quarta-feira, novembro 12, 2008

A matemática das coisas

Imagem daqui
Será que este mundo, tal como o conhecemos hoje, seria o mesmo se em vez dos números que utilizamos nas nossas contas e nos cálculos matemáticos, físico-químicos ou financeiros que nos ditam o destino, fossem outros?
Como seriam as relações entre as coisas e mesmo entre as pessoas se a origem da contagem não fosse o 1, se não existissem relações binárias como hoje as entendemos e conhecemos?
Ou seja, se a base de todos os cálculos fosse outra, será que estaríamos a viver esta crise, que não é só financeira, do mesmo modo?
Às vezes, pela boca dos políticos, somos levados a crer que não usamos de facto a mesma base numérica para o cálculo de despesas ou das receitas, do deficit orçamental, da inflação, do crescimento económico ou da recessão.
A relatividade das coisas baseia-se nos valores tomados como padrão para as aferir e comparar. É neles que nos baseamos para avaliar coisas e pessoas. Para elaborarmos escalas de medição, aparelhos de medida, definição de parâmetros normais de funcionamento de máquinas, equipamentos e até dos nossos órgãos.
Como descortinaríamos se a nossa tensão arterial estava alta ou baixa? Que a nossa prestação sexual se encontrava nos valores médios para a idade? Se temos uma maior probabilidade de padecer e morrer de cancro em função do que comemos, bebemos, fumamos ou simplesmente herdámos geneticamente?
Como determinaríamos o deficit democrático em que vivemos se não tivéssemos estabelecido constitucionalmente os padrões que nos permitem avaliá-lo para o rejeitar, se assim entendermos.
Estamos entregues aos números que criámos para nos marcar o início e o fim de todas as coisas, através do tempo decorrido ou do alcançar de níveis estabelecidos.
Mesmo depois de mortos, a contagem não pára.
Por favor, arranjem outra base de cálculo mais humana, menos invasiva do nosso direito de viver e ser feliz.
Esta matemática já não serve!

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1 Comments:

Blogger José Cruz said...

Caro FJ
Recentemente, muito recentemente, dicas de camaradas fizeram-me descobrir este blog. Hoje acedi a ele e quase não acabo de ir andando para trás a lê-lo.
Um conteúdo sempre interessante e não raras vezes profundo, embalado por um invólucro de escrita escorreita e tratamento de luxo à língua portuguesa, prende quem por ele passa.
Como condimento, a ironia e o humor, mestiços do cruzamento de marinheiro e alentejano.
No concreto e só para não ficar calado, a propósito desta "Matemática das coisas", que tem pano para mangas, diria que o mal não está nas "grandezas" como entidades, de que os números são apenas representações perceptíveis e úteis ao homem, mas sim na sua manipulação.
A numeração actual, dita árabe, é o momento presente de uma longa caminhada através do processo de contagem. Pensa no que seria fazer simples multiplicações ou divisões com a numeração romana.
Votos de longa vida ao teu blog e aos teus comentários.
Aceita um abraço do
Nunes da Cruz

27/11/08 14:57  

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