sexta-feira, março 06, 2009

O Discurso do nada

Os alinhamentos políticos têm agora uma componente discursiva de cassette, anteriormente só apontada ao PCP.
Acontece que terão descoberto a eficácia da repetição como arma política de eleição e para eleições à porta.
Deixou de haver criatividade, porque perdeu-se a iniciativa que orientava alguns partidos, ditos de esquerda, e que de certa maneira animavam o debate político pela coragem de algumas posições assumidas.
Hoje, os compromissos com o eleitorado, impõem uma verdadeira vacuidade de conteúdo ao discurso político, ficando-se este pelo apontar os defeitos dos outros em vez das próprias virtudes.
Toda a oposição está emparelhada no ataque ao partido do governo. Este, retribui com ataque muito mais cerrado e intenso aos partidos à sua esquerda do que à sua direita. Dir-se-ia que o temor de perder a maioria absoluta reside mais nos votos que a esquerda lhe possa roubar do que aqueles que uma direita paralítica, sem liderança e com o discurso roubado por ele, lhe possa causar.
E a crise grassando. Todos os dias roubando postos de trabalho, quebrando os fracos elos de uma confiança corroída por dentro e por fora, lançando em ignominioso desespero milhares de famílias.
É necessário que alguém dentro das máquinas partidárias ouse acender uma luz ao fundo do túnel, por muito ténue que seja, mas um gesto que indique um rumo a seguir, sem roupagens enganosas nem efeitos especiais, com um discurso sereno, credível e corajoso, capaz de cumprir a tarefa obrigatória e urgente de mobilizar as forças produtivas.
Não um salvador da pátria, mas um salvador do atoleiro político em que nos estamos todos os dias a atascar mais.

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