segunda-feira, dezembro 18, 2006

Era uma vez...

A vantagem de contar estórias é podermos dar-lhes um pouco mais de colorido qb, sem no entanto lhe alterar o conteúdo ou, pelo menos, subvertê-lo. Quando conto uma estória não deixo nunca de lembrar-me do meu saudoso amigo e companheiro de muitas guerras - o Eloi. Ele conseguia emprestar a tudo o que contava um sabor inigualável. Nunca o ouvi contar duas vezes a mesma história da mesma maneira. De cada vez que a contava, acrescentava-lhe mais sal, mais pimenta, mais gosto, divertia-se a contá-la e divertíamo-nos a ouvi-la. Não é a mesma coisa passar uma qualquer estória para o papel ou contá-la directamente a uma audiência. Ao escrever, podemos imaginá-la as vezes necessárias até lhe encontrarmos o paladar. É como confeccionar um acepipe com receita. Com técnica e algum jeito tudo se consegue. Mas o dom de manter audiências agarradas e de todo envolvidas numa narrativa ao vivo e a cores, não é para simples aprendizes de feiticeiro nas artes de bem contar. Será como inventar um acepipe, que toda a gente degustará com prazer. O que o Eloi se divertia a pôr na boca de outros aquilo que ele queria que eles dissessem ou tivessem dito.
- Oh Jr, conta lá aquela em que tu estiveste quase a bater num polícia, mas…
- Eh pá, não me lembro bem, quando é que isso foi?
- O Jr. ia uma vez…
Era espantoso! Eu não fazia a mínima ideia do que ele queria que me tivesse acontecido! Claro! A história não era minha, era dele!
A vida muitas vezes também nos conta estórias. Estou a lembrar-me duma que começava assim:
Era uma vez… um jovem Guarda Marinha…

1 Comments:

Blogger taizinha said...

Pois eu era das que mais me deliciava a ouvir essas estórias. O papagaio, o macaco, o gato, a "mãezinha",... quem convivesse com o Elói passava a ser um personagem das suas magníficas estórias. Eu era fã.

18/12/06 10:37  

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