terça-feira, abril 29, 2008

Operação Ciclóstomo


Com o Tejo serpenteando pela lezíria e o doce balançar ritmado do pouca terra, pouca terra, lá fomos pondo a escrita em dia sobre as doenças que nos afectam e que não são só do corpo como também da alma.
Uma pausa na conversa para olhar de perto o Castelo de Almourol, uma pequena paragem em Constância e de novo o balanço do comboio.
Destino, desta vez, Belver. A barragem, ou melhor, o restaurante da barragem de Belver, mesmo no apeadeiro.
E começou o sacrifício de vencer o magnífico arroz de cabidela de “ciclóstomo”, isto é, de lampreia, especialmente encomendada e preparada para nós. À maneira! Não sei bem de quê ou de quem, porque já comi de várias maneiras, umas boas e outras más. Esta, magnífica.
Houve quem se não atrevesse nesta empreitada e tivesse optado pela açorda de sável. Mas eu enfrentei o bicho.
É curioso, como tão perto de Lisboa e tão longe dos santuários tradicionais deste especímen, se consegue uma iguaria de fazer inveja a qualquer minhoto.
Após o repasto, que foi farto, um olhar sobre a paisagem envolvente da barragem, calma, sugerindo um giboiar que o horário de regresso do comboio não permitiu.
Este “regional de vai a todas”, é confortável, permite um olhar sereno sobre a paisagem fugidia e tem a vantagem de nos trazer de volta sem constrangimentos nem receios de ultrapassagens inacabadas, de curvas mal desenhadas ou de despistes bem conseguidos.
A conversa de regresso foi mais animada, esquecidas que foram as enxaquecas, as colites, a ciática ou as nódoas negras das “colhidas” governamentais.
No final, ao bom estilo da zona, depois da volta à arena, agradecemos aos tércios e abandonámos a praça, olhos postos, já, no próximo sacrifício.

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