domingo, março 29, 2009

Paraísos e Bandeiras


O consumismo compulsivo a que nos vimos obrigados nos últimos tempos e que resultou na crise que hoje atravessamos ou em que nos afundamos, tem sido tão mau conselheiro quanto o foi a sovinice pacóvia tipo Salazarista ou Tio Patinhas.
Apelar permanentemente ao sacrifício dos mesmos para ultrapassar o pantanal de dejectos duma economia construída sobre as suas campas, parece sadismo atroz que algum dia rebentará nas ventas dos seus promotores, o que de alguma forma já vai acontecendo, quer pela falta de controlo das acções criminais violentas a que vamos assistindo cada vez mais frequentemente, quer por algumas movimentações sindicais e de cariz social, sobretudo em França, que têm algum cheirinho a Maio de 68.
A pressão do capital sobre investimentos produtivos é tal, que se os mesmos não renderem o previsto num curto espaço de tempo, logo se deitam estes para trás das costas sem pestanejar, arrastando na queda quem lá esteja dentro e independentemente de acordos ou compromissos assumidos.
O capital só faz ou só tem assumido compromissos com o capital. Tudo o resto são apenas necessidades funcionais precárias ou temporárias. Diria mesmo, que tudo o resto é paisagem.
Governos que se põem de cócoras mendigando postos de trabalho sem sequer se darem ao incómodo de verificar a idoneidade dos ofertantes, a necessidade e qualidade da oferta e a forma como ela se comportará no tempo, não podem nem devem ser credores da nossa confiança política, com crise ou sem ela.
Os paraísos fiscais são como as bandeiras de conveniência. Só servem para tapar porcarias e cevar gananciosos iludindo, quer num caso quer no outro, as boas regras de navegabilidade e segurança.
Ambos navegam em águas turvas, com a conivência dos Estados e dos seus Governos.

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