domingo, outubro 28, 2007

Muda a hora...não muda o tempo!

A vida moderna implica alteração da hora, adaptando os horários de trabalho à luz do dia.
Nem sempre terá sido assim.
Tempo houve em que o período de trabalho útil, no campo, era de sol a sol. Isto é, do nascer do sol ao pôr do mesmo.
Que interessava mudar a hora? Tinha sido necessário era mudar o Sol.
De Verão, trabalhava-se mais tempo pelo mesmo dinheiro de Inverno. Acabados os trabalhos de campo, ceifas, debulha, recolha e armazenamento de palhas e fenos, os patrões aproveitavam este período de dias longos para fazer todos os outros trabalhos nos montes e instalações de apoio.
De Inverno, só as tarefas fundamentais eram feitas e muitas vezes reduzidos os salários por oferta excessiva de mão de obra. O trabalho não rendia para o patrão.
A mudança de hora visa também diminuir gastos energéticos, com iluminação artificial em alguns locais de trabalho. Mais cosmética do que ganhos efectivos.
O facto de mudar a hora não nos muda a vida, apenas os hábitos.
Na nossa mania de tudo medir, arranjámos uma máquina de matar, tremenda, horrorosa – a medição e contagem do tempo.
O stress é sobretudo motivado pelo cumprimento de horários de trabalho, de transporte, de levar e buscar os filhos ou os netos à escola, de fazer horas suplementares para ganhar mais alguma coisa, num frenesi que nos vai desgastando por dentro e por fora.
A luta contra o tempo, passa por programar a vida de fio a pavio, por odiar a pequenez dos meses face à grandeza dos salários, pela enormidade do período de trabalho face à insignificância dos tempos de lazer. Nas cidades grandes, este problema agrava-se com as condições de alojamento e da poluição sonora e do ar que se respira.
Mudar a hora, significa apenas mudar a marca do tempo um furo mais acima ou mais abaixo.
A monotonia da contagem do tempo só tem paralelo na monotonia de esperar por melhores tempos para este país e suas gentes.

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