sexta-feira, junho 22, 2007

O dom da leitura fantástica

Acabei o segundo livro que leio deste escritor japonês, Haruki Murakami, estranho como o anterior, mas interessante também.
Os nossos fantasmas tornados realidade na vivência do dia a dia, lado a lado, como a nossa sombra.
No Ocidente, só as crianças têm coragem de ter amigos imaginários, com quem partilham segredos e aventuras.
Ao exaltar estes estádios de alma, levando-os a impor as suas regras, a ditar o nosso destino, o autor empurra-nos para uma plataforma mística, em que os sentimentos, sonhos, delírios e anseios se confundem, como numa prece ou num holograma, reflectindo-se e criando formas virtuais, que nos encantam ou nos apavoram.
Escrever com palavras simples e sem grandes alegorias o que nos vai na alma, não é tarefa fácil.
Faz bem, de vez em quando, navegar por águas menos claras para o nosso espírito pragmático, rectilíneo e sem magia. É gratificante experimentar vestir o casaco do avesso e atravessar a praça pública. Sentir o ridículo, na apreciação dos nossos pares, pelo trabalho que desenvolvemos e ficar feliz com isso.
Ir a Roma, propositadamente, para não ver o Papa!
Ao falarmos connosco, aprendemos coisas extraordinárias.
Ao retomar a conversa com o nosso amigo imaginário, que tínhamos deixado abandonado, nos bancos da escola, junto com o Menino Jesus, mais recentemente Pai Natal, e tudo aquilo que nos fazia feliz, rejuvenescemos.
É esse reencontro que hoje celebro, com toda a magia que encerra.

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