segunda-feira, julho 16, 2007

A serena inquietude

Imagem daqui

O ir de férias não tem mais sentido para mim.
Sabe no entanto bem sair da rotina, viajar, revisitar o mar, agora pelo lado de terra, deixar o tempo correr sem preocupações de atrasos, sem sabor a perdas.
Esta fase da vida tem aspectos menos bons, relacionados essencialmente com a idade, como a saúde e a consciencialização definitiva da nossa mortalidade. Mas tem outros aspectos compensadores como a gestão humanizada do tempo restante, a interiorização do nosso olhar tantos anos virados só para o exterior, quando não para a bancada e a concretização de alguns dos sonhos que nos iluminaram a juventude.
A contemplação é um privilégio que só a idade permite, porque requer disponibilidade, precisa de atenção total, impõe entrega desinteressada, alimenta-se de serenidade e suavidade, longe das paixões arrebatadoras da juventude.
O regresso à leitura e a intrusão nas novas tecnologias, permitindo alargar horizontes e trocar experiências com a rapidez que o pouco tempo nos impõe, são hoje companheiros inseparáveis.
Uma nova dimensão emprestada pelo Verão para animar a paisagem interior, com a juventude dos netos como projecção da que já foi nossa.
Os encontros com as pessoas e os lugares ganham contornos diferentes com este olhar a um tempo próximo e distante.
O mar é tónico bastante para fazer despertar a fantasia e os afectos entorpecidos pela rotina.
A brisa marítima retempera os ânimos, inquieta o espírito e apela à bolina cerrada.

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