quinta-feira, janeiro 08, 2009

Pirâmide Invertida

É do conhecimento geral que a “Pirâmide de Necessidades” ou “Hierarquia de Necessidades de Maslow”, varia da base para o vértice de acordo com o crescente bem-estar social das pessoas, quedando-se as necessidades de topo aos mais afortunados que já viram todas as outras satisfeitas.
Entre estas últimas contam-se as ligadas à realização pessoal – moralidade, criatividade, espontaneidade, solução de problemas, ausência de preconceitos, aceitação dos factos.
Acontece que em situações como as actualmente vividas por nós, tudo se esboroa como num castelo de cartas, regressando as pessoas a níveis mais baixos, já esquecidos ou, por muitos, nunca conhecidos.
Dificilmente as pessoas se sujeitam a satisfazer as necessidades, sobretudo as básicas, de forma pacífica e respeitadora dos valores que antes defendiam, com a agravante de não terem sido treinadas para sofrerem as provações, muitas vezes necessárias, para as satisfazer. Daí, recorrerem com frequência aos meios que normalmente lhe eram facultados como o crédito e outro tipo de soluções mais ou menos artificiosas, não raro acabando na falcatrua e em criminalidade mais gravosa. Esta inversão da sua pirâmide de necessidades faz com que a sua pirâmide de valores se desmorone também.
Julgo que será possível comparar a situação, por muitos, vivida, com um jogo de poker em que não se joga de acordo com as cartas (na gíria do jogo, mão), mas se aposta contra as pessoas, ou seja, se faz bluff intimidando, fingindo, mentindo, ao fim e ao cabo e numa palavra, burlando.
Até o Procurador-Geral da República já classifica os designados “crimes de colarinho branco”, como os mais difíceis de investigar e levar a julgado.
Acrescento eu, provavelmente, não tanto pela dificuldade da execução técnica que a investigação implique mas, provavelmente, pelas sensibilidades que desafia e fere.
Não adianta lamentar. Não adianta constatar o facto. É preciso reinverter as pirâmides de necessidades e de valores.
Para espectadores e jogadores de poker, já bastamos nós.

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