terça-feira, outubro 16, 2007

Discutir o Sexo dos Anjos

Já não tenho pachorra para ouvir discussões que não levam a lado nenhum, sobretudo quando dos assuntos não existe distanciamento suficiente para opiniões desapaixonadas. Guerra justa ou injusta? Não há guerras justas!
Províncias ultramarinas ou colónias? Em que é que isso contribui para alterar o problema?
Gerimos mal os territórios e, portanto e até só por isso, merecíamos de lá ter saído. Os Árabes estiveram na Península Ibérica durante oito séculos, geriram-na melhor do que nós os territórios africanos, onde apenas estivemos cerca de cinco, e acabaram por ser corridos.
Porque eram doutra cor, porque tinham uma religião que não foi aqui entendida, porque a língua não foi elemento aglutinador como foi o Português em África, porque não impuseram a sua cultura.
Não há que estranhar, que coisas dessas conduzam a um mesmo fim. E de forma semelhante. Com guerra que nós considerámos sempre justa e certamente eles injusta. Portugal foi construído sobre essa guerra, do mesmo modo que os novos países africanos, saídos das ex-colónias ou das ex-províncias ultramarinas.
Para o país ocupante a guerra é sempre parcial ao passo que para os ocupados a guerra é sempre total. Só desse modo se podem justificar desaires dos melhores exércitos do mundo em confronto com exércitos mal equipados mas com uma arma mortífera tremenda – a vontade de ganhar e pôr o inimigo em debandada dali para fora. Assim aconteceu aos Estados Unidos no Vietname, está a acontecer no Iraque e se passou com a ex-União Soviética no Afeganistão.
Somos grandes ou pequenos no modo como gerimos as nossas vitórias e as nossas derrotas, os nossos êxitos ou os nossos desaires.
Do meu ponto de vista só conseguimos gerir bem um território ultramarino e não por mérito unicamente nosso. O Brasil foi desenvolvido e transformou-se rapidamente num território grandioso, tornando-se impossível governá-lo a partir de Lisboa o que se tornou muito mais evidente quando a corte ali se refugiou.
Se tivesse havido um olhar diferente em relação aos restantes territórios, talvez a realidade tivesse sido outra, com desfecho provavelmente diverso.
Hoje, há apenas que lamber as feridas que ficaram e ter em relação às ex-colónias um olhar sereno, ajudando os novos países a encontrarem o equilíbrio de que necessitam para o seu desenvolvimento e partilhar com eles a nossa memória comum.
Deixámos a língua, deixámos algumas saudades em alguns aspectos e é bom que seja possível estreitar os laços que quase desfizemos com a guerra.
É cedo para fazer outros balanços.

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1 Comments:

Blogger platero said...

boa an�lise, � chefe

abra�o

16/10/07 13:56  

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