quinta-feira, agosto 28, 2008

O Sangue da Terra


Já cheira a vindimas, por tudo que é sítio, neste Alentejo monocultural.
Dantes, eram as ceifas, as debulhas e os palheiros, hoje as vindimas, as adegas e os vinhos. Tudo, fruto do Sol. Deste sol escaldante que aloira o trigo adoça a uva e tempera a alma deste povo transtagano.
Como na Última Ceia, celebra-se o pão e o vinho. O corpo e o sangue desta gente, tantas vezes crucificada e sangrada.
As vindimas começam aqui mais cedo. A maior parte das adegas já abriu as suas portas ou está em via de as abrir. Embora grande parte das vindimas já se faça de forma mecânica, perduram ainda as que são feitas pelo processo tradicional de apanha manual, que animam as pequenas aldeias, chegando mesmo a ter que ser recrutada mão-de-obra de fora.
A azáfama nas adegas cooperativas é enorme, sendo necessário estabelecer prioridades na apanha e entrega da uva, para que não caia ali toda em simultâneo e crie entropia no sistema.
Nas adegas particulares tudo se faz de forma mais calma e ordeira, começando pelas castas mais precoces no amadurecimento até àquelas mais tardias, permitindo uma gestão mais eficaz dos meios humanos e materiais.
As minhas uvas ainda estão num estádio de amadurecimento incipiente, necessitando de mais um mês em cima para que se lhes conheça o açúcar.
Não vou poder esperar para adquirir a uva com que vou fazer o vinho este ano, que espero venha a ser bem melhor do que o do ano que passou.
Espero bem, que nos finais de Novembro, e parafraseando mais uma vez um camarada já desaparecido, possamos reunir-nos em torno das nossas crenças e descrenças, erguer os nossos copos e, em uníssono, dizer: - Oremos e decilitremos!

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2 Comments:

Blogger Manel said...

Grande Faustino

Um abraço

29/8/08 00:30  
Blogger JR said...

Um abraço para ti também Manel.
Vou cacinando de vez em quando, também.

29/8/08 19:32  

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