sexta-feira, dezembro 29, 2006
Réveillon

Não sou muito deste tipo de coisas por feitio ou por defeito. Entendo que as festas somos nós que as fazemos, quando temos vontade, quando existe oportunidade, quando o local e a companhia são apelativos. É tal e qual como fazer amor! Dizem os brasileiros que é quando pinta… Talvez não seja exactamente assim. Por que para eles fazer amor…parece que pinta sempre. Mas o que é facto é que, por via da profissão, tive oportunidade de passar o ano das formas mais variadas possíveis. O meu último réveillon na Guiné, foi passado a cerca de cinco quilómetros dum aquartelamento em construção para alojar uma unidade do Exército. Fazíamos a defesa afastada, enquanto outras forças especiais faziam nessa noite a defesa próxima. As informações que haviam chegado, uns dias antes, davam conta de grande ajuntamento de forças do PAIGC, comandadas pelo Nino, reforçadas com dois bi-grupos de armas pesadas e basucas, que pretenderiam juntar-se à festa de fim de ano das forças portuguesas estacionadas naquele local, preparando um fogo de artifício de se lhe tirar o chapéu. À distância a que nos encontrávamos do aquartelamento era possível ouvir a algazarra provocada pela festança brava que por ali corria, a que não faltava música ao vivo, provavelmente regada com uns decilitros a mais de reforço. Pelo menos em direcção não seria difícil apontar as armas e pela afinação das cantorias, a aproximação também permitiria assestar a pontaria em alcance. Estavam pois reunidas as condições ideais para o Nino abrilhantar a festa. O grupo que eu comandava nessa noite era de cerca de quarenta homens e ocupava a previsível zona de aproximação do inimigo, emboscando os trilhos. Eu ouvia o coração a bater nas têmporas, só de pensar o que seria ter um encontro com uma força de algumas centenas de homens bem treinados e profundos conhecedores do terreno, que certamente viriam carregados de material para atacar o aquartelamento e que, na impossibilidade de o fazer, descarregá-lo-iam em cima de nós, para garantirem liberdade de movimentos na retirada. Foram longas e penosas horas de espera, felizmente infrutíferas. O Nino terá resolvido ir fazer a festa para outra freguesia e ainda bem. Quando os macacos finalmente se juntaram à festa com a sua cantoria matinal e a passarada fez coro, demos por terminado o nosso réveillon e a folia de uma passagem de ano para não esquecer.
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quarta-feira, dezembro 27, 2006
A LA MINUTA
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segunda-feira, dezembro 25, 2006
Ano Velho, Ano Novo

No dizer dum amigo meu - são como a minha prima Georgina, ninguém lhe conhece a idade, mas todos lhe conhecem a história -
E a história deste último, não é bonita de contar.
As guerras arrastaram-se de anos anteriores, porventura de forma mais violenta.
O Papa comete gafes. O presidente do país mais poderoso do Mundo é, ele próprio, uma gafe.
As facções religiosas degladiam-se à volta de questões menores, em vez de se unirem na busca de soluções que roubassem menos vidas e engrandecessem a alma.
A despenalização do aborto que deveria ser um acto de justiça por todos reconhecido, é apresentado por quem o pratica sem risco nem pudor em clínicas especializadas, como a liberalização do aborto, que ninguém de mente sadia deseja nem quer. Este governo, que não se coíbe de atentar contra direitos adquiridos e expressos em forma de lei, nas mais variadas áreas da vida dos cidadãos que o elegeram, contrariando em muitos casos, de forma grosseira, promessas eleitorais, este governo, dizia eu, precisou de recorrer ao referendo para tratar um assunto que podia e deveria ser da sua inteira responsabilidade e competência.
Não é o problema do referendo em si. É o problema de não ter utilizado o mesmo critério para assuntos de igual importância para a vida dos cidadãos como as reformas em curso no âmbito da Segurança Social, da Saúde, da Educação, da Reforma Administrativa, entre outras.
Têm sido pedidos sacrifícios aos Portugueses, muito para além daquilo que um governo de um partido socialista deveria ser tentado a pedir. Nunca os governos anteriores de partidos de cariz liberalizante ousaram enveredar por esse caminho.
E os resultados onde estão?
As empresas nacionais vão à falência e fecham. As multinacionais deslocalizam-se.
E o País fecha ou deslocaliza-se?
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sábado, dezembro 23, 2006
O Natal lá no sítio

