terça-feira, janeiro 22, 2008

Terapia do Fogo

Imagem daqui
Anos de papeis acumulados. Boletins de vencimentos, facturas da água, da electricidade, do gás. Extractos bancários e comunicações dos seguros.
Para o que as árvores são cortadas. Para nos fazerem a vida negra, com obrigações que nem sempre conseguimos suprir.
Deviam ser uns vinte quilos de papel sujo de tinta que as chamas devoraram.
Junto com essa papelada foi queimada a ramagem que resultou da poda das árvores de fruto. Cerejeiras, ameixeiras, pessegueiros, macieiras e pereiras foram “tosquiadas”, preparando-se para mais um ciclo de produção.
Este pulsar do tempo que no campo se mede assim, sem necessidade de recurso a relógios nem a psicólogos.
Cumpre-se o “borda d’água” e inspira-se fundo o cheiro da terra. Os problemas enterram-se ao arroteá-la.
O chamaréu só terminou já com “médios” acesos e com a lua a anunciar-se redonda que nem um tamanco.
Hoje, é dia de lobisomens e de contas saldadas pelo fogo libertador.
Nas notícias, as bolsas também parecem estar a arder.

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