terça-feira, agosto 12, 2008

É preciso acreditar

Sempre acreditámos nas nossas capacidades para vaticinar resultados sejam eles do Totobola, do Totoloto e mais recentemente do Euromilhões.
Depois, acreditamos sempre que o Benfica ou o Sporting sejam capazes de desfeitear o Porto no campeonato ou na liga, como agora é designada a compita futebolística nacional.
Tudo isto contém muito mais de fé do que razoabilidade, que uma apreciação desapaixonada contrariaria por um lado as probabilidades e por outro a capacidade técnico-futebolística das três equipas em apreço.
Mas, mesmo assim, acreditamos sempre nos milagres de Fátima, ainda que crentes não sejamos.
Pois bem, continuando nesta perspectiva, não deixámos de acreditar que a selecção do Sr. Scolari arrecadaria um título europeu ou mesmo mundial. Agora nas Olimpíadas chegámos a pensar em sete ou oito medalhas, de ouro claro, já que a prata ou o bronze não dão para cobrir o défice orçamental.
E as desilusões não acabam. E outras se lhe seguirão. Porquê?
Se pensarmos, talvez percebamos que somos dez milhões de almas penadas, na sua maioria velhos e reformados, que não servem para participar em competições a não ser de copos, bisca lambida ou vermelhinha. A China por exemplo, tem mais de mil milhões de habitantes para seleccionar quem os represente.
É sina nossa acreditar.
Acreditámos que seria possível fazer um país mais justo e mais fraterno e não conseguimos mais do que, nalguns casos, agravar as situações de desigualdade. Desigualdade de oportunidades, já que se continua a dar preferência a amigos dos amigos. Desigualdade social porque cavamos, cada vez mais fundo, o fosso que separa os ricos e pobres fazendo desaparecer quase por completo a classe média trabalhadora e empreendedora. Desigualdade de tratamento em termos humanos e morais, subvertendo princípios constitucionais de direitos humanos de liberdade de expressão, de acesso à saúde, ao ensino e ao trabalho, obrigando muitos jovens a procurar na marginalidade solução para problemas que os afligem.
Hoje, também deixámos de acreditar nos Serviços Meteorológicos, porque não foram capazes de atinar com uma previsão correcta.
Apesar disto tudo, eu continuo a acreditar em nós! Porquê?
Porque sou teimoso e descendente, como também agora descobri, dos Alanos!

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