domingo, julho 06, 2008

O Engenho e a Arte


Haruki Murakami é de facto uma máquina de criar estórias a partir de qualquer coisa ou mesmo de coisa nenhuma. A simplicidade da escrita e a fluência narrativa fazem de qualquer assunto um motivo de magia.
A frescura do fantástico de mão dada com a torpeza do real. O insólito a par do plausível. Mas sempre, sempre a emoção da leitura, da busca dos limites, a navegação estimada em detrimento da navegação à vista.
Perdendo-se para logo se encontrar, derivando para de seguida se redireccionar, escalando para de pronto descambar, enrolando só pelo prazer de depois desenrolar.
Os títulos são outro prodígio de criatitividade. Envolvem mais do que uma ideia, mais do que um nome ou uma referência. Eles são um propósito, um itinerário mental, às vezes um louco devaneio.
Os contos, mesmo quando escritos na terceira pessoa, ressoam a experiências pessoais aureoladas por uma fantasia derivante.
É uma das minhas preferências em termos de leitura de férias, descontraída, fresca, mágica.

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