sexta-feira, dezembro 28, 2007

Benazir Bhutto

Há muitos anos, em Moçambique, a bordo do Bartolomeu Dias, embarcámos um dos primeiros destacamentos de fuzileiros que foram enviados para aquelas paragens e que iniciava a sua comissão.
O seu comandante, camarada que muito prezo, não fazia depender da sorte o destino dos seus homens e, mesmo a bordo, durante uma viagem de alguns dias até Porto Amélia, onde os largámos, nunca deixou de os manter sob instrução, fosse ela de ginástica praticada no exíguo espaço do velho aviso de 1ªa classe, fosse de palestras sob os mais variados aspectos, quer operacionais, quer de vivência em grupo.
Um dos oficiais do navio, com jeito para o desenho, ajudou a ilustrar alguns cartazes que haveriam de ser distribuídos pelas instalações onde o destacamento iria acantonar-se.
Recordo dois ou três, francamente bem ilustrados, de que destaco um:
A guerra é já de si violenta. Não a faças mais do que já é.
Serviu este apontamento para realçar a necessidade de diminuir a violência que grassa por todo o mundo e que se manifesta das mais variadas formas e muitas vezes em nome de Deus, seja este qual for.
Os homens e sobretudo os jovens, são tentados a colocar toda a sua generosidade e de alguma maneira também a sua ingenuidade ao serviço de clãs, aureolados pelo poder divino ou terreno, e que nem sempre o exercem a favor de razões ou causas nobres.
É a política que faz a guerra e, como tal, é já de si violenta. Não só porque dá legitimidade aos órgãos instituídos para exercerem o poder, muitas vezes discriminatório e sempre contestado, como também serve de escudo para coarctarem, de forma criminosa, o direito de o contrapor.
A morte por atentado de Benazir Bhutto, vem apenas dar realce ao que vai acontecendo todos os dias um pouco por todo o lado e muito no Iraque e no Médio Oriente e de que já nos habituámos a reconhecer nos noticiários como causa de morte natural.
Em África morre-se um pouco por causa de tudo, da violência também e da política certamente.
Senhores políticos, a Política já é de si violenta!
Não a façam pior e mais violenta do que já é!

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