segunda-feira, abril 27, 2009

Santos e Pecadores

Há, ou havia, uma banda com este nome, que reputo de muito feliz e que, não assentando como uma luva na música produzida, tinha pelo menos o mérito de qualificar os seus componentes, duma maneira geral, como humanos e, em particular, como portugueses.
S.to António de Lisboa, São Nuno de Santa Maria e os Beatos Francisco e Jacinta, são exemplos bem demonstrativos até que ponto os portugueses são capazes de estar perto de Deus.
Já dos que estão perto do Diabo não reza a História, mas desde o início da nacionalidade, começando mesmo pelo seu instaurador, que os portugueses lhe estiveram sempre próximos.
Deus e o Diabo já não são o que eram e os portugueses estão perplexos sobre a forma de os identificar, tantos os milagres propalados e tão poucos conseguidos.
Belzebú, parece levar a dianteira nas preferências locais, ajudado, que o tem sido, pelas desafortunadas, mesmo desastrosas, intervenções divinas que não conseguem ir além de refutações e rezas de mal-dizer, deixando que as chamas devorem o corpo e a alma dos portugueses.
Os portugueses fizeram do pecado a sua arma de defesa, mentindo, praguejando, iludindo, roubando despudorada ou encapotadamente, usando e abusando da complacência dos seus compatriotas e companheiros de infortúnio.
As trafulhices, os embustes, o canto do vigário são a ferramenta sagrada do seu dia a dia. Os desmandos e transvios sexuais, a resposta à falta de sinais concretos de Deus nas suas almas ímpias e de respeito pelos seus congéneres.
Em nome de Deus e das suas terrenas representações todos os dias se cometem pecados maiores, lavados pela água benta.
Em cada português há um santo e um pecador militante, capaz do melhor e do pior para dar sentido à vida.

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