque e voltei a fazer o chamamento, enquanto continuava com os olhos a fazer o seu seguimento.
De repente, ouço um barulho de asas muito perto de mim, quase roçando a minha cabeça, enormes, brancas como um anjo da morte. Dei um salto para o lado, quase caindo dentro da água do tanque. Uma coruja respondera com um ataque, ao grasnar imitado dos patos que eu arrancara do chamariz.
Apanhámos, certamente os dois, um susto dos diabos.
E, com todo este teatro, de patos….. nem o grasnar.

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2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

se foi aqui no arrozal meu vizinho, a coruja é minha hóspede. Dorme no barracão onde às vezes guardo o carro. E ataca de noite qualquer vítima no telhado, mesmo por cima da minha cabeça, com uma restolhice próxima de causar aquelas coisas manhosas de coração.
Vale é que já estou habituado

1/2/08 15:14  
Blogger JR said...

Não me admiraria que tivesse sido ela a "protectora" dos seus gatos.

1/2/08 19:51  

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