O Médio Oriente e a Mesopotâmia, são palco de eventos trágicos e religiosos desde há milénios.
É estranho, que havendo lugares na Terra bem mais aprazíveis que os citados, quer pela paisagem envolvente, quer pelas civilizações estabelecidas e desenvolvidas, quer pela situação estratégica, ali se tenham travado e se mantenham dos mais duros combates político-religiosos da História da Humanidade.
As razões de hoje não terão sido as de outrora, mas não há dúvida de que algo especial faz com que as tensões espirituais e materiais se conflituem naqueles locais, tão perto e tão fora da Graça dos Deuses.
Deus uno com várias faces ou a face de vários Deuses? Na mesma área, na mesma cidade se congregam e se entrelaçam as vidas e os destinos de três diferentes religiões que no seu conjunto arregimentam a maioria de fiéis em todo o Mundo.
Por aquelas bandas se guerrearam egípsios, filisteus, hebraicos, assírios, babilónicos, persas arqueménidas, ptolomaicos, selêunidas e romanos. A região integrou o Império Bizantino. Esteve debaixo do jugo turco.
O mundo islâmico dividiu-se após guerra civil entre Sunitas e Xiitas e outras confissões menores dissidentes, que se espalharam do Iraque, à Síria, ao Irão, Afeganistão e dali ao restante espaço muçulmano.
Por ali se cruzaram durante os séculos XI a XIII as hostes cristãs nas suas cruzadas contra turcos e árabes, com o intuito de reconquistar a Terra Santa e Jerusalém.
Das sete cidades sagradas do Islão, cinco situam-se entre o Iraque e o Irão, com Jerusalém de permeio, cidade reclamada por Cristãos, Muçulmanos e Judeus como sua.
Em Maio de 1948 é criado o Estado de Israel, pela mão dos Ingleses.
Por ali se estendem quilómetros de “pipelines” que fazem andar as economias de todo o mundo, enchem os cofres das petrolíferas e doiram os palácios reais dos novos califas.
Judeus americanos e Judeus israelitas unidos na nova cruzada contra a hegemonia árabe da região, os primeiros a tomar conta dos “pipelines” e a pagar a segurança dos segundos.
Por aquelas bandas deu à luz Maomé!
Por ali nasceu Jesus!
Por ali já houve Natal!
Por acaso?
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quarta-feira, dezembro 20, 2006
O Presépio frio
Até os cães mal punham as patas no chão para não enregelarem. As charcas resultantes das últimas chuvadas estavam com gelo de um centímetro de espessura, o que os obrigava a patinar, e a estatelarem-se de seguida, animando a jornada. Nem o canto dos pássaros se fazia ouvir.
O meu bafo condensava de imediato, como se tivesse retomado hábitos antigos de fumar. Deu-me na fraqueza e tive uma vontade louca de fumar um cigarrinho para aquecer as mãos e a alma. Ainda bem que não havia ninguém em redor a quem pudesse recorrer, permitindo-me regressar ao meu juizinho habitual.
Quando comecei a fumar, muito jovem ainda, às escondidas dos meus pais, por mais de uma vez tive que meter a mão com o cigarro a arder no bolso, para não ser apanhado em flagrante delito. Agora teria dado imenso jeito.
Lembro-me, também, de ter visto homens e mulheres do campo com perneiras de jornais velhos para se protegerem das friezas matinais, nos trabalhos do campo. Era talvez a única serventia que esse “papel sujo” tinha, pois a maioria não conhecia uma letra do tamanho dum chaparro. Às vezes tinha uma segunda utilidade, que alguns ainda hoje lhe dão, embora por razões diferentes.
De volta ao conforto da casa com o lume aceso, penso como será doloroso para muitos portugueses, o frio que agora se faz sentir, sem os meios adequados, nem dinheiro para os adquirir, para minorar os seus efeitos tão gravosos para as crianças e idosos.
Jesus, na sua ingénua mas santa sabedoria, soube escolher um burro e uma vaquinha para o aquecerem.
Nós, na nossa pérfida mas santa ignorância, comemos a vaquinha e pusemos o burro no poleiro.
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segunda-feira, dezembro 18, 2006
OH!OH!OH!

