quinta-feira, dezembro 14, 2006

Estórias de Caçadores, Pescadores e outros...

Imagem tomada no site
A caçada era aos patos. Tinha chovido imenso de véspera e os caminhos que conduziam aos tanques do arroz, onde tencionávamos esperá-los, estavam quase impraticáveis. Mesmo fazendo uso de um todo o terreno não me teria arriscado se não fora a presença dum outro carro do mesmo tipo, mais potente e mais alto, que poderia em caso de atascanço, dar uma ajudinha. E lá fomos por becos e travessas que eu, noviço nestas áreas, desconhecia por completo. Chegámos a um local donde nos seria impossível prosseguir. Armámos o estojo e cada um seguiu para os tanques de restolho de arroz, que melhor entendeu. O Sol estava a esconder-se, era preciso ser célere. Eu e mais dois companheiros afastámo-nos uns bons quinhentos metros e lá procurámos posicionar-nos por forma a que os tiros não pusessem qualquer de nós em risco. Mal acabara de tomar posição, quando junto à ribeira onde tinha ficado um dos companheiros, se ouviu um tiro, a que outro se seguiu, sem que se vislumbrasse a razão de tal. Entretanto o atirador começou a correr ao longo da ribeira e a gritar para mim que corresse também apontando-me um vulto, que depois percebi tratar-se dum javali, que se movimentava com alguma dificuldade. Ainda fiz uma tentativa de correr em cima do combro em que me encontrava, mas depressa percebi que morreria de cansaço primeiro do que o porco. O javali acabou por tombar uns trezentos ou quatrocentos metros para além do local em que havia sido atingido. A caçada prosseguiu, finalmente aos patos. Terminada que foi, dirigimo-nos para os carros, onde já nos aguardavam os outros dois parceiros que haviam ficado mais perto. E um deles contou uma estória que não resisti a reproduzir, por tão inverosímil me parecer, mas contada com a convicção de ter sido vivida. O nosso comparsa é um calmeirão aí dum metro e noventa ou muito perto disso. Tinha-se colocado num dos tanques perto do local onde deixáramos as viaturas, esperando que o lusco-fusco trouxesse os patinhos. Já o Sol se escondera havia algum tempo quando sentiu um esvoaçar que se aproximava, mantendo-se hirto com a arma bem aperrada, pronto a disparar quando o pato se mostrasse. Sentiu uma brisa na nuca e nas orelhas e depois as patas duma coruja aterrando na sua cabeça. Deu um salto que nem corsa mordida por um leão, tentando atingir a fera com a coronha da arma pombeira. Põe-se agora a questão. Será que a coruja tentou pousar num poste alta tensão ou banquetear-se com um tal ratão?

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1 Comments:

Blogger taizinha said...

Fico desesperada! Não consigo comentar os blogs Beta. Tenho sempre de fazer um "giga-joga".
Gostei da estória.

15/12/06 14:50  

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