sexta-feira, janeiro 01, 2010

Entrar com Strauss

Entrar e sair.
Não há muitas alternativas. É obrigatória tanto uma coisa como outra.
Há quem saia sub-repticiamente, como quem não quer a coisa, mas também há quem saia aos ombros pela porta grande, cortando orelha e rabo, entre foguetes e fanfarras.
Há quem queira atirar para trás das costas toda a tralha que carregou ao longo dos intermináveis 365 dias. Outros, porém, não sabem como fazer parar a máquina do tempo que os manda inexoravelmente para a cova grande sem largo nem fundo, como canta o poeta.
O último degrau causa sempre apreensão a quem tem que apresentar contas, preferencialmente certas. Há, contudo, quem opte pela escada rolante que rápida e comodamente o atira para o outro lado sem medos nem tensões.
O que faz a grande diferença entre o entrar e sair é o conhecimento do que já foi e a incógnita do que está para vir.
Há quem se empurre ou salte para chegar primeiro, mas também quem entre ao pé-coxinho, para dar sorte ou pé ante pé para não alertar as bruxas.
Entrar tem sempre a carga do desconhecido, a esperança do diferente, a expectativa da mudança. Por isso se faz com abraços e beijos, com brindes e votos que estimulam a confiança eventualmente perdida, a fé em melhores dias muito questionada ou a felicidade dificilmente encontrada.
Assistir ao Concerto de Ano Novo transmitido de Viena é uma forma que tenho de entrar acompanhado duma coisa de que muito gosto e muito prezo – a Música de Strauss, eterna porque bonita e despretensiosa.

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1 Comments:

Blogger platero said...

eu fui a Évora, todo apinocado para entrar nos descantes, em vez de barrete, saco de plástico até ao pescoço

Entrei em beleza

abraço

2/1/10 22:25  

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