sábado, abril 18, 2009

Até que enfim, a chuva!


Finalmente, embora um pouco tarde, a chuva.
Parou a Primavera, mas safou ainda algumas culturas e sementeiras que ameaçavam juntar-se ao resto da crise que avassala o Mundo e este País.
Julgo que só um retorno às coisas simples poderá resgatar alguma naturalidade que vai faltando e contribuir para a retoma da confiança perdida que esteve e está na base desta tragédia social, que a crise financeira apenas agravou.
Há muito que ela se vinha delineando. Ninguém entendia que se dessem subsídios para arrancar olivais, para não trabalhar a terra, se atribuíssem cotas na produção leiteira com fortes penalizações para os prevaricadores. Onde está então a dita economia de mercado? Porque não deixam funcionar o mercado e ser ele a ditar as suas leis?
Porque proteger produções de países com climas frios obrigados ao gasto excessivo de energia no aquecimento de estufas, quando os países mediterrânicos poderiam consegui-lo com custos energéticos menores?
Porque transformar países como Portugal e outros de mão de obra barata na montagem de equipamento pesado, como a indústria automóvel e na produção satetilizada de peças e sobressalentes para maquinaria e equipamento produzido noutros países, fragilizando mais a sua já débil economia, fazendo-a depender do exterior e sempre sob a ameaça de mudanças de agulha repentinas - as malditas deslocalizações?
Julgo que o regresso à terra e àquilo que ela pode e deve produzir servirá para devolver a dignidade de quem trabalha no que é seu e garante a sobrevivência duma estrutura agrária que se quer forte e sadia, capaz de fixar e rejuvenescer as populações rurais e fazer diminuir a dependência em bens alimentares.
As empresas agrícolas bem estruturadas e apoiadas tecnicamente têm êxito garantido, como o demonstra a vitalidade do sector da vizinha Espanha, que não se coíbe de fazer investimentos chorudos no nosso país. Se para eles dá, porque não dará para nós?
Julgo que era tempo de se olhar para o campo não apenas para ver a paisagem aos fins de semana, como refúgio do dia a dia citadino monótono e angustiante, mas com o olhar de quem quer ver o seu país estendido ao interior, fazendo-o participar activamente no desenvolvimento estruturado e equilibrado tão necessário.
Julgo que as estruturas básicas, para isso, até já existem, faltando apenas garantir que produzam trabalho efectivo e não sirvam apenas de trampolim político.
Incentivem, apoiem tecnicamente e orientem os produtores e empresários agrícolas capazes e esta crise pode vir a ser o motor de arranque dum novo país, mais perto da suas origens, mais chegado ao seu património cultural, porventura mais longe da realidade virtual em que tem vivido até aqui!

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