quinta-feira, agosto 14, 2008

Os Lilliputianos


Há já alguns anos, Lisboa ainda era uma cidade calma e serena, em que a marginalidade violenta se resumia a uns quantos “filhos maus de famílias boas”, que usavam e abusavam da sua qualidade de meninos ricos a quem tudo era permitido e que o maior risco que corriam era passar uma noite no xelindró até que o paizinho ou a mãezinha o viesse buscar pela manhã, alertado pela Polícia.
Alguns movimentavam-se em grupo pela noite lisboeta, visitando tascas e bares nos bairros castiços, onde se cantava fado e bebia até desoras. Não perdiam a oportunidade de armar o seu salsifré, que acabava normalmente com umas cabeças partidas e uns dentes a menos.
Nesses grupos, normalmente um dos parceiros de baixa estatura era encarregado de promover a desordem, com provocações, levando os incautos a aventurarem-se na réplica por se acharem capazes de lhe aplicar uma correcção. Engano o deles, pois logo aparecia a matilha que os desfeiteava de pronto.
Julgo que será um bocado o que ora ocorre no Cáucaso.
Alguém assolou a Ossétia do Sul a rebelar-se contra a Geórgia ou vice-versa, por forma a criar um conflito que pusesse em causa a disciplina que a Rússia quer manter na sua área de influência e de interesses económicos.
Só que a matilha ainda não apareceu ou só agora começa a fazer soar o seu rosnar ao longe e o baixinho, ou melhor, os baixinhos é que se vão lixando.
Palpita-me, mesmo, que já não saem da liça sem os dentes todos partidos, um olho à Belenenses e não sei quantas costelas fendidas.
Isto tudo, enquanto se batem records olímpicos e mundiais a todo o momento, um pouco mais para leste, noutra contenda, essa muito mais dignificante.

Etiquetas: