sexta-feira, agosto 22, 2008

O Gesto

Imagem daqui

Não é que aprecie a festa brava. Tão pouco a recrimino ou a não suporto. Habituei-me a vê-la desde miúdo e reconheço que existe muita gente que gosta e que faz dela um modo de vida ou, melhor, uma forma de estar na vida. Normalmente, bem!
Hoje, num noticiário sobre uma corrida de touros, não sei onde, os grupos de forcados foram desbaratados, e bem, pelos touros, tendo alguns deles ido parar ao hospital.
Queriam festa? Aí a tiveram!
No meio das imagens de forcados a ir ao ar, a rebolar pelo chão da praça empurrados pelos brutos, uma cena houve que me tocou bem fundo, pelo que encerra de brio, espírito de entreajuda, camaradagem, coragem, abnegação.
O forcado da cara saíra mal tratado pelo touro, tendo ficado caído por terra sem dar acordo de si e o animal, que já o pisara, preparava-se para investir sobre ele de novo. É então que salta um homem do grupo, que se deita sobre ele, protegendo-o, tendo sofrido várias marradas, algumas com bastante violência, que teriam sido recebidas pelo companheiro maltratado.
Não é vulgar na vida alguém expor-se por nós, protegendo-nos das investidas dos nossos inimigos, sobretudo com risco da própria vida.
Só as situações de grande apuro fazem surgir atitudes desta natureza, que de alguma forma nos reconciliam com a nossa condição humana e solidária, tão afastada da nossa vivência diária de intriga, de paz podre ou violência criminal.
Da festa brava, à portuguesa, veio o gesto!

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