quarta-feira, julho 09, 2008

Fim de Férias à vista

O Verão retornou com sabor algarvio – quente e pegajoso.
A minha qualidade de sequeiro já começa a enfastiar-se com tanta água.
A rotina já invadiu a minha privacidade não me deixando escapatória. Necessito voltar à rotina anterior para fugir a esta.
A própria leitura que tanto gozo me deu também está a precisar de ir de férias.
No meio disto tudo resta-me a consolação de ter tirado férias de política e de futebol. Não vejo noticiários e apenas faço as palavras cruzadas dos jornais, vejo as horas das marés e o estado do tempo para o dia seguinte.
Nem ao menos existem muitas razões para estar atento na praia, a ver quem passa. É um desfile de misérias.
Acho, no entanto, corajoso a forma como algumas pessoas expõem a sua natureza à apreciação dos outros. Será que se perdeu a noção do equilíbrio e do belo?
Será que já não interessa nada do que se vê? E sobretudo do que se não vê? Como é que as pessoas lidam hoje com a sua própria estética? E com a sua sexualidade?
Claro que já me preocupei mais com este assunto do que me preocupo hoje, mas não deixo de achar que é um aspecto importante da vida das pessoas que julgo está descurado ou mal entendido.
As pessoas têm obrigação, do meu ponto de vista, de se fazerem agradar aos outros, aos que lhe estão próximos e a elas mesmas. São animais sociais. Têm que se procurar e se encontrar e o que vejo mais são atitudes contrárias, de repulsa através de presença física mal cuidada, de comportamentos excessivos e despropositados.
Numa palavra, a cultura do vazio ou, se se quiser, do nu por dentro e por fora.
Perdeu-se o interesse de descobrir, a ternura de partilhar e o encanto de sonhar.
Posso acabar as férias, já!

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