sábado, setembro 08, 2007

Quem vê estátuas não vê corações

Qual será a razão que nos leva a insistir na imagem que criámos dos outros, de nós mesmos, de tudo aquilo que nos rodeia, como se estivéssemos parados no tempo, não nos dando conta de que as coisas à nossa volta mudaram? Nem sempre e nem tudo para melhor, mas mudaram!
Mudaram os homens, mudaram as mulheres, mudou a relação que entre eles existia, mudaram os países, com mais não sei quantos de que o último, julgo eu, ser um que está ligado à nossa História Colonial.
Éramos enormes, hoje somos pequenos, reduzidos que fomos à nossa expressão mais simples.
Entendemos que os novos países haveriam de constituir-se à nossa imagem, esquecendo a realidade cultural, étnica e de enquadramento territorial, que em nada se coaduna com a nossa noção de democracia parlamentar.
Julgo que a grandeza está na forma como abordamos os problemas, como os analisamos e como arranjamos as melhores soluções para os resolver.
Inteligência é ter a capacidade para perceber o que está mal, aceitá-lo com naturalidade e mudar.
Mas há pessoas que nunca mudam a sua forma de pensar e de estar no mundo, convencidos que estão de serem detentores da verdade universal, salvadores da Pátria. Cavaleiros andantes dos tempos modernos, que nunca aceitaram bem as mudanças que à sua volta se processaram e que não descansam enquanto não repuserem a sua verdade dos factos. Tomaram essas mudanças como derrotas pessoais, delas fizeram o seu Santo Graal e constituíram-se defensores do Templo.
Neles, julgo poder enquadrar um camarada, protagonista recente dum incidente que mereceu honras de primeira página dos jornais. Triste incidente, a ser verdade. No entanto, assaltam-me dúvidas de que o incidente não tenha sido apenas uma razão, tão absurda quanto outras por ele engendradas durante o período colonial, para atingir objectivos bem diferentes.
Uma estátua não é coisa que se meta no bolso de trás das calças. Diria mais, uma estátua dum presidente americano parece-me que, para um "marchand" como a pessoa em apreço, nem será negócio tentador.
Mas se a sua actividade, ocupando uma parte importante da população local, encapotasse intenções diferentes, que melhor solução senão arranjar um incidente através dum pretexto do género, para lhe coartar movimentos ou impedi-lo de permanecer no País?
É mais entendível para mim uma situação destas. Não vejo a pessoa em questão a roubar estátuas, a não ser…por encomenda!

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