quarta-feira, março 26, 2008

Penso eu de que...

Imagem daqui

Por razões variadas, num curto espaço de tempo tive que deslocar-me a Lisboa uma série de vezes, o que me deixa sempre deprimido e extenuado. Já não estou habituado a bichas intermináveis de carros nos acessos e nas saídas da cidade.
Não tenho paciência e pergunto-me como fui capaz de o fazer anos a fio.
O tempo que as pessoas perdem nas suas deslocações diárias de e para o emprego, utilizado de outro modo, poderia converter-se numa fonte de rendimento para o país e para o bem-estar das famílias.
As mulheres chegam a casa e ainda têm, maioritariamente, o ónus dos trabalhos domésticos, prolongando a sua actividade laboral e o seu cansaço para além do aconselhável, quer em termos de saúde quer em termos de vivência própria. Ler um livro, ir a um teatro, fazer amor ou simplesmente ter sexo, passam a ter o sabor amargo do impraticável ou do sacrifício.
As relações deterioram-se e as roturas acontecem com uma frequência preocupante. Até já se podem fazer divórcios pela Net. Os filhos entregues a si próprios procuram muitas vezes distracções delituosas que se reflectem na forma de estar na escola e na vida.
A modernidade deixou de ter o sentido do equilíbrio natural, em que as pessoas se procuravam e se encontravam, para passarem a desencontrar-se de si e dos outros. Tudo se resume a uma espécie de jogo de computador, sem sentimentos, sem emoções, apenas com níveis diferentes de dificuldade, até a um limite impossível de atingir mas que obriga a muitos erros, muitas interrupções e muitos recomeços.
A vacuidade de espírito e de interesses é manifesta. Importa apenas parecer que se é importante, que se tem poder e dinheiro, que se gosta do mais caro mesmo que seja o mais feio e não seja o melhor. Importa ter uma pele esticada, uns lábios de não sei quê e umas mamas de silicone.
Importa parecer de que…

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