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Era uma vez...
A vantagem de contar estórias é podermos dar-lhes um pouco mais de colorido qb, sem no entanto lhe alterar o conteúdo ou, pelo menos, subvertê-lo.
Quando conto uma estória não deixo nunca de lembrar-me do meu saudoso amigo e companheiro de muitas guerras - o Eloi. Ele conseguia emprestar a tudo o que contava um sabor inigualável. Nunca o ouvi contar duas vezes a mesma história da mesma maneira. De cada vez que a contava, acrescentava-lhe mais sal, mais pimenta, mais gosto, divertia-se a contá-la e divertíamo-nos a ouvi-la.
Não é a mesma coisa passar uma qualquer estória para o papel ou contá-la directamente a uma audiência.
Ao escrever, podemos imaginá-la as vezes necessárias até lhe encontrarmos o paladar. É como confeccionar um acepipe com receita. Com técnica e algum jeito tudo se consegue.
Mas o dom de manter audiências agarradas e de todo envolvidas numa narrativa ao vivo e a cores, não é para simples aprendizes de feiticeiro nas artes de bem contar. Será como inventar um acepipe, que toda a gente degustará com prazer.
O que o Eloi se divertia a pôr na boca de outros aquilo que ele queria que eles dissessem ou tivessem dito.
- Oh Jr, conta lá aquela em que tu estiveste quase a bater num polícia, mas…
- Eh pá, não me lembro bem, quando é que isso foi?
- O Jr. ia uma vez…
Era espantoso! Eu não fazia a mínima ideia do que ele queria que me tivesse acontecido! Claro! A história não era minha, era dele!
A vida muitas vezes também nos conta estórias. Estou a lembrar-me duma que começava assim:
Era uma vez… um jovem Guarda Marinha…
sábado, dezembro 16, 2006
sexta-feira, dezembro 15, 2006
quinta-feira, dezembro 14, 2006
Estórias de Caçadores, Pescadores e outros...

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terça-feira, dezembro 12, 2006
Décimas Natalícias
Mote: Em bom estilo da Igrejinha Umas décimas vou dedicar Nesta quadra que se avizinha A quem nos está a governar
Nas festas da Padroeira, Desta terra os devotos Expressam os seus votos Agradecem desta maneira Fazendo disso bandeira À sua Santa Madrinha Na rua fazem altar E diante do seu Pendão Mostram a sua devoção Em bom estilo da Igrejinha
Também assim eu quero Desta forma expressar Dizendo a versejar O quanto de vós espero O quanto eu sofro e tolero E como sou capaz de aturar Mas eu vos quero lembrar Tomai pois atenção Em jeito de sermão Umas décimas vou dedicar
Lá longe na Nazaré Jesus numa gruta nasceu No Céu uma luz se acendeu Par’aqueles que têm fé E para os pais Maria e José. Era bom, penso eu na minha, Da forma como isto caminha Que todos pudéssemos ver No Céu uma luz aparecer Nesta quadra que se avizinha
Mais importante que dizer Diz o povo e tem razão Sem rancor, mas com emoção, É certamente o fazer No Céu uma estrela aparecer Que nos ajude a reencontrar E a dignidade ganhar É um presente que merecemos E um repto que fazemos A quem nos está a governar
ZJ 12.12.2006
segunda-feira, dezembro 11, 2006
Rosa branca desmaiada…
Rosa branca desmaiada…
Onde deixastes o cheiro?
(Versos de música popular alentejana)
A alquimia política transformou cravos vermelhos do nosso encanto, orgulho e esperança, em rosas vermelhas, que têm vindo a desbotar com o tempo.
Hoje, não passam de rosas brancas, desmaiadas, sem cheiro e sem vida e que são espelho do nosso desapontamento.
Outra vez um país adiado?
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sexta-feira, dezembro 08, 2006
quarta-feira, dezembro 06, 2006
Militares à Bolina Cerrada
segunda-feira, dezembro 04, 2006
Viagens salgadas ( Epílogo)
Amor é…..fazer o que se gosta!
Amor é…..tentar fazê-lo de forma correcta!
Amor é…..dar o máximo, mesmo que lhe não seja pedido!
Amor é…..não ceder em questões de princípio!
Amor é…..esquecer os maus momentos!
Amor é…..lembrar os melhores!
Amor é…..vestir sempre a camisola, mesmo quando se está a perder!
Amor é…..desejar ter tido um comando no mar e não se importar de ter sido sempre imediato!
Amor é….respeitar as opiniões e as decisões, ainda que com elas se não concorde!
Amor é…..partilhar convosco este desabafo!
domingo, dezembro 03, 2006
sábado, dezembro 02, 2006
Viagens Salgadas (9)

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