sexta-feira, abril 04, 2008

O Desvio da Agulha


Estou de férias!
Perguntarão se não o estou sempre. Eu aceito o remoque. Estou de férias da pesca e da caça. Já dá para entender.
Isto tem desorientado o meu calendário virtual e a agulha padrão, já se me baralharam as referências. Já não sei às quantas ando.
Oriento-me agora mais pelas tarefas de jardinagem e hortícolas, que são como “aquelas coisinhas que não têm dia nem hora”, parafraseando o anúncio. A rega não dá feriados a partir de agora. Um pequeno descuido e é a morte do artista, isto é, dos viveiros de aromáticas, de melancia e melão, da relva e das plantas envasadas.
Retomei, depois dum pequeno interregno, as minhas caminhadas matinais entremeadas com pequenas corridas, assegurando que não pesarei cem quilos tão depressa e, por outro lado, ajudando a uma mais adequada circulação sanguínea.
Não posso variar muito os trajectos por causa do piso e dos acidentes do terreno, evitando dessa forma o dar cabo do resto das articulações.
Mas basta de lamúrias. Nem tudo é assim tão mau. Começo a apreciar a comida, coisa que nunca tive tempo para fazer. Comida simples e saborosa. Com muitas saladas e aromáticas, queijo fresco e pão. Pão a sério. Que me mata, mas a que não resisto. Saltiteio entre o pão alentejano da Confraria do Pão de Beja, com o da “Fermentopão” também de Beja e pão de mistura, “Pãosão”, do Museu do Pão. Não sei de qual gosto mais.
Descobri também um vinagre de framboesa que dá às saladas um gostinho irresistível. É óptimo!
Aproveitei também para ler um livro que adquirira, há já algum tempo, mais por ser escrito por dois camaradas e amigos e por estar directamente relacionado com o tristemente célebre episódio do Golpe Militar de Ansumane Mané, na Guiné, em 1998 do que propriamente como leitura de deleite, a que agora me dou mais.
Mas, para espanto meu, encontrei nele não apenas o Relatório de Estado Maior, documento rigoroso com que já contava, como também uma forma de apresentar os factos, os protagonistas e a trama político-mediática diferente, em jeito de crónica, embelezada por uma pena sensível.
E vão sendo assim os meus dias de não sei o que fazer, nesta início de Primavera como eu, dividido entre a chuva e o sol, entre o frio e o calor.

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