terça-feira, dezembro 04, 2007

Coro sem cor


Nunca gostei de fazer coro em torno fosse do que fosse. Acho que os movimentos de opinião são duma maneira geral conduzidos e que as pessoas de forma inadvertida tendem a fazer coro, sem disso se darem conta.
Como as claques defendem a clubite irracionalmente, assim os coros seguem a música sem reparar na letra.
Não excluindo os grupos de todo, que julgo fundamentais na organização social e político-partidária, gosto, sim, de escutar atentamente as vozes que se levantam, analisar as questões ou a situação e reagir solidariamente ou não.
Ultimamente, sinto-me a engrossar o coro da insatisfação política, de forma quase visceral, porque existem coisas que tocam profundamente comigo, nomeadamente a falta de qualquer ponta de humanismo na determinação das políticas económicas e sociais, tanto mais sendo o partido do governo o partido socialista, em que este tipo de preocupações deveria constituir trave mestra.
Reduzir todas as questões de governo a gestão de números, faz pensar que podem facilmente riscar-se números que signifiquem pessoas, como se de erros se tratasse. Se para reduzir o défice houver que riscar do mapa X pessoas, pois então que se risquem.
Como? Reduzindo o seu poder de compra, colocando-as no desemprego, reduzindo os apoios sociais e de assistência na doença, aumentando-lhes os impostos indirectos nos bens essenciais.
Empobrecendo-as física e moralmente. Obrigando-as a aceitar tudo como se de uma “benesse” se tratasse. Recolocando-as na base da pirâmide de necessidades, não as deixando ver mais longe do que à distância dum braço estendido à caridade.
Se a Europa custa isto, que se lixe a Europa! Se a democracia que nos querem impor é esta, que se lixe a democracia! Se socialismo é isto, que se lixe o socialismo!
Por outras palavras, se isto é conduto antes quero pão seco!

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