domingo, março 30, 2008

Meio Bilhete para Lloret de Mar

Ontem fui ao Teatro. Bilhete de Idoso.
Pela primeira tive que reconhecer publicamente o facto que tanto temia se viesse a descobrir. Ingressei na categoria social dos velhos. Daqueles de quem já se não espera coisa alguma. Que estão a cair da tripeça. Que são um peso para a sociedade com as suas doenças, as suas lamúrias, as suas memórias.
Daqueles que não entendem a necessidade de ir a Espanha, numa excursão de finalistas do ensino secundário, para agarrar uma cardina e ser manchete de jornais e televisões. Porque não fazê-lo cá em casa? Saía mais barato e o resultado o mesmo. Bebedeira é igual em qualquer parte do mundo. Só a ressaca é que varia.
Mas, pergunta o coroa chato, qual o prazer de apanhar uma “cadela”, uma “perua”, um “pifão”? Ficar com a vista toldada, com as faculdades mentais diminuídas, náuseas e vomitórios…
Eu sei, eu sei que para estar aqui a falar nestes termos também já devo ter passado por ela. Claro! Mas não foi preciso ir a Espanha!
Todos os anos, no 1º de Dezembro, em Évora, se fazia uma noitada prolongada até ao nascer do Sol, com ceia, guitarradas, serenatas e copos, muitos copos.Às vezes o caldeirão entornava.
Recordo uma dessas vezes, em que já meio tocado me lembrei de tomar uma pastilha de AlkaSeltzer, efervescente, que era suposto deixar derregar em meio copo de água antes de fazer a lavagem estomacal.
Era, de resto, uma pastilha de dimensões bastante grandes, para não ser confundida com uma qualquer aspirina, mesmo em tempo de "percepções" difíceis. Mau grado isso, tomei-a como se de um comprimido vulgar se tratasse, tendo ficado encalhada no gorgomilo, efervescendo com a água usada para a engolir, largando bolhas que me saíam pelas narinas, quase me sufocando.
Não, definitivamente, não é uma coisa bonita de se fazer essa de beber excessivamente.
Os portugueses sempre beberam mal. Isto é! Sempre beberam em demasia, para além daquilo que é razoável em termos de prazer retirado do acto, descurando levianamente as consequências dolorosas para si, para a família e duma forma geral para a sociedade onde estão inseridos.
Desde muito novo criei uma regra, que cumpro quase religiosamente. Só bebo em companhia. Tento não beber para além daquilo que me dá prazer e gosto e não me inibe do desfrutar a companhia.
Bebam bem! É o conselho dum idoso!

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